sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mundial Sub-20

16h30 Inglaterra 0x0 Coreia do Norte
19h30 Áustria 0x0 Panamá
19h30 Argentina 1x0 México
23h00 Brasil 1x1 Egito

Brasileiro série B

19h30 Criciúma 1x0 Americana
19h30 ASA 4x3 ABC
21h00 Vila Nova-GO 1x0 Salgueiro
21h50 Duque de Caxias 2x3 Goiás

Campeão da Libertadores-2009 será o novo técnico da Argentina

Quase cinco dias após a demissão de Sergio Batista, Alejandro Sabella, 56, campeão da Libertadores-2009 com o Estudiantes, foi confirmado como novo técnico da Argentina, segundo o secretário-geral da AFA (Associação de Futebol Argentino), José Luis Meiszner.

Cèsaro de Luca-5.mai.10/Efe
Alejandro Sabella durante jogo do Estudiantes na Taça Libertadores-2010
Alejandro Sabella durante jogo do Estudiantes na Taça Libertadores-2010

"Sabella foi o escolhido. A decisão já foi tomada", disse o dirigente à agência argentina "Télam", que também confirmou que o diretor técnico Carlos Bilardo foi desvinculado do cargo e será o novo assessor do presidente da AFA, Julio Grondona.
Sabella vai firmar contrato até a Copa de 2014, mas só deve ser apresentado oficialmente na próxima semana, pois aguarda ainda o rompimento de seu antecessor com a AFA. O novo treinador terá também de romper um acordo que tinha com o Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos.
A estreia no comando da seleção argentina será em setembro, com dois amistosos na Ásia. O primeiro jogo será contra a Venezuela, no dia 2, e o segundo contra a Nigéria, dia 6. Em outubro, vai iniciar a disputa das eliminatórias sul-americanas contra o Chile.

Mourinho faz conferência telefônica com Neymar para contratá-lo

 O Real Madrid ataca em várias frentes para tentar a contratação do atacante Neymar, do Santos. O técnico da equipe espanhola, o português José Mourinho, até já conversou com o jogador através de uma conferência telefônica, que também teve a participação do presidente do clube madrilenho, Florentino Pérez, e do agente do atleta, Wagner Ribeiro.
A informação está na coluna Painel FC, assinada por Eduardo Ohata e Bernardo Itri, publicada nesta sexta-feira pela Folha. A íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
No contato, Mourinho abriu as portas do Real para receber Neymar neste momento. "Garoto, vem pra cá" foi uma das frases que o treinador português disse a Neymar, que estava próximo a seu pai e respondeu que estava analisando a proposta.
A conferência telefônica envolveu três países. Florentino Pérez, que colocou Mourinho na conversa, estava na Espanha. O treinador, nos Estados Unidos, realizando pré-temporada com o elenco do Real. E Neymar já estava no Brasil, após disputar a Copa América.
Neymar, porém, continua com vontade de disputar o Mundial de Clubes, no fim do ano, pelo Santos. É irredutível também a posição do Real Madrid, que pressiona para ter o atacante já para a temporada 2011/2012. O clube já aceitou pagar a multa rescisória de 45 milhões de euros (R$ 102 milhões) para ficar com o jogador.
O Real Madrid sofre a concorrência do Barcelona, que também já aceitou pagar a multa rescisória.

