terça-feira, 30 de julho de 2013

Melhor do que nada

Personagem desta semana, o técnico Cuca, campeão da Libertadores pelo Atlético, viveu uma situação exemplar para o momento do São Paulo. Em 2003, dirigia o Goiás, convivia com derrotas insistentes e com a lanterna do Brasileirão. Incomodado, Cuca recebeu um recado de Luiz Felipe Scolari, na voz de um dirigente goiano. "Felipão disse para você parar de perder", disse o diretor.
Editoria de arte/Folhapress
O recado aparentemente óbvio não era assim tão ingênuo. Felipão sabia, Autuori sabe e Cuca percebeu naquele tempo que mais importante do que ganhar um jogo para sair da crise é estancar o sangue. Parar de perder.
Em parte, foi o que Paulo Autuori tentou ontem.
Sem Lúcio e Ganso barrados, o São Paulo entrou em campo com três volantes, cada um com uma função determinada. Wellington marcava Danilo, Rodrigo Caio ficava com Guilherme, Fabrício esperava Ralf (veja a ilustração 1).
Depois de dez minutos de pânico, sem conseguir sair da marcação por pressão, o Tricolor se acomodou.
O Corinthians também.
O desafio de Tite a esta altura de seu trabalho é motivar seu time nos jogos comuns. Antes de enfrentar o São Paulo na final da Recopa, o técnico falou do ineditismo da conquista nos últimos 21 anos. "Desde 1992, ninguém soma Brasileirão, Libertadores, Mundial de Clubes e Recopa", Tite disse.
O Corinthians fez 2 x 0 naquele clássico, mas mereceu fazer mais.
Ontem, exceto nos primeiros dez minutos e nos dez seguintes às entradas de Pato e Renato Augusto, a equipe de Tite comportou-se como quem disputava algo sem importância... a nona rodada do primeiro turno, por exemplo.
Talvez seja mais fácil motivar o elenco campeão mundial no que ainda não venceu, a Copa do Brasil. A dedicação de aluno já aprovado no último dia de aula impõe o risco de ficar fora dos quatro melhores do Brasileirão e também da Libertadores. Concentrar todos os esforços no mata-mata pode ser suicídio.
O clássico também foi arriscado. Houve contra-ataques do São Paulo com Jadson e Fabrício contra Ralf. A estratégia resultou em algumas jogadas com dois são-paulinos contra um corintiano (ilustração 2).
Os erros de passe, principalmente de Jadson, impediram transformar os espaços concedidos pelo Corinthians em vitória do São Paulo. Certamente os são-paulinos seguem infelizes e preocupados com 12 partidas sem vitória, o maior jejum de todos os tempos. O empate interrompe a outra sequência inédita, oito derrotas consecutivas.
É melhor do que nada.
Sem perdão
Há quem tenha percebido que faltou uma letra H na coluna de ontem, no trecho "A quem atribua a origem da crise são-paulina à soberba pelas conquistas repetidas até 2008." Vacilo de revisão meu que você pode perdoar. Eu, jamais!
DEVAGAR


O time do Palmeiras evolui lentamente, mas tem cinco pontos de vantagem para o quinto colocado na Série B do Brasileiro. Aumentar essa folga na zona de acesso é importante para poder dedicar-se também à disputa da Copa do Brasil, a partir da segunda quinzena de agosto.