quinta-feira, 20 de junho de 2013

Copa das Confederações



16h00 Espanha 10x0 Taiti
19h00 Nigéria 1x2 Uruguai

Estacionou

As atuações de David Luiz (impecável) e de Thiago Silva (excelente) revelam que houve problemas. Eles aconteceram na cobertura e posicionamento dos laterais e resultaram em pane do time brasileiro no final do primeiro tempo.
Editoria de Arte/Folhapress
"Quero Thiago Silva ou então não precisam contratar zagueiro nenhum." A frase foi ouvida da boca do técnico do Barcelona, Tito Vilanova, por gente do Barcelona, ao final da temporada europeia. Ele fala sério. O Barça pode até comprar Hummels. Mas Tito só quer Thiago Silva.
David Luiz também salvou bolas importantes. Aos 13 do segundo tempo, Guardado cruzou e o beque do Chelsea tirou para escanteio. Era o mesmo erro de cobertura nas costas dos laterais, acentuado à medida em que o Brasil chamava o México para tentar contra-atacar.
Melhorou um pouco a partir dos 15 do segundo tempo, quando o Brasil voltou a ocupar o campo de ataque. Coincidiu com a mudança de sistema para o 4-3-3, com o ataque formado por Hulk, Fred e Neymar. Durou pouco, porque o time fica mais separado e com dificuldade para prender a bola no campo ofensivo. Aos 29, a numerosa torcida mexicana entoou um "sí, se puede", porque podia mesmo haver o empate.
Os pontos positivos apareceram até os 25 minutos da primeira etapa. Movimentação de Neymar e Oscar com inversão de posição constante. A saída de bola aconteceu com passes mais curtos, como era esperado pelo fato de o México não ter feito pressão. Favorável também não sofrer gol pela terceira vez e ver Neymar driblar no espaço de um lenço, como no belíssimo segundo gol.
O nono jogo de Felipão não permite dizer que a evolução prossegue. A décima partida é contra a Itália, mais montada pelas 39 vezes em que foi dirigida por Cesare Prandelli. E, diferente do México, incomodada por um tabu, o de não vencer o Brasil desde 5 de julho de 1982. São seis partidas, com três vitórias brasileiras e três empates.
Vai ser difícil.


Neymar, espetacular

Depois que perceberam a importância e a legitimidade das manifestações, até a CBF, a Fifa, Marin, Marco Polo Del Nero, governantes, amigos e parceiros do poder e corruptos, de todos os tipos, passaram a ser a favor dos protestos.
Só falta irem a passeatas e chorarem, enrolados na bandeira brasileira.
Se não fosse Neymar, o jogo terminaria empatado em 0 a 0. Ele foi espetacular, nos dois gols e durante quase toda a partida. Os torcedores do Barcelona devem estar eufóricos.
O Brasil jogou muito bem os primeiros 20 minutos e muito mal o restante da partida.
No início, o time marcou muito bem por pressão, tomou a bola com facilidade e criou chances de gol, graças à velocidade e habilidade de Neymar e, às vezes, de Hulk.
Depois disso, apenas belos lances de Neymar, como no gol de Jô.
Na metade do primeiro tempo, o México equilibrou o jogo. Foi melhor no segundo tempo. Apesar de não ter tido claras chances de gol, o México, pelos lados, principalmente no de Marcelo, fez vários cruzamentos, com perigo, da linha de fundo. Por detalhes, alguém, livre na área, não fez o gol.
O Brasil não sabe alternar as jogadas em velocidade com o jogo cadenciado e o domínio da partida.
Se soubesse, ficaria com a bola, trocaria passes e paralisaria o adversário.
Fred e Oscar tiveram atuações apagadas ontem. Continuam as dúvidas sobre as condições do Brasil para enfrentar as melhores seleções. Como os dois zagueiros são excepcionais, e temos Neymar, poderemos vencê-los, principalmente por jogarmos em casa, nos beneficiarmos do calor e estarmos com muito mais vontade para conquistar a Copa das Confederações.
JOGOS DE HOJE
Imagino que a Espanha, com os reservas, deve fazer menos gols no Taiti do que fez a Nigéria.
Com a ausência de Xabi Alonso, contundido, o time titular ficou ainda mais parecido com o Barcelona. Dos seis do meio para a frente, apenas Soldado, do Valencia, não atua no time catalão.
A defesa da Espanha é melhor que a do Barcelona, principalmente nas jogadas aéreas, com o zagueiro Sergio Ramos, do Real Madrid, ao lado de Piqué.
Daniel Alves é muito melhor que Arbeloa, no apoio, mas o lateral do Real Madrid marca mais, além de ser mais alto.
O Uruguai tem um pouco mais de chances que a Nigéria porque tem Suárez, um excelente atacante.
Suárez é um dos raros atacantes que unem habilidade e técnica com força física e agressividade.


Algumas vezes, passa do limite. Chegou até a morder um adversário, como se fosse um animal irracional.