Um GP, Hungria, e seis candidatos à vitória

O atual campeão do mundo, líder do campeonato e vencedor de seis das dez etapas disputadas este ano, Sebastian Vettel, da Red Bull, afirmou, resignado, ontem no circuito Hungaroring, em Budapeste, quanto ao GP da Hungria: “É só ver a tendência das últimas três, quatro corridas. Vamos lutar com Ferrari e McLaren aqui”. Hoje começam os treinos livres.
  A primeira derrota da Red Bull na temporada foi em Nurburgring, domingo, quando Vettel e o companheiro, Mark Webber, se classificaram em quarto e terceiro. E disseram: “Era o máximo possível”. Venceu Lewis Hamilton, McLaren, seguido por Fernando Alonso, Ferrari. “Fui para casa, na Alemanha, permaneci dois dias lá e refleti bastante”, comentou, ontem, Vettel.
  “Está todo mundo na equipe trabalhando o tempo todo e já para esta prova temos novidades no carro”, disse o alemão. “Precisamos reagir já, não somos mais os mais velozes. Uma coisa é a classificação outra é a corrida”, emendou Webber. A Red Bull estabeleceu as dez poles do campeonato. Restando com o GP da Hungria nove etapas para o encerramento do calendário, a Red Bull tenta evitar maior aproximação dos adversários. Vettel lidera com 216 pontos seguido por Webber, 139, Hamilton, 134, e Alonso, 130.
  Contra o que se imaginava, Ferrari e McLaren desenvolveram seus modelos mais que a Red Bull e já a partir de hoje é possível que seis pilotos, desses três times, iniciem a disputa que reúne elementos para ser a melhor do ano até agora. “É um grande momento da Fórmula 1”, declarou Jenson Button, da McLaren. “Tivemos quatro vencedores distintos nas últimas quatro etapas e aqui são seis pilotos com chance de ganhar.”
  O cenário para a segunda metade do Mundial é alentador. Lewis Hamilton, da McLaren, era outra pessoa, ontem, depois de vencer em Nurburgring. Conversava solto: “Se essa temperatura se mantiver assim será maravilhoso para nós. Nós sofremos no calor”. Choveu o dia todo, ontem, e a temperatura máxima ficou em 22 graus Celsius. Na Alemanha, domingo, não passou dos 13 graus.
  Falou mais, Hamilton: “Sou daqueles que tira tudo de si e mais um pouco. Às vezes é minha equipe que tenta me manter sob controle”. Esse ímpeto todo já provocou incidentes com outros pilotos que valeram punições a Hamilton. Mas é um piloto imprescindível para a competição por conta de sua vontade contagiante de dar o melhor de si em qualquer condição. E sempre com enorme competência.
  Com exceção do bom quarto lugar no ano passado, Felipe Massa, companheiro de Alonso, sempre se viu envolvido em algo que comprometeu melhor resultado na Hungria. “Em 2007, na classificação, tive um problema na classificação e larguei lá atrás. Em 2008, liderava até três voltas do fim quando quebrou o motor e em 2009 sofri o acidente.”
  Mas nunca este ano suas perspectivas de lutar pelas primeiras colocações foram tão boas. “Com os pneus macios e supermacios temos boas chances aqui.” Alonso acredita que vários fatores ajudaram a McLaren ser supercompetitiva em Nurburgring. “Nesta pista (Hungaroring) penso que seremos mais rápidos que eles, não faz o frio da Alemanha que tanto os ajudou.”

Kleber, Ronaldinho e Thiago Neves no tribunal é exagero por Antero Greco

Tribunal Esportivo é importante, mas às vezes exagera no zelo. Na pauta da sessão marcada para hoje está o julgamento de Kleber por falta de fair-play no jogo em que Palmeiras e Flamengo empataram por 0 a 0 na semana passada. O atacante foi denunciado porque não colocou uma bola pra fora, como cortesia. Em vez de ceder o lance para o adversário, resolveu arriscar o chute a gol. O gesto provocou início de tumulto. A atitude de Kleber foi tosca – eu disse isso na tevê, além de escrever aqui e na coluna no Estadão. Faltou-lhe cavalheirismo, picardia, elegância. Em seu favor, alegou no dia seguinte que os jogadores do Fla também não se comportaram com altivez em diversos momentos. Citou cotoveladas, faltas ríspidas e abuso de cera.
Erros, sem dúvida. Mas que não justificavam sua reação. Kleber seria diferente – e superior – se mostrasse desprendimento e não se mantivesse no nível dos demais, que considerou baixo e antidesportivo. Perdeu oportunidade de dar lição e agir como verdadeiro “Gladiador”.
Daí a ser levado para o tribunal há um disparate. O fair-play é bonito e o defendo. A Fifa sempre prega cortesia e lisura como partes integrantes do jogo, embora nem sempre faça uso dessas qualidades. Só que não há regra escrita determinando que um atleta que, numa bola ao chão, não possa ganhar a dividida. Kleber fez papelão, mas não descumpriu regulamento, apesar de ser denunciado no artigo 258 do Código de Disciplina (assumir atitude contrária à disciplina e moral esportiva).
Da mesma forma, considero severa demais a perspectiva de Thiago Neves e Ronaldinho Gaúcho pegarem até 10 jogos de suspensão por terem forçado terceiro amarelo, no mesmo jogo, e assim evitarem o confronto com o Ceará. Ambos acharam mais conveniente zerarem logo a série e trataram de levar a arbitragem à punição que lhes interessava.
Ok, é falta também de fair-play, mas nenhum crime contra o esporte. O ‘erro’ de Thiago Neves foi o de ter sido sincero, ao admitir a manobra, aliás tão comum, nem por isso uma lindeza. O procurador do tribunal, Paulo Schimitt, disse que o futebol não pode ser um vale-tudo – e assino embaixo. Mas esse é um pecadilho, um pecado venial, diante das botinadas, carrinhos, entradas criminosas, cotoveladas muitas vezes ignoradas.
Um pito – e olhe lá! – nos dois rubro-negros já estará de bom tamanho. Carga pesada, de fato, deveria ocorrer sempre contra os desleais e violentos. Esses têm de ser combatidos. Meu maior sonho, porém, é ver um dia um tribunal  punir cartolas e afins que não agem com fair-play e transparência com um bem cultural e público tão importante como o futebol. Aí, sim, será um festival e tanto de condenações, suspensões, afastamentos.
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A magia da bola

