terça-feira, 11 de outubro de 2011

Brasileiro Série B


20h30 Portuguesa 1x1 Boa
20h30 Americana 0x0 Náutico

Eliminatórias da Concacaf


17h00 Haiti 2x2 Curaçao Grupo F
18h00 T. e Tobago 4x0 Barbados Grupo B
18h00 Suriname 1x3 Rep. Dominicana Grupo A
20h00 Canadá 0x0 Porto Rico Grupo D
20h00 Antígua e Barbuda 10x0 Ilhas Virgens Americanas Grupo F
20h00 Bermudas 1x0 Guiana Grupo B
21h00 São Cristóvão e Névis 1x1 Santa Lúcia Grupo D
22h00 Panamá 5x1 Nicarágua Grupo C
22h30 El Salvador 4x0 Ilhas Cayman Grupo A
23h00 Guatemala 3x1 Belize Grupo E

Eliminatórias Sul-Americanas

17h00 Bolívia x Colômbia
19h45 Paraguai 1x1 Uruguai
19h45 Chile 4x2 Peru
21h50 Venezuela 1x0 Argentina

Amistosos


14h00 Estônia 0x2 Ucrânia
15h00 Guiné Equatorial 1x1 Camarões
15h30 Polônia 2x0 Belarus
16h00 Gana 0x0 Nigéria
20h00 Estados Unidos 0x1 Equador
22h30 México x Brasil
22h30 Honduras x Jamaica

Eliminatórias da Eurocopa


13h00 Cazaquistão 0x0 Áustria Grupo A
14h00 Alemanha 3x1 Bélgica Grupo A
14h00 Turquia 1x0 Azerbaijão Grupo A
14h00 Croácia 2x0 Letônia Grupo F
14h00 Geórgia 1x2 Grécia Grupo F
14h00 Malta 0x2 Israel Grupo F
14h45 Rússia 6x0 Andorra Grupo B
14h45 Irlanda 2x1 Armênia Grupo B
14h45 Macedônia 1x1 Eslováquia Grupo B
15h00 Suécia 3x2 Holanda Grupo E
15h00 Hungria 0x0 Finlândia Grupo E
15h00 Moldova 4x0 San Marino Grupo E
15h05 Bulgária 0x1 País de Gales Grupo G
15h15 Suíça 2x0 Montenegro Grupo G
15h15 Noruega 3x1 Chipre Grupo H
15h15 Dinamarca 2x1 Portugal Grupo H
15h45 Itália 3x0 Irlanda do Norte Grupo C
15h45 Eslovênia 1x0 Sérvia Grupo C
15h45 Espanha 3x1 Escócia Grupo I
15h45 Lituânia 1x4 Rep. Tcheca Grupo I
16h00 França 1x1 Bósnia-Herzegóvina Grupo D
16h00 Albânia 1x1 Romênia Grupo D

Corinthians de Tite e Fla de Luxa reagem em rodadas fundamentais

Antes de interromper a série de dez partidas sem vitória no Campeonato Brasileiro, o Flamengo vinha de dois empates. Então derrotou América, São Paulo e agora Fluminense. Nesse mesmo período, o Corinthians venceu o Bahia, empatou com o Vasco e bateu o Atlético Goianiense. Foram 16 pontos em 18 possíveis nas partidas das quais participaram as duas equipes.

Bottinelli comemora com Jael: virada no Fla-Flu e terceira vitória seguida
Bottinelli comemora com Jael: virada no Fla-Flu e terceira vitória seguida do time carioca
Foram os dois times que mais subiram na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro nessas últimas três rodadas. Os corintianos estavam dois pontos atrás do então líder, Vasco, enquanto os rubro-negros tinham oito a separá-los da primeira colocação. Hoje o Corinthians é o ponteiro e o Flamengo reduziu a distância da liderança pela metade, quatro.

