segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Morre Manguito, campeão mundial pelo Flamengo em 1981


Manguito, o quarto a partir da esquerda, posa com o time antes da final do Brasileiro de 1980
Manguito, o quarto a partir da esquerda, ao lado do goleiro Raul, posa com o time antes da final do Brasileiro de 1980
Três dias depois do aniversário de 31 anos da conquista do título mundial de 1981, o Flamengo perdeu um de seus herois. Faleceu na noite deste domingo o ex-zagueiro Manguito, vítima de um infarto. Batizado como Alberto Gonçalves, o ex-jogador tinha 59 anos e estava um evento na Lapa quando sentiu-se mal. O ex-jogador conquistou oito títulos com a camisa do Flamengo: Campeonato Carioca (1978 e 1979, por duas vezes), Ramón de Carranza (1979 e 1980), Campeonato Brasileiro (1980), Copa Libertadores (1981) e Campeonato Mundial de Clubes (1981). 

Manguito esteve no Flamengo de 1978 a 1981 e disputou 116 jogos, tendo marcando um gol. O velório do ex-jogador será nesta segunda-feira, no Clube Pavunense, na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro. Às 16h, será realizado o enterro no Cemitério de Irajá. Nos últimos anos de vida, Manguito disputava alguns amistosos pela equipe de masters do Flamengo, junto com outro jogadores da Era Zico. 

Inglês

18h00 Reading 2x5 Arsenal

Espanhol

17h00 La Coruña 0x0 Valladolid
18h30 Celta 0x1 Betis

Artigo definido


O corintiano passou o domingo a soltar rojões, caprichou no buzinaço, entornou estoques de suco de cevada, se esgoelou, endoideceu. Com razão. Não é a todo momento que se conquista um mundial, proeza para curtir, degustar, relembrar sempre. De quebra, Tite e os rapazes dele confirmaram, no Japão, as profecias maias, que há sei lá quantos séculos previam para agora o fim de uma era.
E não é que estava certo o pessoal que habitava a América antes do Colombo e das invasões colonialistas e predatórias de espanhóis e portugueses? De fato, acabou o tempo... de zoar a Fiel. Neste ano, caíram duas vigas mestras que sustentavam antigas chacotas: a falta de Libertadores e um Mundial com carimbo no passaporte. Vieram ambos, e de lambuja ergue-se o Itaquerão, belo e garboso. Terminou a gozação, ou no mínimo se esvaziaram papos de boteco. Sem graça...
Mas há graça, e muita. Na verdade, ela está na impressionante reconstrução alvinegra num período de cinco anos. O time foi do fundo do poço, em dezembro de 2007 com a queda para a Segunda Divisão, ao topo do mundo em dezembro de 2012. Nesse meio-tempo, acumulou a conquista do Acesso (2008), o Paulista e a Copa do Brasil de 2009 e o Brasileiro de 2011, antes de chegar ao ápice com as proezas recentes. O clube se reestruturou, investiu em marketing agressivo, apostou em projetos (e vale usar palavrinha tão desgastada).
O 1 a 0 sobre o Chelsea não veio por acaso. O placar foi desdobramento do processo de renascimento, remontagem e reforma de um símbolo centenário que apodrecia e que precisava de uma chacoalhada. Exageros à parte - e existem, por paixão, demagogia ou interesse -, a sacudida ocorreu e deu frutos.
O Corinthians está cada vez mais popular, ao mesmo tempo em que se sofistica como instituição. Faz viver em harmonia o tradicional e o moderno. Por isso, sabe tirar proveito do estereótipo folclórico dos fãs ("É nóis, mano!, "Vai, Corinthians!" são marcas registradas) e, assim, avança sobre os concorrentes, ganha dinheiro e coleciona taças. Ou seja, de bobo e ignorante não tem nada.
Como não foi tosco em nenhum detalhe na disputa do Mundial. O Corinthians dedicou-se ao sonho, se preparou para fazer bonito. Não embarcou para o Oriente como se fosse para uma excursão de fim de ano nem encarou os jogos com Al Ahly e Chelsea como enfadonhos compromissos comerciais. Escrevi algumas vezes que não importava o que pensavam os ingleses, e sim o valor que se dá, por aqui, ao troféu da Fifa. Para o Corinthians, era valioso. E veio.
O apreço pelo prêmio internacional ficou estampado na reação da torcida, que azucrinou ouvidos nipônicos nestes dias, e sobretudo na aplicação dos jogadores e na seriedade de Tite, artífice de um Corinthians econômico no espetáculo (1 a 0 é o placar favorito), mas objetivo e eficiente.
O Corinthians jogou para ganhar "a" taça. O Chelsea foi disputar "uma" taça. A diferença entre artigo definido e indefinido valeu a glória alvinegra. Heróis? Todos. Mas menção especial para Tite, para Guerrero, o autor do gol, e para Cássio, um assombro que trancou as redes.
Pausa. Foram em torno de 200 crônicas em 2012, num espaço nobre. Agradeço a gentileza e a paciência de você que me acompanha quatro vezes por semana (fora edições extraordinárias), o que torna enorme minha responsabilidade. Faço uma parada, para retomar fôlego. Feliz Natal, com o olhar carinhoso do Menino. Nos vemos em meados de janeiro.

Mais que guerreiro!


A confissão de Jorge Henrique de que foi à semifinal Chelsea x Monterrey apenas porque queria ver o Chelsea jogar foi parte da palestra de Tite. À parte Jorge Henrique, o Corinthians não contemplava o Chelsea. Mas a formiguinha permitiu o lembrete: não se podia contemplar. Desde a sentença Bosman, que permitiu aos clubes europeus montarem seleções internacionais depois de 1996, foram 17 finais intercontinentais com apenas cinco vitórias sul-americanas. Parte disso é a distância econômica. Parte a contemplação. Quem contempla perde até se o adversário for o time dos Beatles, jogando com Ringo Star e Paul McCartney aos 70 anos. Quem joga de igual para igual tem chance, se tiver organização e talento. E como o Corinthians tem. O plano de pressionar a saída de bola fez o Chelsea precisar de passes longos. A proximidade das linhas defensivas impediu Mata de fazer assistências, como as 12 realizadas na Europa nesta temporada.
Tite montou uma equipe que marca muito. Mas joga também. Quando pressionados, Chicão, Paulo André, Ralf, Paulinho e Fábio Santos usaram passes medidos, corretos. Quem assistiu aos treinos do Corinthians em espaços reduzidos sabe por quê. O estilo corintiano foi planejado rigorosamente pela comissão técnica que preza a posse de bola e a marcação incansável para recuperá-la em qualquer lugar do gramado desde o Grêmio 2001. Quando teve tempo para trabalhar, Tite fez seus times pressionarem a saída de bola como se faz nos campos mais avançados do planeta. Foi assim no Inter de 2008, é assim no mais notável trabalho realizado no Brasil nos últimos anos, no Corinthians. "Quem é do bem também merece vencer no futebol", diz sua mulher, Rose. O Corinthians campeão mundial é mais do que guerreiro. É o futebol brasileiro que estuda, trabalha... e vence!