Numa dessas conversas de fim de expediente, recentemente, o amigo e jornalista Wilson Baldini Jr. fez observação com a qual concordo: "O futebol passa por crise técnica". Quem, por exemplo, elegeríamos para concorrer com Messi ao título de craque do ano, como faz a Fifa? Hoje temos grandes jogadores, mas pouquíssimos superastros internacionais. Nem por isso ele tem perdido emoção ou contabilizado redução no número de seus fanáticos seguidores. Ao contrário! Dois jogos do Brasileirão anteontem atestaram, novamente, por que se trata do esporte mais popular do mundo.

Gols, grandes jogadas, erros incríveis, alternância no placar. Numa mesma noite - épica, por sinal -, a bola criou heróis e vilões, personagens que viverão dias distintos pelo menos até a próxima rodada. Refiro-me, claro, a Santos 4 x 5 Flamengo e Coritiba 3 x 4 São Paulo. No Couto Pereira, 26 mil pessoas prestigiaram o Coxa, apesar do frio, e, na Vila, 13 mil assistiram a uma das partidas mais espetaculares dos últimos tempos.
Numa época em que a informação chega cada vez com mais velocidade e as notícias são precocemente descartadas, um jogo de meio de semana cai, em algumas horas, no esquecimento. Certamente não é o que ocorrerá com os dois citados acima.
Ronaldinho Gaúcho e Neymar encheram os olhos do torcedor. O flamenguista jogou como nos tempos de Barcelona, com lances notáveis e três gols, um deles genial - aliás, vale a pena guardar a brilhante atuação, rara nos últimos cinco anos. E o santista humilhou a defesa adversária, com dois belos gols (um de placa) e passes precisos. Um clássico para ficar na eternidade!
Pode parecer antipático falar em vilão num confronto como o da Vila. Mas não dá para ignorar a cobrança de pênalti displicente de Elano, dez dias depois de ter falhado com a seleção na Copa América. O meia, em tom humilde, reconheceu o erro e se desculpou com a furiosa torcida alvinegra. O goleiro Felipe, após a defesa na "cavadinha" do adversário, também não precisaria ter feito embaixadinhas com a bola. Não sou daqueles que acham que tudo tem de ser politicamente correto, mas bom senso e responsabilidade não fazem mal a ninguém. Ele havia sofrido três gols em menos de meia hora. Felipe, embora seja um respeitável camisa 1, peca muitas vezes por seu comportamento imaturo.
Assim como pecaram os santistas após terem aberto 3 a 0 no placar. Um time com a categoria do Santos, atuando em casa, não pode permitir uma reação tão impressionante do oponente. O Flamengo, claro, teve méritos e contou com Ronaldinho Gaúcho em apresentação iluminada, mas a equipe da Baixada relaxou, afrouxou na marcação e deixou a simplicidade de lado. Pagou caro e, no futuro, vai lamentar os 3 pontos perdidos.
Ao mesmo tempo em que premia craques como Ronaldinho e Neymar, a bola pune. Foi por pouco que o São Paulo não saiu de Curitiba com um resultado desastroso numa partida memorável. Por ter também se acomodado. Vencia o Coritiba por 4 a 0 (com um bonito gol do menino Lucas) até a metade do segundo tempo e tinha um jogador a mais em campo. O espectador que desligou a TV aos 20 minutos da etapa final e foi para a cama provavelmente levou um susto ontem pela manhã. Os curitibanos fizeram três gols e tiveram chance de igualar o marcador no fim. O empate seria um justo castigo para os são-paulinos e um merecido prêmio para o valente time da casa. A torcida, em reconhecimento ao esforço, aplaudiu de pé os atletas.
A magia do esporte bretão foi celebrada também na Europa anteontem. Se não tivesse assistido à final da Supercopa da França, eu não acreditaria no que ocorreu na cidade de Tanger, no Marrocos. O Olympique de Marselha conquistou o título ao vencer o Lille por 5 a 4. Até os 40 do segundo tempo perdia por 3 a 1. Isso significa que cinco dos nove gols surgiram nos minutos finais.
Por mais que muitos dirigentes de clubes, entidades nacionais e da Fifa usem a bola como meio para tirar proveito pessoal, o futebol deu mais uma mostra, nesta quarta-feira, de que é imortal.


