quinta-feira, 26 de julho de 2012

Brasileirão Série A


21h00 Flamengo 0x0 Portuguesa
21h00 Palmeiras 0x2 Bahia
21h00 Atlético-MG 2x0 Santos

Copa Sul-Americana


19h15 Guaraní (PAR) 0x1 Oriente Petrolero
21h30 Aurora 2x1 Cerro Largo
21h30 OŽHiggins 3x3 Cerro Porteño

Olimpíadas - Masculino


08h00 Honduras 2x2 Marrocos
10h30 México 0x0 Coreia do Sul
10h45 Espanha 0x1 Japão
13h00 Emirados Árabes Unidos 1x2 Uruguai
13h15 Gabão 1x1 Suíça
15h45 Belarus 1x0 Nova Zelândia
15h45 Brasil 3x2 Egito
16h00 Reino Unido 1x1 Senegal

Amistosos

08h00 Bayern de Munique 2x1 Wolfsburg

VIDEOBLOG: Ficarei com saudades desse lugar incrível quando tudo acabar. Obrigado, Londres!

Nos meses que antecederam a Olimpíada eu fiz o quadro 'Aqui é Londres', que agora se despede para entrar em campo de fato: os Jogos Olímpicos vão começar.

E durante o tempo que fiquei na capital inglesa, pude conhecer mais desse lugar maravilhoso. Vou levar saudades de muita gente, de muitos locais e de muita coisa que vi no palco da Olimpíada 2012, que é demais.

Viver é muito bom. Obrigado, Londres!
Clique no player e assista ao videoblog desta quarta-feira

Londres terá problemas de transporte na Olimpíada. Caos? Longe disso

São 270 estações, 11 linhas e 402 quilômetros de trilhos, cobrindo praticamente toda a cidade, o que faz o metrô de Londres ser considerado um dos melhores do mundo. Isso sem falar nas centenas de linhas de ônibus 24 horas por dia e serviços de trem que cruzam a capital, um sistema de transporte público realmente de qualidade. Mesmo assim, teremos estações e vagões superlotados, filas e reclamações durante os Jogos Olímpicos de 2012. Grande caos? Em minha opinião, não. Tudo absolutamente normal. O metrô de Londres tem alguns problemas, sim, é antigo (começou a operar em 1863), mas muito trabalho foi feito com bastante antecedência para proporcionar melhorias durante os Jogos.

Mesmo assim, tenho certeza que verei diversas notícias sobre caos no transporte da capital britânica. Situações como atrasos de trens e estações temporariamente fechadas são cotidianas na vida de quem mora em Londres, seja pelo excesso de passageiros, por um louco que se atirou no trilho (sim, isso acontece quase que diariamente por aqui), por uma suspeita de bomba ou por um simples apressado que segura a porta para entrar no vagão antes de ela se fechar. Vivi isso por dois anos e meio. Quem conhece o Undergound de Londres (mais conhecido como Tube) e está familiarizado com os "Mind the Gap", "Jubilee Line" e "stand clear of the closing doors" da vida sabe bem disso.

Acho quase impossível se organizar um evento de grande porte, com milhares de pessoas chegando ou saindo de um estádio ao mesmo tempo, e mais milhões circulando pelas ruas, sem que haja pelo menos um pouco de espera antes de ir ou voltar para casa. Além disso, o transporte de Londres já apresenta normalmente certa lotação em determinadas estações e horários de pico, principalmente no verão com a presença de turistas, independentemente da Olimpíada. O evento esportivo vai acentuar um pouco isso, claro, mas nada que não possa ser amenizado com medidas preventivas, o que já foi feito.
Tiago Leme/ESPN
Estação de metrô e trem de Stratford, ao lado do Parque Olímpico, foi completamente reformada
Estação de metrô e trem de Stratford, ao lado do Parque Olímpico, foi completamente reformada
Um exemplo do que acontece em Londres e em outras grandes cidades da Europa: geralmente, logo após o final de jogos de futebol ou shows musicais, a estação de metrô ou trem logo ao lado do estádio fica fechada por alguns minutos para que ela não encha além de sua capacidade, para evitar confusões. Já presenciei isso no Emirates Stadium, Stamford Bridge, O2 Arena, Santiago Bernabéu... Tudo absolutamente normal. Em São Paulo mesmo isso acontece em alguns lugares, talvez com uma organização não tão eficiente como o que ocorre por aqui.