Jogadores do Corinthians fazem corrente no centro do gramado: reação
Jogadores fazem corrente no centro do gramado: reação
Faltam dez rodadas e os times que duelaram pela liderança por um bom tempo voltam a demonstrar força. O alvinegro ao reassumir a primeira posição e os flameguistas com a presença na zona de classificação à Libertadores e a uma distância do líder que já não chegar a ser assustadora.

O Internacional também reduziu sua diferença em relação ao líder, mas ainda está a uma distância considerável. Confira a situação dos mais bem colocados após a 25ª rodada e agora?

Vasco - CAIU - Era líder, um ponto à frente do segundo colocado. É segundo, um ponto atrás do líder.
São Paulo - CAIU - Estava a um ponto apenas da primeria colocação. A distância agora é de quatro.
Botafogo - CAIU - Tinha dois pontos atrás do primeiro posto. Já são cinco. Tem um jogo a menos.
Corinthians - SUBIU - Tinha dois pontos a separá-lo da ponta, que recuperou, com um à frente.
Fluminense - CAIU - Eram seis os pontos de distância em relação ao líder. Ela aumentou para sete.
Flamengo - SUBIU - Tinha oito pontos de desvantagem para o primeiro. Ela hoje é de quatro.
Palmeiras - CAIU - Estava oito pontos atrás do líder, agora tem 11. E a seis da zona da Libertadores.
Internacional - SUBIU - Nove pontos separavam o time gaúcho da ponta. Agora são oito. 

México: retratos de uma tragédia

O Brasil enfrenta o México na casa do adversário, em Torreon. Mais alguns dias e teremos o Pan de Guadalajara, cidade tão brasileira desde 1970. Por alguns momentos, teremos o México novamente no noticiário por outras razões que não narcotráfico, mortes, decapitações, terrorismo...

É o México. O México rebelde, o México que povoa nossos corações e mentes desde sempre com uma das mais ricas histórias entre tantos países. Do território subtraído pelos Estados Unidos, da Revolução que inspirou o mundo por décadas, dos filmes, da cultura. Hoje tão tristemente mergulhado numa crise que vai transformando o país refém do narcotráfico. O país que, dito por um mexicano, como contamos no texto anterior, inaugurou a frase “tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos...”.

Rodei o país há alguns anos atrás dessas histórias e realidade nova. Da única forma que entendo esse ofício: com o pé na lama, ouvindo e conversando com todo mundo, sentado no pé-sujo, na estrada, na rua. Como contei da Costa Rica, publiquei essas lembranças desse México num site que era uma brincadeira séria de bons amigos, além de ter entrado a reportagem no DOC “Os Mercadores de Talentos”. Algumas dessas lembranças seguem abaixo. Relendo, voltam todos os personagens, suas dores e tragédias, tão claras ainda em minha mente. Os cheiros, as cores do México, as dores e as delícias, como diria o outro...


FAMINTOS DA AMÉRICA LATINA: UM PROBLEMA PARA O GUARDA DO PRÓXIMO TURNO


O velho relógio parece cansado de guerra, com preguiça de fazer o tempo passar. Preso a parede da rodoviária de Monterrey, no México, tem ponteiros lentos, como se avisassem a impossibilidade de andar mais rápido, talvez pelo calor do ambiente. São três horas da tarde. O guarda parece empurrar com os olhos os tais ponteiros, como quem reza para que mais um quarto de hora se passe. Às 15h15, o ônibus com direção a Nuevo Laredo, na fronteira com o estado americano do Texas, irá partir. Uma rápida conversa com o homem da lei e a curiosa pressa é entendida, ainda que não deixe de ser curiosa. Assim que o ônibus partir, o contingente de quarenta imigrantes ilegais deixa de ser um problema dele. Lava suas mãos, e torce para que o carro velho cruze logo a fronteira do estado de Nuevo Leon e adentre Tamaulipas, onde está a cidade de Nuevo Laredo. Uns duzentos e poucos quilômetros.