Procuradoria do STJD pode propor transação disciplinar para RG e TN

Conversei com o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, que ofereceu denúncia ao Tribunal envolvendo Thiago Neves, Ronaldinho Gaúcho e Kleber. Os jogadores foram incursos no Art. 258 (Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral desportiva, em relação a componente de sua representação, representação adversária ou de espectador). A pena varia de uma a dez partidas, provas ou equivalentes.

Dependendo do andamento das provas processuais apresentadas pela Defesa, a transação disciplinar pode ser feita pela Procuradoria, com base na pena prevista no artigo a que responde o denunciado. Caso o departamento jurídico do clube a que pertence o jogador aceite a proposta, assim como o auditor e o relator, o processo se encerra.

Se isso não acontecer, o julgamento prossegue naturalmente para que os auditores do STJD possam decidir o caso.

No entendimento de Paulo Schmitt, Thiago Neves e Ronaldinho Gaúcho vivem situação diferente a do atacante Kleber. Os jogadores do Flamengo estariam mais próximos de alcançar a transação disciplinar.

“Até mesmo uma advertência pode ser proposta como forma de alerta, isso no caso dos atletas do Flamengo. Com relação ao Kleber, considero mais difícil este tipo de transação devido às declarações dele após a partida”, avaliou o Procurador do STJD.

A inusitada entrevista de Thiago Neves causou estranheza a Paulo Schmitt. “A gente sempre ouve história de mala branca, preta, armação de resultado, mas ninguém admite. Agora, quando alguém vem a público falar do tema, isso merece um julgamento, pois é algo que fere os princípios desportivos”, destacou Schmitt.

Se houver acordo com relação a punição, mesmo que seja um jogo, os atletas terão que cumprir a pena, pois a suspensão automática não configura que os jogadores já foram punidos.

O julgamento dos atletas acontece nesta sexta-feira, na Quarta Comissão Disciplinar do STJD. No entanto, Paulo Schmitt não é o Procurador nesta Comissão. Ele atua somente no pleno, o STJD.



Veja a entrevista de Paulo Schmitt!
O que é a Transação Disciplinar Desportiva?
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva, no Art. 80-A, prevê a possibilidade de o Procurador propor ao infrator uma transação, aplicando-lhe uma pena que não ficará registrada na sua ficha para efeitos de reincidência, mas apenas para não utilizar o benefício novamente no prazo de um ano.

Essa transação é semelhante à Transação Penal, aceita para os crimes de menor potencial ofensivo.

Mourinho chega em silêncio para julgamento na Uefa; decisão deve sair ainda hoje

O técnico do Real Madrid, José Mourinho, já está dando suas justificativas junto ao Comitê de Apelação da Uefa na sessão que analisa o pedido do clube merengue de que a entidade anule a suspensão de cinco partidas e 50 mil euros (cerca de R$ 112 mil) imposta ao treinador por suas “declarações inapropriadas” depois do primeiro jogo das semifinais da Champions League da última temporada diante do Barcelona.

Mourinho não deu nenhuma declaração aos jornalistas no momento de sua chegada ao tribunal. Acompanhado por dirigentes e advogados do Real Madrid, o português chegou ao local cerca de dez minutos antes do horário estipulado para o início da sessão.

