O São Paulo recusou 38 milhões de euros por Lucas, o Corinthians rejeitou proposta de 8,5 milhões de euros por Paulinho, ano passado o Santos não venceu Neymar, mesmo com propostas acima de 45 millhões de euros. O Brasil não enlouqueceu.

O São Paulo tem um limite para recusar propostas, não diz oficialmente qual é, mas sabe que se a oferta avançar demais não terá como cobrir.
A questão é que esse limite já foi muito menor. Qualquer dez merréis levava o maior craque brasileiro dez anos atrás. Cinco anos atrás também. Hoje, não é assim.

Não é porque os clubes brasileiros têm receitas muito maiores. Verdade que se deve analisar caso a caso. O Internacional vende o zagueiro Juan, revelação, para a Internazionale, e contrata o zagueiro Juan, veterano, da Roma. Gasta mais do que arrecada.

O Inter tem de receita perto de R$ 100 milhões, está gastando mais do que isso e a única forma de equilibrar essa conta é vender jogadores.
O São Paulo, não. Arrecada mais do que gasta e, por isso, não vende. Mas tem limite. Quanto? 45 milhões de euros, talvez. Se o Manchester United chegar a esse valor, é possível que o São Paulo não resista.

Manter ou comprar jogadores é sempre risco. O Paris Saint-Germain pagará 150 milhões de euros para contar com Ibrahimovic e Thiago Silva. Vale a pena? Quando o Real Madrid pagou 66 milhões de euros por Zidane, valia? E 95 milhões de euros por Cristiano Ronaldo. É loucura! Não é?
A loucura do São Paulo é rejeitar 38 milhões de duros por Lucas.  A conta que não fecha aqui, não fecha na Europa. Ou vale a pena pagar 95 milhões de euros por Cristiano Ronaldo.

O fatoé que os clubes brasileiros têm dinheiro e, se gastarem menos do que suas receitas, farão em breve um grande Campeonato Brasileiro. Mas esse dinheiro precisa estar organizado. Quanto vale a cammisa do Corinthians? Quanto os clubes devem receber pelas transmissões na Itália, Espanha, Japão, que já aconteceu? Quanto é possível mensurar isso?

Todas essas respostas estariam disponíveis se houvesse uma liga. Se os clubes negociassem juntos ou, pelo menos, existisse algum parâmetro. Não há. Com uma liga forte, o campeonato segue forte mesmo que o Inter quebre, por gastar mais do que arrecada.
Com uma liga fraca, o Corinthians vale R$ 1 bilhão, mas arrecada R$ 270 milhões. Poderia arrecadar mais, se houvesse um Banco Central do Futebol, capaz de dizer quanto vale cada ativo, quanto cada clube pode arrecadar por ano.

O São Paulo não vende Lucas, o Corinthians segura Paulinho, o Santos mantém Neymar, o Botafogo contrata Seedorf, o Inter traz Forlán... O cavalo está passando encilhado diante dos olhos dos dirigentes do futebol brasileiro. É preciso organizar esse movimento logo, rápido. Antes que o cavalo passe.

Diga rápido: você venderia Lucas por 38 milhões de euros? Esperaria por um valor perto de 50 milhões? Não venderia?