“Cumpadre, assim que cruzarem a divisa, são problema de outro estado. O colega de Tamaulipas que se ocupe. Aqui já não há lugar para tantos imigrantes ilegais a caminho dos Estados Unidos que chegam todos os dias. Tampouco as cadeias comportam mais. Nem prender estamos podendo mais. Quando partirem no ônibus, é problema de Tamaulipas”, conta, com absoluta normalidade, interrompida apenas com mais uma olhada para o relógio. No ano anterior foram 2.500 ilegais levados para as cadeias de Monterrey, acabando com os lugares para os criminosos daqui. Para que não exista dúvida sobre o que fala, ilustra com uma história definitiva.

“Você conhece a história do ônibus que fez um tour com dezenas de imigrantes ilegais? Saiu aqui da rodoviária de Monterrey. Andou 45 quilômetros, até o município de Doctor González, quando o carro foi detido com 42 pessoas. Hondurenhos, salvadorenhos, nicaragüenses, e até dois brasileiros, amigo”, frisa bem, parecendo se divertir com o interlocutor antes de continuar, não fosse a desgraça comum. “Levaram todos para a divisão de imigração. Não tinha lugar. Foram para a delegacia de Doctor González. Não tinha lugar. Levaram para San Nicolas, nos arredores. Imigração, polícia, nada. De novo para o ônibus e volta pra Monterrey. Imigração, polícia e como aqui é maior, Polícia Federal Preventiva. Nada. Levaram para o Parque Alamey, onde disseram ter uma cadeia com lugar. Chegou lá, o ônibus da véspera já tinha ocupado os lugares. Monterrey não tinha lugar tampouco. Bota no ônibus de novo e leva pro município de Santa Catarina, aqui perto. Sem lugar, volta pra Monterrey. Então aqui chegou a ordem: deixa seguirem pra Tamaulipas, que lá é problema deles. Agora, deixamos que sigam”, conta, sem conter uma longa risada, que explica a atual preguiça mesmo diante da certeza do contingente de indocumentados.

Finalmente o tempo percorre o tal quarto de hora. Sua missão do dia está cumprida: tocou o problema adiante. Por hoje, não existe mais problema, quer dizer, só no próximo ônibus, daqui a quatro horas. Mas esse já não é mais um problema dele, afinal, seu turno está acabando.
“Cumpadre, quando o próximo ônibus para Nuevo Laredo encostar, estarei diante da TV assistindo ao jogo dos Sultanes. O problema passa a ser do próximo guarda”, encerra novamente, pensando no beisebol da noite com absoluta normalidade, novamente interrompida apenas com mais uma olhada para o relógio.

O ônibus ganha a “carretera” e vai cortando o México. A paisagem da janela evoca alguma poesia, gatilho de lirismo certamente disparado com a visão da Sierra Madre. Impossível, diante da visão, não se perder em memórias e confundir realidade e ficção com a lembrança de Humprey Bogart cruzando aquelas matas em “O Tesouro de Sierra Madre”. As situações limites da condição humana, ambição, cobiça, vaidade, encenadas em um clássico de John Huston...Impossível não abandonar por algum tempo o outro drama da condição humana, todas as situações limites, fome, saudade, desespero, espalhados em carne e osso por 40 poltronas, vizinhos, ali, naquele expresso Monterrey-Nuevo Laredo. Por mais fortes que sejam as lembranças ativadas pela Sierra Madre, o drama da poltrona ao lado interrompe logo o olhar perdido.

A viagem segue, sempre acompanhando as eternizadas encostas da Sierra Madre. Qualquer conversa travada com os companheiros de viagem encontra sempre histórias parecidas. São salvadorenhos, hondurenhos, nicaragüenses, em busca de uma expressão que parece mágica em seus corações e mentes: “o sonho americano”, repetido freqüentemente por cada um, que sempre carrega alguma história de amigos ou parente embarcados nesse sonho: limpadores de banheiro, descascadores de batata, vistos como heróis para quem nada restou em seu próprio país.

O ônibus passa incólume pela primeira barreira de policiais, que indica a proximidade de Nuevo Laredo. Conhecedores da lógica daquele caminho explicam que é assim mesmo, por amostragem. O próximo ônibus deve ficar, mas ainda tem uma parada na aduana antes de chegar a última cidade da fronteira mais famosa do mundo, aquela que o divide em dois: ao norte, a primeira classe do planeta, ao sul, os de terceira.