Fortaleza, mas nem tanto

Jamais havia ido a uma praça esportiva em minha vida sob tanta tensão.
Dizer que não estava com medo dentro do ônibus disponibilizado pela Fifa para levar os jornalistas seria provocação e de provocadores estamos cheios.
Mas, pensei em alguns caros amigos que cobriram guerras pelo mundo afora como José Hamilton Ribeiro, o Zé Palmito, que perdeu uma perna no Vietnã, e em seu genro, Sérgio Dávila, além de Fernando Valeika de Barros, filho do inesquecível cavalheiro e editor de moda, Fernando de Barros, sem esquecer de Leão Serva e do xará Varella.
Deve mesmo ser uma experiência e tanto.
Porque ver rostos raivosos, sofridos, aos berros, e ouvir bombas e vê-las, não é coisa para quem está com o espírito de ir cobrir um simples jogo de futebol. Pobre Fifa.
Imagine o arrependimento pela escolha deste complexo Brasil. Imagine o Lula, apesar de alertado para o risco de que suas duas vitórias ao trazer Copa e Olimpíada para o país poderiam se transformar em tiros no pé. Pois é.
Curiosa e comovente a reação de quem estava dentro do Castelão, cantando o hino à capela e plenos pulmões.
Impressionante a reação do time, que saiu mordendo o México com volúpia que poderia ter resultado, no mínimo em dois, talvez três gols nos primeiros 20 minutos.
Ficou só em um, mais um, novo golaço de Neymar.
Passada a pressão inicial, os mexicanos equilibraram, assustaram e terminaram o primeiro tempo com 52% de posse de bola, situação invertida ao fim dos 90 minutos, com 51% de posse brasileira.
O segundo tempo foi mais tenso porque o México rondou a área nacional com a picardia de Giovani dos Santos e David Luiz teve de ser, atrás, o leão que Hulk é na frente.
O time de Felipão dá mais um passo, ganha corpo, bobeia ainda, seja em gestos impensados dos dois laterais, um que dá chapéu na área, outro que deixa a mão no rosto do rival, seja na dificuldade em sair jogando com mais qualidade, o que explica parte do predomínio azteca.
Verdade que o jogo dos mexicanos encaixa com o nosso e o nosso encaixa menos com o deles.
Verdade também que Neymar, inspirado, resolve os problemas não só ao fazer o gol que fez como ao dar o passe que deu para Jô ampliar nos acréscimos. Melhor ainda: os dribles que aplicou em dois adversários antes de dar o passe. Ou o chapéu que deu num zagueiro e no árbitro inglês ao mesmo tempo.


Fortaleza viveu o que temos de melhor e pior no mesmo dia. Para mim, deu.

Longe de tudo

Alexandre Gallo foi o observador destacado por Luiz Felipe Scolari para mapear o México antes da partida de hoje contra a seleção brasileira, em Fortaleza.
Sua análise da estreia mexicana contra a Itália indica uma equipe forte para marcar apenas do meio de campo para trás.
Avançar os volantes e pontas para pressionar a saída de bola do Brasil é um risco muito grande para os mexicanos, por terem um zagueiro lento como o veterano Francisco Rodriguez.
Esse diagnóstico parece correto. E também positivo para o tipo de jogo atual de Felipão.
Pressionado na marcação dos laterais e volantes, o Brasil entrega a bola aos zagueiros e lança. Não tem rifado a bola, na gíria dos boleiros, porque Thiago Silva e David Luiz são ótimos passadores. Mas usá-los para lançamentos só será bom como uma alternativa, nunca como obrigação causada pela falta de outras opções.
A estratégia mais atual para sair do aperto na defesa é usar a paciência como antídoto. Rodar a bola, tocar no lateral, voltar no volante, tocar no zagueiro, inverter o lado da jogada...
Pelo diagnóstico de Gallo: não dá!
"No Brasil, a torcida não tem paciência para ver a seleção trocando tantos passes atrás. Às vezes, temos de acelerar mais", Gallo afirma.
Está errado! Primeiro é preciso corrigir a deficiência, saber jogar em espaços curtos, melhorar a transição da defesa para o ataque.
Em seguida, utilizar a facilidade de passe de Thiago Silva e David Luiz como um elemento surpresa.
O Brasil ainda gosta de espaços largos.
A polícia também.
Em Fortaleza, a promessa de mais uma manifestação em torno do estádio fez a PM montar bloqueios nos quatro acessos ao Castelão a 1,5 km. Os torcedores terão ônibus gratuitos para a ida e a volta.
Foi a maneira encontrada para evitar tentativas de invasão e conflitos com a PM, como os que ocorreram em Brasília.
A estratégia policial pode até servir para impedir confusões. Em ambos os casos, da seleção e da manifestação, só há um remédio: aproximação.
Felipão precisa aproximar seus dois volantes dos três armadores para permitir, a cada passe recebido, duas ou três opções para entregar a bola.
A parcela dos protestos relacionada à Copa do Mundo diz respeito a governos estaduais e federais incapazes de compartilhar e divulgar decisões com a população.
É uma decisão coerente com esse distanciamento, portanto, criar uma barreira e manter o povo afastado 1,5 km do estádio.


O México não vai marcar por pressão. Mesmo assim, em campo, uma atuação com laterais, volantes e zagueiros longe de tudo pode ser fatal.