Reuters
Jogadores do Barça pulam em Messi para comemora o segundo gol do argentino no jogo contra o Milan
Jogadores do Barça pulam em Messi para comemora o segundo gol.
Marcação avançada com pressão no homem da bola, toque envolvente e sempre em busca do gol, movimentação e troca de posições e funções dentro do tradicional 4-3-3 para confundir o adversário.

O Barcelona entrou com fibra para provar que o ciclo de um dos melhores e maiores times da história do futebol não tinha acabado. Mas foi o resgate na prática dos próprios princípios de jogo dos tempos de Guardiola que construiu o massacre sobre o Milan no Camp Nou.

O time rossonero até tentou repetir as duas linhas de quatro muito próximas com Ambrosini entre elas. Mas como compactar na recomposição tendo a bola roubada no próprio campo? E como garantir a vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões tendo a bola no jogo nos pés de Niang após falha de Mascherano e acertar a trave, um minuto antes de sofrer o segundo gol?

O 4-1-4-1 de Allegri foi desmontado também pela movimentação do time catalão. Com Messi saindo da zona de ação do “falso nove” e procurando os flancos, especialmente o direito, Ambrosini perdeu a função. Não tinha a quem marcar.

O avanço de Daniel Alves e a inexistência de um ponteiro à direita – Villa no centro do ataque e Pedro pela esquerda – induziram El Shaarawy a abandonar Constanti e avançar como atacante, se juntando a Niang contra Piqué, Mascherano e Jordi Alba mais contido, emulando a função de Abidal pela esquerda. Mais um resgate.

Domínio estratégico, técnico e controle da bola - média de 68% de posse de bola. Faltavam os gols. Messi começou a resolver o problema no primeiro tempo com duas conclusões precisas, mesmo cercado por adversários. O 58º na UCL, superando Van Nistelrooy e a apenas treze gols do recordista Raúl. Questão de tempo.

Solução óbvia: se um time conta com um dos atacantes mais letais de todos os tempos, é dever utilizá-lo. Se há Xavi e Iniesta para municiá-lo, torna-se obrigação.

Olho Tático
Barça desmontou o 4-1-4-1 rossonero com marcação adiantada, Daniel Alves avançado, Messi fugindo de Ambrosini pelos lados e Villa enfiado.
Barça desmontou o 4-1-4-1 rossonero com marcação adiantada, Daniel Alves avançado, Messi fugindo de Ambrosini pelos lados e Villa enfiado.

Villa também mostrou seu poder de finalização entrando em diagonal, como nos bons tempos da temporada 2010/11 e encaminhando a classificação. No final, para compensar tanto esforço para uma remontada improvável antes da bola rolar, entrou em campo um Barcelona mais pragmático.

Adriano foi ajudar Jordi Alba pela esquerda e as linhas antes avançadas se entrincheiraram para conter um Milan ofensivo com Bojan, Muntari e Robinho se juntando a El Shaarawy e Boateng na frente. Em alguns momentos era possível ver o Barça com cinco jogadores na última linha defensiva.

Olho Tático
No final, Barcelona pragmático com cinco na última linha defensiva em vários momentos para conter um Milan ofensivo após as mudanças de Allegri.
No final, Barcelona pragmático com cinco na última linha defensiva em vários momentos para conter um Milan ofensivo após as mudanças de Allegri.

Mas houve tempo, fôlego e espaços para contragolpes com Sánchez, que entrou na vaga do exausto Villa, Messi e Alba, que em rara aparição à frente marcou o quarto gol e definiu a vaga e a redenção do melhor time do mundo.

A dúvida que fica é se a equipe catalã só jogará o seu melhor se provocada, “mordida”. Por ora, cabe a quem ama o futebol bem jogado celebrar a volta do Barcelona essencial, “de raiz” que assombrou e ainda pode encantar o planeta bola.