Estão certos. O ônibus é parado na aduana. O que vem a seguir é uma grande ironia. Os únicos retirados: talvez os dois únicos com documentação legal ali. O repórter e o cinegrafista. O policial federal manda o ônibus seguir viagem, os dois ficam para interrogatório.

Uma salinha de dois metros quadrados é o palco. Quatro soldados estão ali. Pouco educados, querem saber que reportagem é aquela. Nada os convence. O claro temor é o de alguma reportagem investigativa sobre narcotráfico. Nuevo Laredo é o principal ponto de passagem da fronteira México-Estados Unidos. Trinta e seis por cento da atividade comercial entre os dois países passam por ali, e cerca de cinco mil carros por dia, além de passageiros a pé nas quatro pontes que estão acima do Rio Bravo (para os americanos, o rio se chama Rio Grande). Isso claro, sem contar os ilegais, muitos deles tristemente representados nas cruzes sobre a cerca que inibe passagem de ilegais. No ano passado, cerca de 400 morreram afogados, tentando cruzar o rio, mais de um por dia. Por ano, mais de 400 mil mexicanos deixam a pátria-mãe para tentar embarcar no tal sonho, fora outros tanto latino-americanos.

A resposta de estarmos ali para reportagem de esportes soa quase como um deboche para os quatro agentes. Mesmo sendo verdade, era difícil mesmo crer.

Nuevo Laredo é umas das regiões mais violentas do mundo. Fácil entender. A dois passos do paraíso do consumo das drogas, sua localização fronteiriça vale ouro. Em meio a disputa sangrenta do “Cartel do Golfo” e seu braço armado Los Zetas contra o rival “Cartel de Sinaloa”, vive uma cidade que deve ter sido pacata um dia.

Dominar Nuevo Laredo hoje é ter o controle das drogas que chegam aos Estados Unidos. Um negócio de riscos calculados, já que apenas 10% dos carros passam por revista, e um exército de imigrantes famintos está disponível para ser o portador das drogas na travessia.

Nesse cenário, onde recentemente todos os agentes da polícia foram afastados por indícios de envolvimento com o narcotráfico e corrupção, faz sentido que o jogo esteja pesado para dois jornalistas brasileiros alegando estarem em missão esportiva. Numa tentativa de afastar os intrusos, tentam um número que devem sempre repetir: mostram um jornal popular da cidade, com quatro presuntos decapitados na capa e dizem: “Olhem o que acontece com intrusos por aqui”. O esquete prossegue, ainda que meio canastrão, a própria novela mexicana. Discutem entre eles a melhor solução. Argumentam, dão risadas. Extraditar ou levar os repórteres para a prisão? Sem nada mais concreto amparando (como também se ali, naquele pedaço, fosse possível se fiar na legalidade das decisões...) a discussão, resolvem dar uma chance: “vocês vão fazer a reportagem de vocês, as imagens do Rio Bravo que querem. Mas se amanhã não estiverem de volta, fora do estado de Tamaulipas, vão direto para a cadeia. Os passaportes ficam, pegam na volta, de saída”.
Na impossibilidade de recusa, o acordo é aceito. Ainda que 24 horas pareçam muito pouco para mostrar um mundo de personagens e histórias que reescrevem o profético título de Eduardo Galeano, concebido há mais de 4 décadas. São as veias abertas da América Latina, pulsando e sangrando, abaixo do Rio Bravo.

Um dos grandes personagens ali possivelmente seja mesmo o Rio Bravo. Águas que dividem o mundo. A bandeira mexicana de um lado, a americana de outro. Poucos metros, e uma distância tão abissal... As cruzes falam por si.