Ainda não há confirmação oficial, mas fontes ligadas à Uefa garantem que a decisão do Comitê de Apelação será conhecida ainda nesta sexta-feira por meio de um comunicado publicado no site da entidade, “provavelmente antes do meio-dia” (horário local).

O técnico do Real Madrid foi punido por cinco partidas (das quais já cumpriu uma, no jogo de volta da semifinal contra o Barça) por ter afirmado durante entrevista coletiva após o primeiro confronto entre os dois times que o time azul-grená era beneficiado pela arbitragens na Liga dos Campeões.

Entenda o jogo político que move a virada de mesa no futebol argentino

Presidente da Associação de Futebol (AFA) desde 1979, Julio Grondona é um desses cartolas que deveriam desaparecer do futebol. Não por acaso hinchas argentinos tocam o movimento @chaugrondona no twitter. É evidente que o dirigente é o principal personagem da virada de mesa em curso no futebol argentino.

O sanguinário general Jorge Rafael Videla, que deu golpe de Estado em 1976, e Grondona
O sanguinário general Jorge Rafael Videla, que deu golpe de Estado em 1976, e Grondona

Grondona sinalizou que a mudança era certa, mas agora já diz que a alteração no sistema do campeonato não é algo garantido. Alega, ainda, que o descenso do River Plate não é a razão principal desse absurdo. E aí faz sentido. Grondona vem defendendo a chamada “federalização” do futebol, com mais times do interior na elite.

O site Futebol Portenho reproduz trechos de uma entrevista na qual o cartola diz: “Desde que cheguei à AFA, uma das minhas prioridades é a federalização. Há muitas coisas que precisam mudar, e é preciso ajudar os clubes. O River não tem nada a ver com isso. Faz tempo que pensamos em um novo torneio”.

Tamanha desfaçatez não surpreende. Soa patética tal frase se lembrarmos que Grondona comanda a AFA há 32 anos, chegou ao comando da entidade uma década antes de Ricardo Teixeira assumir a CBF. O artifício pretende incluir a B Nacional (segunda divisão) no projeto Futbol para Todos, que pode ser traduzido como "dinheiro público gasto com direitos de televisão".

Se a virada de mesa se concretizar, os times da segundona também passarão a ter suas partidas exibidas pela TV pública, ou seja, canal aberto bancado pelo governo, como já acontece com a divisão principal. E isso é de grande interesse da presidenta Cristina Kirchner, que usa e abusa do futebol como plafaforma política.

Até lances de arquibancadas de pequenos estádios são erguidos com apoio presidencial. Quando estava na presidência, seu marido, Nestor, que morreu em outubro de 2010 e torcia pelo Racing, jamais se inibiu diante das possibilidades de projeção que o esporte propociona aos políticos.

Já a Copa América foi espalhada pelo país não apenas para levar as seleções participantes a outras cidades argentinas, mas também para agradar eleitores e dar sequência à estratégia presidencial. Agora Grondona deve ajudá-la a conduzir os principais times do país pelo interior, algo que o River Plate já vai fazer de qualquer forma por ter caído.

O dirigente afirma que os clubes não serão sobrecarregados, que jogarão os mesmos 38 jogos por temporada e que clássicos seguirão acontecendo. Pode ser, mas é evidente que para isso o campeonato argentino terá muitas partidas sem atrativos, mesclando equipes mais fortes com outras que não teriam condições de disputar a primeira divisão sem virada de mesa.

E isso ajuda a entender que a manobra é muito mais ambiciosa, ampla e asquerosa do que um simples movimento para recolocar um time importante na elite, tanto que o River jogará a segundona. O presidente da AFA diz que tudo depende do ok da assembléia, em outubro, mas não passa de conversa fiada, especialidade de políticos e cartolas aqui e lá.

Torcedores programam uma manifestação para quarta-feira, dia 2. A indignação popular e a péssima repercussão que tal medida gerou provocaram o recuo. Kirchner não seria tola de seguir à frente disso nesse momento. Melhor esperar as coisas se acalmarem. E seus eleitores distantes de Buenos Aires curtirem a ideia. Até por ser ano eleitoral na Argentina.

A mesa do futebol argentino já foi virada.

Grondona com a presidenta Cristina Kirchner: sempre ao lado do poder
Grondona com a presidenta Cristina Kirchner: sempre ao lado do poder