Em outros casos, as estações ficam fechadas durante todo o período de um campeonato, como o aconteceu na última Eurocopa, ao lado do estádio de Kiev e de Kharkiv, na Ucrânia, por exemplo. Agora na Olimpíada, a estação de DLR Pudding Mill Lane, colada no Parque Olímpico, não abrirá as portas até o final da Paralimpíada, já que o espaço é pequeno e não suportaria a multidão. Por outro lado, Stratford foi completamente reformada, ampliando o número de plataformas, trens, entradas e saídas para atendar à demanda. Durante os últimos anos, várias linhas do metrô de Londres ficaram paralisadas nos finais de semana para que obras de modernização fossem feitas. 

Para os Jogos Olímpicos, as autoridades e o Comitê Organizador fizeram vários pedidos aos moradores, anúncios estão espalhados pela cidade para evitar um caos nos transportes, medidas como: evitar determinadas estações, alterar o caminho tradicional de casa para o trabalho, usar bicicletas ou andar a pé. Faixas exclusivas para ônibus e carros com atletas, delegações e dirigentes também foram criadas, já que o trânsito na região central de Londres é sempre complicado.

O resultado de tudo isso veremos nas próximas semana, e o primeiro grande teste será já nesta sexta-feira com a cerimônia de abertura no estádio Olímpico. O planejamento foi feito com antecedência. Volto a repetir. Problemas? Vão acontecer. Caos? Longe disso.
Tiago Leme/ESPN
Metrô de Londres já apresenta certa lotação nos horários de pico e no verão
Metrô de Londres já apresenta certa lotação nos horários de pico e no verão

A nostalgia do discurso de Nuzman e o precipício

Faltavam dois dias para o fim dos Jogos Olímpicos de Pequim. Suficiente para definir o tamanho do Brasil em Olimpíadas. Mais uma vez a desproporção entre o dinheiro disponível para o esporte olímpico verde e amarelo e resultados se desenhava enorme. (Dinheiro estatal em sua maior porcentagem e abundante desde 2001 com a lei Agnelo/Piva, com estimativa de R$ 145 milhões em 2012. A maior parte gasta no custeio de viagens de intercâmbio para atletas em competições. Leia-se passagens compradas na agência...você sabe...).

Salvo evoluções pontuais aqui e acolá para confirmar a regra ou histórias de heroísmos isolados, um atestado de fracasso no projeto de transformar o Brasil em potência olímpica.

Aqui abro um breve parêntesis: em 2003, a convite de José Trajano, trabalhando ainda no jornal O Globo, participei de um Bola da Vez, na ESPN, com Carlos Arthur Nuzman. Minha primeira pergunta foi sobre uma promessa dele ao assumir o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em 1996, quando garantia que em 8 anos seriamos uma potência olímpica. Perguntei o óbvio: oito anos depois, já somos uma potência olímpica, a promessa está cumprida? Não me lembro a resposta exata, mas tenho visto que o prazo agora é 2020.

Voltando no tempo para 2008 e no espaço para Pequim, lembro-me de um esbaforido proxeneta passando no corredor do estúdio em que eu estava e dando o recado para todos ali: era preciso bater no ponto do despreparo psicológico dos nossos atletas. O povo brasileiro tinha problemas na hora de decidir. Liguei os fios. Tinha lido algo sobre um pronunciamento de Nuzman exatamente igual naquela tarde. Defendia que seria preciso repensar a questão da preparação psicológica. Que todas as condições tinham sido dadas para a preparação, mas na hora de decidir os brasileiros falhavam. Repetindo sempre que o modelo de atleta a ser seguido é Robert Scheidt. Merecida lembrança, mas por que não Ademar Ferreira, Joaquim Cruz ou Romário, o favelado do Jacarezinho, frio como o aço na hora da decisão?