O sol inclemente e sua luminosidade não assustam alguns que se aventuram em plena luz do dia a tentar a travessia, aproveitando um raro período de águas baixas. Sabem que aquele é apenas mais uma parte do desafio, que muitas vezes começou no vagão de carga do trem que vem desde El Salvador, Nicarágua ou Honduras, no qual milhares sobem e segue viagem no teto, sem qualquer proteção.
As cenas são de filme: de tempos em tempos, alguém se joga nas águas do Rio Bravo e deixa para trás uma pátria, uma família, um lar, sem nada de concreto do outro lado do rio, talvez na crença, tal e qual o autor da música, apenas de “acreditar ter visto uma luz, do outro lado do rio”. Uma simples crença já parece suficiente para quem não nada tem. Se tudo der certo, não ficarem presos na margem sul, conseguirem cruzar o rio, não acabarem presos na margem norte, cruzarem os dias de deserto a sol e sol, começam as dificuldades. Imagens gravadas, as tais horas parecem cada vez menores e insuficientes para tanta coisa a ser vista, tanto a ser mostrado.

Saindo do rio, descendo a principal avenida da cidade, chega-se a “Casa Del Migrante Nazareth”, da Diocese de Nuevo Laredo.
É uma visão estarrecedora. Cerca de cem pessoas, na maioria homens, visivelmente no auge de suas capacidades produtivas, encostados no chão, deitados, esperando o tempo passar. Um coletivo de deserdados, filhos da divisão do mundo, que determinou a sorte de cada lado do Rio Bravo, a sorte de cada um. Todos com a mesma história: vindos de trem das cidades centro-americanas, chegaram ali para cruzar o rio. Por algum motivo, não conseguiram. Seja o nível das águas, polícia, picada de cobra. Como já não há lugar na cadeia, e cada guarda passa o problema adiante, ficaram vagando pela cidade, adiando por alguns dias nova tentativa.

Para piorar o que parece não ter como piorar, muitos contam serem vítimas de extorsão do pouco dinheiro que carregam por parte da polícia local.
“Nem documento temos, visto. Eles sabem que não podemos reclamar. Vamos para a delegacia reclamar? E ficamos por falta de documento? Ora, somos o alvo mais fácil para sermos roubados”, contam.

Urinelson Lopes pegou o teto do trem na sua Guatemala. Tem mulher e filho em Los Angeles, conseguiram ir há 3 anos, tempo que não vê e poucas notícias tem dos seus. Já não lembra direito do rosto do menino Pablo, que viu pela última vez quando ele completou um ano. Espera agora cruzar o rio, o deserto e de alguma forma chegar na cidade dos anjos. Sabe que sua mulher é faxineira de uma lanchonete, espera sorte igual.

“Já não tinha mais nada pra fazer em meu país. Só restou a fome por lá. Não tinha outra opção. Há 3 anos juntei o dinheiro para um coyote atravessar minha mulher e filho, primeiro eles para se salvarem. Agora juntei e tento eu. Na primeira tentativa, fui visto por um helicóptero quando ainda chegava na margem de lá. Agora vou esperar a água baixar e vou. O que me resta?”, pergunta, diante do silêncio.
Silêncio maior é causado por Luís Francisco, hondurenho, 27 anos. O mais solícito entre a massa faminta que deixou qualquer tentativa de entrevista ao sinal da hora da sopa, uma água rala distribuída uma vez por dia pela igreja. Parece ainda mais melancólico diante do microfone. Difícil decifrar tal tristeza em sua expressão.

“Chegar até aqui já foi muito difícil. Mas não existe em meu país outra opção. Não há trabalho, só existe a fome”, conta Luís, que ia tentar cruzar o rio novamente naquela noite.
Entrevista encerrada, chama a equipe num canto. Pela primeira vez esboça um sorriso, ainda que tímido. “Fiquei feliz em ver um colega de profissão. Sou jornalista também, trabalhava em um jornal em Honduras, mas há dois anos quase toda a redação foi mandada embora. Só me restou essa opção”, conta.

As horas de prazo dadas pelo agente federal vão chegando ao fim. Nem era preciso. Agora parecem uma eternidade. Hora de ir embora. Mais do que hora. O nó toma a garganta. Impossível seguir normalmente, guardando distanciamento, como se tudo estivesse do outro lado do rio, ou mesmo como se tudo fosse apenas um problema para o guarda do próximo turno.

