quarta-feira, 13 de março de 2013

A "liga dos sonhos" que pode desafiar os donos do jogo

Não basta ter levado a Copa do Mundo de 2022 para o Qatar em circunstâncias para lá de suspeitas. Os bilionários do petróleo querem balançar as estruturas do futebol mundial com a criação de uma "liga dos sonhos" com os principais clubes do planeta. O projeto, que será apresentado em abril, é de um torneio de verão com atrativos financeiros que superam competições oficiais como a Champions League e o Mundial de Clubes.

O plano da "Dream Football League" é reunir 24 das principais equipes do futebol mundial nos anos ímpares, para evitar coincidência com a Copa do Mundo e a Eurocopa. Destas equipes, 16 seriam participantes fixas e as outras oito poderiam mudar a cada edição. O orçamento previsto é de cerca de 2 bilhões de euros por clube, entre bônus e gastos com estrutura de hospedagem, treinamentos, etc. Um clube de ponta da Premier League, apenas para participar, receberia em torno de 200 milhões de euros. Para efeito de comparação, o Chelsea acumulou cerca de 60 milhões pela conquista da Champions.

Dream Football League

O projeto é ambicioso. Fala até em transmitir as partidas nos estádios "locais" dos clubes participantes através de holografia, e uma tecnologia que faria o barulho do torcedor em Old Trafford, por exemplo, ser reproduzido imediatamente nos campos de jogo.

O torneio seria disputado no Qatar, nos estádios climatizados que devem ser usados no Mundial, e em outros países do Oriente Médio. Os tentáculos do petróleo já estão em pontos estratégicos do futebol europeu: são donos do Paris Saint-Germain e patrocinadores do Barcelona.

O que entidades como Fifa, Uefa e ligas nacionais pensariam a respeito? Ainda não houve manifestações oficiais, mas naturalmente a iniciativa qatari será vista como uma provocação, um desafio aos "donos do futebol". E a resposta poderia vir com ameaças de desfiliação, por exemplo. A não ser que os interesses pessoais de determinados dirigentes sejam colocados à frente, é claro.

Em tempos de corte de gastos e tentativa de implantação do fair-play financeiro, a ida dos grandes clubes a um torneio do gênero causaria um abismo ainda maior nas receitas em relação aos seus rivais domésticos e até mesmo continentais. O tamanho da recompensa faria com que os clubes pouco se importassem com o número de jogos "pesados" antes da temporada para valer.

Uma "superliga" de clubes já foi discutida no passado, especialmente na época do G14, que reunia um número limitado de potências europeias. A expansão do grupo (para dar-lhe voz ativa nas discussões com a Uefa) o transformou na Associação dos Clubes Europeus e diminuiu um pouco desta conversa.

Porém, os cifrões devem brilhar nos olhos daqueles que dirigem os times mais fortes da Europa. E uma nova queda de braço pode se estabelecer a qualquer momento. A liga "dos sonhos" do Oriente Médio pode se transformar em dor de cabeça para muita gente.