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Tente lembrar quem entrou em campo na final do futebol masculino nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 pela seleção brasileira. Thiago Silva, Marcelo, Leandro Damião, Oscar, Lucas, Hulk, Pato e Neymar são atletas sempre em evidência que atuaram naquela derrota por 2 a 1, para o México. Também estiveram lá os laterais Rafael, do Manchester United e Alex Sandro, do Porto, o zagueiro Juan Jesus, da Internazionale e os volantes Sandro, do Queens Park Rangers e Rômulo, do Spartak Moscou.
A lembrança do goleiro titular na conquista da medalha de prata do Brasil, Gabriel Vasconcelos Fereira, é mais remota.
Gabriel foi negociado pelo Cruzeiro com o Milan ainda antes de se tornar profissional, em 2012, aos 19 anos. Apesar de ter herdado a vaga de camisa 1 da seleção de Mano Menezes em Londres superando o mais experiente Neto, da Fiorentina, depois de Rafael, ex-Santos e hoje no Napoli, ter sido cortado por lesão, Gabriel segue sendo um desconhecido do grande público do seu país e da terra aonde joga, a Itália, já que foi reserva na maioria dos jogos das duas temporadas em que esteve no Milan.
O empréstimo para outro 'novato', o Carpi, no meio de 2014, não parecia muito sedutor em termos de produção, o time do Centro-Norte da 'Bota' jamais havia disputado sequer a Série B do campeonato nacional até o ano passado.
Encerrado o primeiro turno da competição, porém, o Carpi não só integra o grupo dos que hoje estariam promovidos à elite do futebol italiano, como é o líder, deixando para trás Livorno, Bologna, Bari, Catania e Brescia, tradicionais equipes locais.
"É uma surpresa, com certeza. Quando cheguei aqui, o time era pequeno pra realidade da Série B, sempre esteve em categorias inferiores. Carpi é uma cidade duns 60 mil habitantes, uma cidade bacana, muito arrumadinha, organizada. O time tem um dono, como acontece sempre na Itália, e com o pouco que têm eles estão fazendo muita coisa. São muito esforçados, organizados, são pessoas que acreditam no projeto e que querem que dê certo. É uma realidade completamente diferente do Milan, e tem feito muito bem pra mim conhecer esse lado", conta Gabriel ao ESPN.com.br.
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Jogar a segunda divisão não é o que o mineiro de Unaí imaginava ao conquistar a confiança de um gigante da Europa mostrando talento apenas nas categorias de base do Cruzeiro e da seleção brasileira - foi campeão mundial sub-20 em 2011.
"Às vezes a gente quer que as coisas aconteçam muito rápido, no nosso tempo e tudo tem um tempo certo. Quando cheguei no Milan, tive oportunidade de jogar alguns jogos, mas o time não estava num momento tão bom, é difícil. Mas foram dois anos maravilhosos, em que aprendi muito, cresci muito", diz o garoto, que ao ser contratado foi tratado como um membro da família pelos goleiros do Milan, como Abbiati. "Os filhos deles tinham a minha idade, os goleiros mais velhos me ajudaram muito, até hoje temos contato."
Gabriel amadureceu ao ponto de nem questionar o porquê de ter sumido da seleção brasileira após a Olimpíada. "Não tive uma sequência no Milan, eu mesmo se tivesse sendo o treinador não iria me convocar, porque pro goleiro é muito importante ter uma sequência."
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No Carpi, Gabriel é titular absoluto e daqui em diante, naturalmente, ele espera confirmar o início promissor de sua carreira. No Carpi, no Milan ou em outro lugar.
"É muito difícil conseguir esse acesso pra Série A, é muito complicado, são 22 times, só o primeiro e o segundo sobem direto. Vamos avaliar as situações, se acontecer o acesso, muitas portas vão se abrir. Prefiro pensar no próximo treino, em amanhã e em continuar fazendo bem as coisas. Espero ter muitas decisões a fazer ano que vem."