Faltam 10 rodadas. Já dá para arriscar...

Dez rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro mais equilibrado dos últimos anos. Em termos matemáticos (somando também a qualidade e tradição dos times envolvidos), ainda restam 7 candidatos ao título. Do Inter (7º) ao Corinthians (1º), todos parecem ter chances.

Mas uma análise mais detalhada sobre cada um deles reduz significativamente o número de postulantes ao troféu. Vamos aos jogos restantes, prós e contras de Corinthians, Vasco, São Paulo, Flamengo, Botafogo, Fluminense e Internacional - depois pretendo fazer o mesmo exercício para a turma de baixo da tabela.

Corinthians (51 pontos): Botafogo (c), Cruzeiro (f), Inter (f), Avaí (c), América-MG (f), Atlético-PR (c), Ceará (f), Atlético-MG (c), Figueirense (f), Palmeiras (n). Já passou pelo pior momento. Oscilou, mas se manteve sempre entre os três primeiros. Não tem competição paralela, praticamente não faz mais confrontos diretos e pode ganhar o acréscimo de Adriano nas últimas partidas. PROGNÓSTICO: favorito ao título.

Vasco (50 pontos): Atlético-PR (f), Atlético-MG (c), Bahia (f), São Paulo (c), Santos (f), Botafogo (n), Palmeiras (f), Avaí (c), Fluminense (n) e Flamengo (n). Perdeu a liderança num momento complicado. Juninho, um de seus principais jogadores, se machucou. Convive ainda com a Copa Sul-Americana, é comandado por um treinador não efetivo e tem uma tabela enroscada, com três clássicos pela frente. PROGNÓSTICO: se não recuperar a ponta nas três próximas rodadas, deixa de brigar pelo título.

São Paulo (47 pontos): Inter (c), Atlético-GO (f), Coritiba (c), Vasco (f), Bahia (f), Avaí (c), Atlético-PR (f), América-MG (c), Palmeiras (f), Santos (c). Não consegue emplacar. Tem ótimo elenco (agora reforçado por Luís Fabiano), que não se confirmou num time forte. Dificuldades imensas de se impor em casa, não venceu praticamente nenhum confronto direto no campeonato. Disputa paralelamente a Copa Sul-Americana. PROGNÓSTICO: define a vida nas próximas 4 rodadas, quando pega Inter e Vasco. Tem mais cara de Libertadores do que de título.

Flamengo (47 pontos): Palmeiras (c), Ceará (f), Santos (c), Grêmio (f), Cruzeiro (c), Coritiba (f), Figueirense (c), Atlético-GO (f), Inter (c), Vasco (n). Ficou dez rodadas sem vencer. Foi quase ao fundo do poço, mas renasceu com duas vitórias épicas e improváveis, contra São Paulo e Fluminense. Tem o time quase completo para a fase final, tradição de chegada, mas ainda convive com a Sul-Americana (seu banco de reservas é muito inferior ao time titular...). PROGNÓSTICO: conquistando ao menos 10 pontos dos próximos 12, brigará pelo título. Voltaria a ser, como na primeira parte do campeonato, o principal concorrente do Corinthians.

Botafogo (46 pontos): Corinthians (f), Atlético-PR (c), Santos (f), Avaí (f), Cruzeiro (c), Figueirense (c), Vasco (n), América-MG (f), Inter (c), Atlético-MG (f) e Fluminense (n). Jogou fora vitórias essenciais nos jogos contra São Paulo e Bahia. Ainda sofre de um certo complexo de inferioridade, e o banco de reservas, embora tenha melhorado, não acompanha o time titular. Tem um jogo a menos que os demais (contra o Santos), e uma tabela menos complicada que a concorrência - mas também ainda joga a Sul-Americana. PROGNÓSTICO: próximas quatro partidas, três delas fora, definem o futuro da equipe. Tem mais cara de Libertadores do que de título. E vai ter de brigar muito por ela.

