segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mais que guerreiro!


A confissão de Jorge Henrique de que foi à semifinal Chelsea x Monterrey apenas porque queria ver o Chelsea jogar foi parte da palestra de Tite. À parte Jorge Henrique, o Corinthians não contemplava o Chelsea. Mas a formiguinha permitiu o lembrete: não se podia contemplar. Desde a sentença Bosman, que permitiu aos clubes europeus montarem seleções internacionais depois de 1996, foram 17 finais intercontinentais com apenas cinco vitórias sul-americanas. Parte disso é a distância econômica. Parte a contemplação. Quem contempla perde até se o adversário for o time dos Beatles, jogando com Ringo Star e Paul McCartney aos 70 anos. Quem joga de igual para igual tem chance, se tiver organização e talento. E como o Corinthians tem. O plano de pressionar a saída de bola fez o Chelsea precisar de passes longos. A proximidade das linhas defensivas impediu Mata de fazer assistências, como as 12 realizadas na Europa nesta temporada.
Tite montou uma equipe que marca muito. Mas joga também. Quando pressionados, Chicão, Paulo André, Ralf, Paulinho e Fábio Santos usaram passes medidos, corretos. Quem assistiu aos treinos do Corinthians em espaços reduzidos sabe por quê. O estilo corintiano foi planejado rigorosamente pela comissão técnica que preza a posse de bola e a marcação incansável para recuperá-la em qualquer lugar do gramado desde o Grêmio 2001. Quando teve tempo para trabalhar, Tite fez seus times pressionarem a saída de bola como se faz nos campos mais avançados do planeta. Foi assim no Inter de 2008, é assim no mais notável trabalho realizado no Brasil nos últimos anos, no Corinthians. "Quem é do bem também merece vencer no futebol", diz sua mulher, Rose. O Corinthians campeão mundial é mais do que guerreiro. É o futebol brasileiro que estuda, trabalha... e vence!