Não me incluo entre os maiores fãs de Abel Braga. Também não sou dos opositores crônicos de todo técnico brasileiro, Abel Braga entre eles. 
Longe de mim ver no campeão no ano passado uma sumidade em matéria de sistemas, táticas e estratégias. Longe de mim, também, defender que nossos clubes e seleções devem importar treinadores estrangeiros para ensinar nossa gente a jogar bola. Tudo isso é para dizer que me sinto à vontade ao afirmar que o Fluminense acaba de cometer um erro colossal ao demitir Abel Braga. assim que seu time pôs um pé na preocupante "zona de rebaixamento". Um erro que pode custar caro.
Certo, o time vem de cinco derrotas seguidas. Muito cedo, deu adeus ao bi brasileiro, depois de fracassar no Campeonato Carioca e na Copa Libertadores da América. À essa altura, deve-se ver como remota a possibilidade de o Fluminense se classificar para mais uma tentativa de conquistar o título sul-americano que sempre lhe foge. Chegar entre os quatro primeiro do atual Campeonato Brasileiro? Só por milagre.
Ganhar a Copa do Brasil nesta fase aziaga? Difícil. Em resumo. 2013 é ano quase perdido para o tradicional clube da Rua Álvaro Chaves; Com ou sem Abel Braga. Contudo, se me permitem apelar para um clichê, aqui vai: ruim com ele, pior sem ele.
O Fluminense cometeu o mesmo erro de resolver os problemas do time - derrotas seguidas, más campanhas, títulos escapando-lhe pelos dedos - de maneira mais simples: demitindo o técnico. Mais simples e, como a experiência ensina, frequentemente equivocada. A maior virtude de Abel Braga (na verdade, a única que salta aos olhos e que lhe valeu o carioca e o brasileiro do ano passado) é o seu comando. É manter unido, coeso, harmonioso ou lá o que seja, um grupo de 15, 20 jogadores, onde cada um deles se sente no direito de ser titular. É preciso habilidade, alguma psicologia, saber dialogar, para dirigir um grupo assim. Os jogadores adoram Abel Braga.
E aí a diretoria do Fluminense se reúne, naturalmente preocupada, ou vexada, ou sem saber o que fazer, e decide mandar seu técnico às favas. Saber por que o time está jogando mal? Ou entender que algumas derrotas são inevitáveis mesmo quando se joga bem? Procurar reforços para uma zaga pródiga em lambanças? Pôr os salários do clube em dia (parece que os do patrocinador vão bem, obrigado)? Nada disso ocorreu aos dirigentes tricolores. A solução simples e, mais que tudo, óbvia, foi o caminho mais curto para o clube se dizer (e dizer à torcida) que tomou providências. Por que não demitir Abel Braga no fim do ano, fim de seu contrato, e tratar de reformular o elenco para que novo técnico, seja lá quem for, cuide do 2014. E que não seja na chamada "segundona".
Imaginemos o que vem pela frente: chega às Laranjeiras o substituto de Abel Braga. Não conhece os jogadores, não tem com eles o mesmo diálogo, não dispõe de fórmulas mágicas para fazer esse mesmo time funcionar, não sabe como resolver a questão dos salários. Logo, o que pode fazer. Pode ser que, à essa altura, tudo que o Fluminense queira, até o fim do ano, seja não ficar entre os quatro últimos colocados.
Isto é, fugir da degola. Nesse caso, tudo bem. Vale o exemplo de 2009, quando Renato Gaúcho foi demitido após perder a Libertadores e afundar o time no Brasileiro. Foi quando Cuca entrou em cena, deu uma cara ao time, criou o time de "guerreiros" e livrou-o em tempo. Mas não creio que foi pensando em Cuca que o clube demitiu Abel. Pelos primeiros rumores que ouço, corre o Fluminense o risco de parar nas mãos de um neófito. Ou, pior, nas de Vanderlei Luxemburgo.