segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Goiás vence, e Corinthians entra em crise com quatro jogos sem vencer

Fernando Dantas/Gazeta Press
Pato encontrou dificuldades diante da marcação do Goiás
Pato encontrou dificuldades diante da marcação do Goiás
O Goiás mostrou neste domingo algo que o Corinthians não consegue há quatro jogos. Eficiência. Aproveitando-se bem das chances que teve, o clube goiano venceu por 2 a 1, no Pacaembu, e colocou o Corinthians, definitivamente, em crise.

Uma crise que se esconde com a pontuação razoável na tabela de classificação, mas que foi mostrada pela reação implacável da torcida no Pacaembu.

O campeão mundial de 2012 foi vaiado após o apito final. A torcida gritou "que saudade, quando o Corinthians jogava com vontade".
O resultado, construído com gols de Hugo e Amaral, leva os goianos a 29 pontos, cada vez mais distantes da zona de rebaixamento, cada vez mais perto do objetivo de se manter na Série A no retorno à elite.

Foi a primeira vez nos últimos 4 meses - ou 31 jogos - que o clube comandado por Tite não levava dois gols em uma partida. A última vez foi diante do Linense, pelo Campeonato Paulista.
A derrota coloca o Corinthians, 30 pontos, definitivamente em crise. Crise porque são quatro jogos sem vitória. Crise porque são quatro jogos sem mostrar o futebol de um campeão mundial.
Crise porque, a 16 pontos do líder Cruzeiro, o Corinthians está fora da briga pelo título. Até a  vaga na Libertadores começa a distante - a diferença para o G-4 é de cinco pontos.
quando visitará a Ponte Preta em jogo marcado para as 21h50 (de Brasília), em Campinas. Já o Goiás, atual campeão da Série B, tenta embalar mais uma vez no Paraná, diante do Coritiba, às 21 horas de quarta-feira.

Gazeta Press
Amaral comemora o segundo gol do Goiás no Pacaembu
Amaral comemora o segundo gol do Goiás no Pacaembu

O jogo -
 O Corinthians precisou de menos de três minutos para mostrar sua maior deficiência: colocar a bola nas redes. Alexandre Pato, reforço mais caro da temporada no futebol brasileiro, foi o símbolo disso. Primeiro, prendeu a bola limpando cinco defensores com dribles curtos e lentos, perdendo a bola sem decidir entre chutar e tocar. Um minuto depois, sua finta deu certo diante do zagueiro Rodrigo, mas ele isolou.