Faltavam poucos minutos para entrar no ar. Fiquei ali ligando os fios, conectando o aconselhamento de opiniões do proxeneta com o discurso de Nuzman naquela tarde. Estava claro. Existia um discurso pensado e construído para justificar a desporporção absurda entre os resultados do Brasil e o dinheiro investido. E o culpado tinha nome. Como o comissário corrupto de Casablanca, a ordem era prender os suspeitos de sempre: o povo brasileiro, o Zé Povinho, para eles a sub-raça, os incapazes psicologicamente.

Lembro como se fosse hoje que entrei no programa com um nó no estômago. Uma estratégia cínica demais. Fiz a única coisa que me cabia naquele momento: falei sobre a estratégia cínica e mentirosa que estava sendo montada. Botar a culpa de mais um ciclo olímpico abaixo do dinheiro existente na fragilidade e falta de estrutura dos mestiços, os impuros vindos dos negros e índios. Os Scheidts e afins, com sangue sem mistura, estavam a salvo da fraqueza juvenil nossa na hora de decidir. Falei que aquilo era cínico e não era aceitável. Ao fim daquela noite, ainda que com o embrulho travando até a garganta, dormi a noite do Oriente em plenitude. Não estou certo de que o proxeneta apto a repetir a voz do dono possa ter feito o mesmo.

Quatro anos depois, me assusta ver que o filme se repete. O discurso está pronto. Prudentemente posto em prática antes do apito soar na charmosa Londres. Nuzman tem passado sempre pela questão da “necessidade de maior preparação psicológica para nossos atletas”. E repetido sempre que “todas as condições foram dadas”. No cínico argumento que omite a vida escolar dos nossos atletas. A história de cada um antes de se tornar, sempre por esforço próprio, em atleta de alto nível. Omite que o esporte aqui ainda está longe de ser prática sistemática desde o mais tenro banco escolar. Omite que o esporte deve ser pensado como instrumento e promoção de saúde e educação, prática massiva desde os primeiros passos escolares. Sem o qual jamais seremos a tal prometida potência olímpica. Preparem-se. Em poucos dias provavelmente o tema vai voltar. Na equação que não se explica e traduz algo de muito errado, quando o volume de dinheiro aumenta e o Brasil não evolui na mesma proporção enquanto país olímpico, o resto é o discurso cínico de botar o peso no ombro da mestiçada.

Como farsa, como a história sempre se repete, bem sabemos. O discurso não é novo. Muito pelo contrário. Essa gente miscigenada e mestiça é incompatível com o êxito desde sempre na cabeça de alguns. Fracos mentalmente. Incapazes. O final do século XIX e início do XX talvez tenha sido o período mais explícito desse pensamento. Silvio Romero e outros defendiam com todas as letras o “clareamento” do nosso povo para que pudéssemos, a longo prazo, já livres dos traços negróides, sermos equivalentes aos então superiores. Modelos do que pensavam como sociedade para o Brasil. Como vemos, muitos tem nostalgia desse discurso.

Meu bom amigo e grande historiador Luiz Antônio Simas costuma repetir em suas brilhantes aulas e palestras que “imigração aqui foi coisa de branco. Negro só podia chegar aqui de navio negreiro”. Por todas essas convicções acima citadas. Que perduram e são muletas perfeitas para justificar o fracasso e as incompetências.

Contem os dias. O discurso está pronto. Em poucos dias veremos o debate sobre “a fraqueza de brasileiros na hora de decidir”. Tendo como maior arauto, Carlos Arthur Nuzman, seguido pelos proxenetas sempre aptos a repetir a voz do dono.

Ele, Carlos Arthur Nuzman, que em recente perfil na Revista Piauí, foi categórico ao responder a seguinte pergunta:

“Com quem o senhor pularia de um precipício de olhos fechados?”

Resposta: “O Havelange certamente é um deles”.

Bom, Havelange já foi pulou do precipício. Ou melhor, foi pulado com uma forcinha da justiça. Entregue aos crocodilos, para desespero de tantos proxenetas, envolto na confirmação de corrupção, despencado morro abaixo.

Conforme o prometido, vai encarar solidariamente o precipício, Nuzman? Ou quem sabe, assim como o amigo, aguardar alguma forcinha