Por mais que a Fiel tente, não conseguirá uma explicação plausível para negar: Jael é cruel. Muito cruel.
Depois de uma badalada apresentação no ninho do urubu, digna dos grandes craques desconhecidos, em que não aparece nem o coelho da cartola para faturar o crédito, Jael estreou com o manto sagrado.
Entrou na reta final do segundo tempo e pegou duas vezes na bola. No primeiro lance, carimbou a trave; no segundo, aos 44min, estufou a rede do Coxa com uma cabeçada cruel, após brilhante cruzamento de Ronaldinho Gaúcho, e garantiu o voo do urubu à ponta do Brasileirão.
Uma liderança que poderia desaparecer 24 horas depois se o Corinthians mostrasse um pouco de competência contra o Furacão. Mas sucumbiu aos velhos erros, principalmente no ataque, e beliscou apenas um ponto contra o poderoso vice-lanterna.
Na verdade, a perda do primeiro lugar era questão de tempo. Nos últimos quatro jogos, ganhou sete pontos aos trancos e barrancos. Já o Flamengo venceu todos, com direito a um inesquecível espetáculo na Vila Belmiro.
De quebra, ainda bateu um recorde: 15 jogos sem perder no Brasileirão – em 1974, o time ficou invicto 14 partidas.
Certamente ainda falta uma longa caminhada, e o urubu até pode perder a liderança no meio da semana, pois o Corinthians tem um jogo a menos, mas já carrega pelo menos a pinta de campeão.
Dos males, o menor: por pontos perdidos, o Corinthians ainda é líder. Às outras bordoadas da rodada:
1) Botafogo, um show de bola em comemoração aos 80 anos do velho Lobo Zagallo: o Vasco vai ter de engolir por um bom tempo;
2) Com um tostãozinho de bola quando resolveu jogar sério, São Paulo vira na Ressacada e segue na caça aos líderes;
3) Santos faz o necessário para vencer, espantar a crise e sair do subsolo;
4) Na semana dos pais, a mãe da rodada: Fluminense – e o Coelho volta a sorrir, após 13 rodadas de jejum, com uma sonora lanternada nos cariocas;
5) Apito amigo dá uma força ao Internacional e derruba a Raposa – ‘papai’ Joel ganha o quarto presente de grego consecutivo;
6) Galo, de bico quebrado, cada vez mais perto da panela de pressão que arde no fogo da zona do agrião queimado – e Dorival Júnior paga o pato;
7) Dá-lhe, Baêa: uma vitória apertada, mas suficiente para um banquete de acarajé, já que o time respira mais aliviado na tabela;
8) Grêmio colabora com homenagens a 'são' Marcos pelos 15 anos no time profissional: uniforme branco sai praticamente como entrou, com um pingo de sujeira aqui e ali - poderia ir direto para uma moldura.
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‘Twitface’. A grande discussão da semana foi o comportamento de Fred ‘Slater’ e Rafael ‘He-Man’ Moura, ao lado de amigos, caipisaquês e besteiras à milanesa num bar do Arpoador. Não se falou em outra coisa nos... botecos. ‘Vou não, quero não, posso não, torcida não deixa não... ‘
Sugismundo Freud. Todo mundo condena, roda a baiana e até defende tese, mas no fundo adora mesmo uma fofoca.
Pica-Pau. Os encontros de apoio irrestrito ao rei da bola, o carismático Ricardo Teixeira, estão crescendo. Lembram o início do saco roxo que foi para o beleléu. Pelo jeito, ninguém quer ficar fora de uma pintada campanha #foraricardoteixeira. A primeira pipoca estourou no Rio, mais precisamente no dia do sorteio das eliminatórias da Copa de 2014. A panela esquentou e logo explodiu a segunda, desta vez em Porto Alegre. Prepare o milho e arraial.
Ad aeternum. A mamãe Fifa pode provar por A+B em mandarim que o goleiro Rogério Ceni marcou o centésimo gol apenas contra o Bahia, mas o capitão do Tricolor não vai mudar a matemática nem com recorde de cartão vermelho no currículo. O privilégio é do coração da Fiel e do amigo de fé Júlio César, o popular ‘braço de jacaré’. E não se fala mais nisso no soberano São Paulo.
Fuscão preto. O circo continua mais acelerado do que nunca no coração do canadense Jacques Villeneuve, campeão mundial com a Williams em 1997. Aos 40 anos e depois de 165 GPs, 11 vitórias e 13 poles, ele ainda morre de amores pela rebimboca mais badalada do planeta. Tanto que faz questão de assistir a todas as provas pela TV... se estiver acordado. Quase sempre, porém, está dormindo, já que não coloca o despertador para funcionar. Não vale a pena: fica irritado com as ultrapassagens, mais artificiais que modelo siliconada.
Gilete press. De Fernando Calazans, no ‘Globo’: “O presidente do Santos, Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, disse que só viu dois fenômenos no futebol: Pelé e Neymar. O que, naturalmente, só demonstra a pobreza do seu conhecimento de futebol.” E que pobreza!
Tititi d’Aline. Pouca gente sabe, mas Ronaldinho Gaúcho também é craque na cozinha. Os amigos chegam a chamá-lo de Palmirinha depois que experimentam seu principal prato: feijão, arroz, bife e batatinha.
Você sabia que... a multa rescisória de Fred ‘Slater’ é de 15 milhões de euros?
Bola de ouro. Bruno Cortês. No melhor estilo povão, o lateral do Botafogo comemorou o casamento com Juliana em um Habib´s. Os convidados devoraram esfihas, quibes, bolinhos de bacalhau. Uma lição de humildade.
Bola de latão. Flamengo. Até agora, a diretoria não pagou as premiações do Brasileirão. Também deve luvas e direitos de imagem a alguns jogadores, além de bichos da Libertadores de 2010 e do título carioca deste ano.
Bola de lixo. Vasco. O Trem Bala da Colina descarrilou no Engenhão: virou bonde aposentado. Menção honrosa: Fluminense. Um tremendo papelão na Arena do Jacaré, com direito a olé.
Bola de sete. “Eu não vejo o Ronaldinho Gaúcho na seleção novamente. O tempo passou. Precisamos pensar em 2014 e não em 2011” (do técnico René Simões, do Baêa – há controvérsias).
Dúvida pertinente. Brasileirão ou Rio-São Paulo?
