O Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta quinta-feira (8) que suspendeu das atividades do futebol o presidente da entidade, Joseph Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, por 90 dias.
Com a decisão, por exemplo, eles não podem, em tese, participar de reuniões e eventos em nome das entidades que representam.
De acordo com as regras do Comitê de Ética, há um prazo de dois dias para apelação, sem direito a efeito suspensivo da decisão tomada. O prazo de 90 dias, prorrogável por mais 45, é o máximo previsto.
O Comitê Executivo da Uefa anunciou uma reunião da entidade para o próximo dia 15 e informou que Platini, por enquanto, se mantém como presidente porque deve apelar da decisão da Fifa.
Por meio da assessoria de imprensa da Uefa, Platini divulgou uma nota. Afirmou que vai contestar a decisão de puni-lo, a qual, segundo ele, foi baseada em "meras aparências".
Ele não disse se desistirá de disputar o comando da Fifa, mas afirmou que se "recusa a acreditar" que essa suspensão, classificada de "política" pelo dirigente, foi tomada para atingir sua candidatura. "Estou determinado mais do que nunca em me defender perante os órgãos judiciais relevantes", afirmou.
Na oportunidade, renunciou em meio ao
maior escândalo da história da Fifa. Autoridades dos Estados Unidos levaram à prisão de sete cartolas em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, no dia 27 de maio.
Segundo o Comitê de Ética, um órgão independente conduzido pelo alemão Hans-Joachim Eckert, Blatter e Platini estão sendo investigados internamente. A suspensão de ambos pode ser prorrogada por mais 45 dias. Os dois dirigentes negam irregularidades. Dependendo da investigação, eles podem até ser banidos do futebol.
Em nota, a defesa de Blatter afirmou que o cartola ficou "decepcionado" com a decisão do comitê de afastá-lo. Argumentou que ele não teve a oportunidade de ser "ouvido" e disse que a suspensão do cargo ocorre baseada em "ações equivocadas" do Ministério Público suíço. O dirigente disse ainda que espera a chance de demonstrar que não cometeu nenhuma irregularidade.
A suspensão pode sepultar a candidatura do francês, que não tinha nenhum adversário competitivo até então.
Com o afastamento de Blatter, quem assume a presidência é o cartola camaronês Issa Hayatou, atual presidente da Confederação Africana de Futebol.
Em nota, Hayatou destacou que assume apenas como presidente interino e que não será candidato em fevereiro. "Fifa permanece comprometida com seu processo de reforma e vamos continuar cooperando com as autoridades e a investigação interna", disse o cartola.
VALCKE E COREANO AFASTADOS
HISTÓRICO
No último dia 25, a
Procuradoria-Geral da Suíça abriu uma ação criminalcontra o presidente da Fifa, Joseph Blatter. A decisão foi tomada por suspeitas de irregularidades cometidas pelo dirigente na assinatura de um contrato em 2005 com a Federação Caribenha de Futebol, na época comandada por Jack Warner, ex-presidente da Concacaf.
O comunicado do Ministério Público diz ainda que Blatter é suspeito de ter feito um pagamento irregular no valor de 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões) ao presidente da Uefa, o francês Michel Platini, com recursos da Fifa, em 2011, referente a serviços prestados entre janeiro de 1999 e junho de 2002.
Já o presidente da Uefa disse que o atraso de nove anos para receber um pagamento de 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões), cifra que está no centro de uma investigação da procuradoria suíça, aconteceu devido à
incapacidade da Fifa de pagá-lo em dia.
Em comunicados separados, mas divulgados praticamente ao mesmo tempo, as gigantes Coca-Cola, Visa, McDonald´s e Budweiser (AB InBev) alegaram que a saída do suíço é fundamental para que o processo de reforma na Fifa tenha credibilidade.
Mesmo com o pedido dos patrocinadores, Blatter afirmou na quarta-feira que não
deixará o cargo antes de 26 de fevereiro, quando serão realizadas as eleições. Ele também criticou a investigação aberta pela justiça suíça.