Os vacilos individuais do camisa 7 eram prejudiciais também porque o atacante era o alvo das jogadas de ataque, aproveitando-se bem da marcação do veterano lateral direito Vitor, enquanto Romarinho ficava preso na ponta direita e Guerrero não conseguia encontrar espaços. Douglas, que poderia tornar todos como boa opção, jogava afastado dos colegas.
Não bastassem os problemas ofensivos, o clube paulista também sofria com dificuldades físicas. Com menos de oito minutos, Alessandro sentiu dores e acabou complicando a criatividade alvinegra. Edenilson foi deslocado para a lateral direita e Ibson entrou no meio-campo como se fosse um marcador do Goiás, pois tratava as trocas de passes.
Ibson também complicava defensivamente. Os jogadores do time do Centro-Oeste cansaram de desarmá-lo com facilidade e, assim, executaram com tranquilidade o plano de seu técnico. A equipe alviverde se espalhou no gramado, forçando o Corinthians a lançar para Pato, que dificilmente levava a bola à frente com perigo, e facilmente percebeu que poderia surpreender jogando com velocidade nas costas dos laterais de Tite.
Tão irritado quanto a torcida, Tite ordenou que Douglas estivesse mais próximos dos atacantes, mesmo que, para isso, os três jogadores mais ofensivos recuassem para iniciar um toque de bola rápido. Assim, Romarinho teve espaço para chutar com perigo e Guerrero voltou a ser alvo de cruzamentos para assustar o goleiro Renan.
O Goiás até conseguiu assustar em cabeçada de Walter na pequena área que desviou em Fábio Santos, mas o Corinthians tinha o controle do jogo, e no seu campo do ataque. Se Ibson estava ‘anulado', Pato apareceu mais, o que não foi uma boa notícia. Aos 43 minutos, na cara do goleiro após troca de passes na grande área adversária, o camisa 7, na cara do goleiro, que já estava caído, isolou mais uma vez.
O lance do caro ex-jogador do Milan só serviu para irritar ainda mais os torcedores, que chegaram a vaiar o time no intervalo e, na volta para o segundo tempo, adotaram cânticos de cobrança por um jogo melhor. Tite, mais uma vez, só trocou por lesão: Fábio Santos, responsável por um corredor para o Goiás atacar, foi trocado por Igor, que, em menos de um minuto, deu mais trabalho ao rival atacando.
Mas as dificuldades ofensivas já não eram mais o principal problema corintiano neste domingo. O Goiás preencheu seu meio-campo isolando Douglas e o trio da frente, frequentando o campo corintiano em busca de um erro dos comandados de Tite. Aos oito minutos, Walter conseguiu espaço para cabecear forte e só parar na defesa de Cássio.
Aos 11 minutos, entretanto, a falha alvinegra foi fatal. Renan Ribeiro teve tranquilidade para deixar a bola com Hugo, que se aproveitou da frágil marcação de Paulo André na grande área para só ter o trabalho de bater na saída de Cássio, balançando as redes e aumentando a indignação corintiana no Pacaembu.
Gil, um dos poucos com atuação convincente entre os que vestiam preto e branco neste domingo, resolveu agir. Aos 16 minutos, apareceu na área e bateu forte, só não empatando porque Rodrigo conseguiu salvar o Goiás em cima da linha. Logo após o lance, Tite mostrou toda sua irritação com a postura de Paulo André no gol goiano ao trocá-lo por Sheik, avançando o time e recuando Ralf para a zaga.
O camisa 11, porém, logo mostrou que não seria a solução. Aos 18 minutos, Gil, mais uma vez, virou arma ofensiva, mas lançando com precisão para Romarinho dominar na grande área, deixar um rival no chão e chutar para Renan executar excelente defesa. No rebote, o atacante chutou torto, mas a bola foi ao encontra de Sheik, que estava livre na pequena área, com o gol vazio, e furou. As cadeiras e arquibancadas do Pacaembu sofreram com os chutes e socos de corintianos que não acreditavam no que viam.
Por mais meia hora, os torcedores se olhavam enquanto não fixavam os olhos no campo, xingando ou buscando uma explicação para a incapacidade de seu time em fazer gols. O Goiás, tranquilo, foi reforçando sua marcação com as substituições e desperdiçando contra-ataques.
Até que o sentimento de alívio dominou o Pacaembu. Aos 32 minutos, Douglas cobrou falta da lateral esquerda, Gil desviou e a bola bateu em Alexandre Pato. No caminho, diante da dificuldade corintiana em marcar gols, ela ainda teve que resvalar em Ramon, do Goiás, antes de balançar as redes.
Animado, o Corinthians acelerou suas jogadas mais uma vez, mas foi o Goiás que saiu satisfeito de campo, além da sua vontade de, ao menos, empatar. As falhas defensivas corintianas voltaram a aparecer e, aos 39 minutos, Amaral subiu sem nenhum incômodo para testar firme após cobrança de escanteio e definir a vitória esmeraldina.

FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 1 X 2 GOIÁS


Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 15 de setembro de 2013, domingo
Horário: 16h (de Brasília)
Público: 21.354 pagantes
Renda: R$ 672.836,50
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Guilherme Dias Camilo (MG) e José Javel Silveira (RS)
Cartões amarelos: Alexandre Pato e Ralf (Corinthians); Rodrigo (Goiás)

Gols: 
CORINTHIANS: Alexandre Pato, aos 32 minutos do segundo tempo
GOIÁS: Hugo, aos 11, e Amaral, aos 39 minutos do segundo tempo

CORINTHIANS: Cássio; Alessandro (Ibson), Gil, Paulo André (Emerson Sheik) e Fábio Santos (Igor); Ralf e Edenílson; Alexandre Pato, Douglas e Romarinho; Guerrero
Técnico: Tite

GOIÁS: Renan; Vitor, Ernando, Rodrigo e William Matheus; Amaral, David (Thiago Mendes), Renan Oliveira, Hugo (Dudu Cearense) e Roni (Ramon); Walter
Técnico: Enderson Moreira