Fluminense (44 pontos): Coritiba (c), Palmeiras (f), Atlético-MG (c), Ceará (f), Inter (f), América-MG (c), Grêmio (c), Figueirense (f), Vasco (n) e Botafogo (n). Melhor time do segundo turno, tinha uma chance de ouro de arrancar para o bi, vencendo o clássico com o Flamengo. Levou uma virada traumática. É o time do 8 ou 80 (não empata; ou vence, ou perde). O elenco é bom. Banco de reservas quase do mesmo nível da equipe titular. PROGNÓSTICO: se sobreviver vivo às próximas 5 rodadas, pode até brigar pelo campeonato. Mas parece se contentar com a Libertadores.

Internacional (43 pontos): São Paulo (f), Avaí (c), Corinthians (c), Atlético-GO (f), Fluminense (c), Cruzeiro (f), Bahia (c), Botafogo (f), Flamengo (f), Grêmio (c). Elenco é bom, mas time demorou a decolar. Não vem contando com seu principal jogador, Leandro Damião. A tabela é das mais indigestas, basta dar uma olhada nos três últimos jogos. PROGNÓSTICO: joga dois campeonatos. Se fizer ao menos 12 pontos dos próximos 15, pode sonhar. Mas a Libertadores, para quem reagiu tão tarde, já estaria de bom tamanho.

Custo/benefício de Felipão é ótimo: R$ 10 mi e nenhum título

Após 10 anos longe do velho Palestra, Felipão topou voltar ao ninho dos periquitos em revista em julho de 2010, sob uma pechincha de R$ 700 mil mensais – é o ‘professor’ mais privilegiado do país.

Para felicidade geral do cofre verde-limão, seu custo/benefício tem sido dos mais profícuos: até agora a torcida não conseguiu soltar o grito de campeão nem em torneio doméstico.

Com muita pompa e sem nenhuma circunstância, Felipão acumula seis retumbantes fracassos: Brasileirão de 2010/11; Sul-americana de 2010/11; Paulistinha de 2011; e Copa do Brasil de 2011.

Na inesquecível eliminação da Sul-americana de 2010, Felipão & Cia. tombaram diante de um time cheio de moral, o Goiás, rebaixado gloriosamente para a segundona do Brasileiro. No torneio deste ano, levaram chumbo do ‘Expressinho’ de São Januário. Na Copa do Brasil, foram humilhados pelo Coritiba, com um sonoro 6 a 0. Depois venceram, só que Inês já era morta.

Diante de um retrospecto tão animador, Felipão jogou a tolha até na briga por uma vaga à Libertadores, mesmo faltando 10 jogos (30 pontos em disputa) para terminar a maratona.

Uma injeção e tanto de amor nos palestrinos. Mas o treinador não tem do que se queixar: reforçou a sua já bem abastecida poupança em mais de R$ 10 milhões graças ao voo do periquito cego.
                                                            ######
Timão goleia na aritmética. A matemática é uma ciência tão exata, mas tão exata no esporte bretão, que os cálculos dos matemáticos são... diferentes. O põe, tira, deixa ficar de Tristão Garcia, do ‘Infobola’, indica que o Corinthians tem 45% de possibilidades de chegar ao caneco. Já Marcelo de Arruda, do ‘Chance de Gol’, aposta em 55,7%. O Vasco aparece em segundo com 26% e 17,1%. Depois, vem o São Paulo, com 7% e 11%. O Botafogo tem 12% e 9,1%, o Flamengo 6% e 3,9%, e o Fluminense, 3% e 1,6%.

Sugismundo Freud. Morar sozinho é ótimo: sempre tem louça para lavar.

Comando invisível. O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes são mesmo transparentes: ninguém os viu no fórum da Copa-2014 no Rio. O deputado pitbull Romário comandou o encontro e rasgou a fantasia para os nobres políticos: ausência lamentável. Também adoçou o bolo da mamãe Fifa: o país não pode ‘abrir as pernas’ à dona da bola. Se bobear, ela vai mandar mais que a presidenta Dilma Rousseff.

Twitface. Passar Galo, Furacão, Avaí e Coelho para trás é facil, difícil é passar um deles adiante.

Zapping. Sem o brilho das principais estrelas e com as equipes capengando, Santos x Palmeiras rendeu apenas 18 pontos no ibope global da Grande Pauliceia desvairada, esburacada e abandonada. A Band cravou sete. Foi o clássico mais desprezado pela galera da poltrona. Há uma semana, Vasco x Corinthians amealhou 20 pontos. Na sexta, a amarelinha desbotada obteve 21.

Pica-Pau. Rafael ‘He-Man’ Moura tem mesmo a força: falou poucas e boas ao soprador de apito Felipe Gomes da Silva no clássico com o Flamengo, chegou a desafiá-lo para um campeonato de cuspe e... nada. Sua senhoria simplesmente o ignorou na súmula. Só descascou a mandioca no treinador Abel Braga. Que, entre outras coisas, o elogiou com as seguintes palavras: ‘Safado, sem vergonha, tira a camisa vermelha e preta que está por baixo, filho da p... ’

Gilete press. De José Roberto Torero, na ‘Folha’: “Nossos olhos pouco ligam para o que está à sombra. Eles são fisgados pelo escândalo, pela cor berrante. Enxergamos mais o decote generoso que a simetria perfeita. E a Lusa não tem nada disso. A Lusa é discreta. Quase não vejo ninguém falando de sua campanha brilhante na Série B. Pelo menos, não como falaram do Vasco em 2009 e do Corinthians em 2008.” Na mosca.

Tiro curto. Em 28 rodadas do Brasileirão, foram marcados 752 gols em 279 jogos, com a média é de 2,70 – é a segunda mais baixa desde 2003, sendo superada somente por 2010, quando ficou em 1,57.

Dois pesos... O eloquente Ari ‘Graçafolia’, comandante da gloriosa CBV, queimou a carne dos gaúchos da Sogipa: o time está fora da Superliga masculina. Se quiser dar umas cortadinhas, deve disputar a Liga B. O clube esperava receber um convite, como aconteceu com o Rio de Janeiro, já que tem apoio do governo e de patrocinadores. Há somente uma pequena diferença: o Rio é bancado por Eike Batista, dono de um patrimônio de US$ 30 bilhões.

Tititi d’Aline. Novo herói do urubu, o hermano Botinelli é conhecido como ‘El Pollo’ (O Frango).

Você sabia que...
o bicampeão mundial Sebastian Vettel já embolsou R$ 65,5 milhões nesta temporada apenas em salários e prêmios?

Bola de ouro. Judô nacional. Nos primeiros nove meses, o país conquistou 83 medalhas no tatame, uma a mais que o Japão, nos principais torneios do planeta. Um aumento de 25% em relação a 2010.

Bola de latão. Corinthians. Por absoluta falta de planejamento, colocou o imperador e lutador de sumô Adriano para estrear.

Bola de lixo. Abel Braga. Deu uma aula de ‘fair play’ no Fla-Flu: negou-se a deixar o campo depois de ser expulso.

Bola sete. “Aqui ninguém vai baixar a calcinha” (de Abelão, ao ‘pofexô’ Luxemburgo – fala sério).

Dúvida pertinente. É Morumbi ou Morumbieber?

Eliminatórias Asiáticas para a Copa 2014

Grupo C Coreia do Norte  0x1  Uzbequistão


06h30 Austrália 3x0 Omã Grupo D
07h45 Japão 8x0 Tadjiquistão Grupo C
08h00 Tailândia 0x0 Arábia Saudita Grupo D
08h00 Coreia do Sul 2x1 Emirados Árabes Unidos Grupo B
08h30 Cingapura 0x3 Jordânia Grupo A
09h00 Indonésia 2x3 Qatar Grupo E
09h15 China 0x1 Iraque Grupo A
11h00 Líbano 2x2 Kuait Grupo B
12h00 Irã 6x0 Bahrein Grupo E