segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Musa Do Esporte


Cruzeiro e Corinthians abriram seis pontos a seis rodadas. Foram campeões!

 vitória do Atlético no grande jogo da rodada, contra o Fluminense (leia coluna sobre o jogo nas edições de O Estado de S. Paulo e Hoje em Dia desta segunda-feira) não deve aumentar muito a esperança da torcida do Atlético. Pelo menos, de acordo com o retrospecto. Na história dos pontos corridos, duas equipes tiveram exatos seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado a seis rodadas do fim do torneio. O Cruzeiro de 2003 e o Corinthians de 2005. Ambos foram campeões.

Desses, quem mais sofreu foi o Corinthians, que terminou a campanha com uma distância menos segura sobre o Internacional: três pontos.

Em 2003, o Cruzeiro chegou a abrir doze pontos de vantagem sobre o Santos. Então, perdeu para o Juventude e para o Internacional e a distância caiu para seis pontos a oito rodadas do fim do primeiro Brasileirão por pontos corridos.
Não adiantou. Os seis pontos persistiram até a antepenúltima rodada, quando o Cruzeiro ganhou do Paysandu por 2 x 1 e, beneficiado pela derrota do Santos em Goiânia para o Goiás, comemorou o título com duas rodadas de antecipação.

A vitória do Galo dá esperança relativa, mas descarta a chance de o Fluminense ser o campeão com maior antecipação. Em 2007, o São Paulo levantou a taça a quatro rodadas do fim do torneio

Galo de Ronaldinho e Fla do solitário Vágner Love: vitórias com leve sabor de título

Atlético e Fluminense fizeram o mais emocionante jogo do Campeonato Brasileiro, com o triunfo justíssimo do time de Ronaldinho Gaúcho por 3 a 2. Foram 28 finalizações do Galo, 11 certas, contra cinco dos tricolores, sendo três no alvo. O time mineiro também fez mais desarmes corretos — 33 contra 27 — e cometeu menos da metade das 20 faltas do líder do campeonato — nove.

O título ainda não está decidido, mas estaria se a peleja terminasse com o triunfo tricolor. Tirar desvantagem de 12 pontos em seis rodadas seria tarefa possível apenas na teoria. A diferença agora é a metade do que poderia ser, meia dúzia de pontinhos, também difíceis de serem eliminados pelo Galo. O Fluminense mantém o controle da situação.

A taça está, ainda, muito próxima do time de Abel Braga, que jogou da forma fria e pragmática que o tem caracterizado. Não perder era o bastante. Quase deu certo mais uma vez. O Atlético venceu na insistência, na luta e no talento, com Jô, enfim, voltando a decidir. E mais uma partida digna de Ronaldinho, que se empenha para ser o protagonista.

Não concordo com a tese segundo a qual o gaúcho foi um fracasso no Flamengo. Ele teve ótimos momentos na primeira metade do Brasileirão 2011. Depois caiu de rendimento. Mesmo assim teve papel importante na classificação do time para a Libertadores. Passou longe de ser um fiasco. Em 2012, sim, afundou com atuações pálidas e parecia caso perdido.

Não era. No Galo tem sido melhor e constante por mais tempo. O time de Cuca, mais organizado do que o Fla de Luxemburgo, o ajuda. Mas ele é atuante, toma a iniciativa, procura decidir e... decide. Que bola na cabeça de Leonardo Silva no gol da vitória! Sua participação foi fundamental na estupenda tarde atleticana. Como uma semana antes diante do Sport.

Ronaldinho não tem se omitido. E parou de "homenagear" DJs nas comemorações dos gols. A "peitada" com Jô ao melhor estilo NBA após cada tento do centroavante tem sido a marca de um time que corre e luta. E o camisa 49 não fica devendo nesse quesito. No Flamengo ele foi bem e foi mal. No Galo tem sido melhor. Não precisa ser tão craque como no passado para brilhar por aqui.

Reprodução
Leonardo Silva garantiu a vitória do Atlético-MG no último minuto: passe de Ronadinho
Leonardo Silva garantiu a vitória do Atlético-MG no último minuto: passe de Ronadinho

Num campenato de ponto corridos, quando a segunda metade começa, ou até antes disso, já se sabe quais são os reais candidatos à taça. Cabe aos demais sonhar com uma vaguinha na Copa Libertadores ou ficar longe do rebaixamento. Parece pouco para torcidas numerosas e clubes tradicionais. Mas é preciso se habituar a tal situação.

Em temporadas nas quais não resta a uma equipe tradicional nada além da sobrevivência na divisão, vitórias sobre time fortes e grande rivais são o alimento, a motivação. Por isso a emoção da maioria dos mais de 21 mil presentes ao Engenhão no 1 a 0 do Flamengo sobre o São Paulo.

Nessa temporada arruinada por erros administrativos e técnicos que resultaram na formação de um time fraco, os rubro-negros podem alcançar pequenos "títulos" em triunfos como o deste domingo. Bater o São Paulo, que vinha de quatro vitórias seguidas, foi enorme feito no atual cenário.

E o Flamengo deve muito a Vágner Love. Mesmo sem marcar mais uma vez, foi ele quem sofreu a falta que gerou o único tento do cotejo. E sua luta, isolado entre os adversários, virou rotina. É um centroavante de ótimo nível perdido em uma equipe limitada, fraca, sem grandes perspectivas.

A vitória carioca teve muito de camisa, tradição e superação, com mais uma apresentação de luta. Não tem faltado empenho ao Flamengo. Faltam qualidades, sobra esforço, enquanto no São Paulo faltou capricho na decisão de designarem Luís Fabiano para cobrar o (mal marcado) pênalti.

É inacreditável que a penalidade máxima ainda seja batida por quem deseja a artilharia, mesmo que não seja o mais indicado para a missão. O camisa 9 explodiu a bola no travessão do Atlético Goianiense, numa noite em que também desperdiçou boas chance. Dias depois cobrou nas mãos de Felipe.

Mesmo com dois penais perdidos pelo grande artilheiro, o São Paulo dificilmente deixará de ir à Libertadores em 2013. E é mesmo um time para o ano que vem. Com jogadores decisivos, rápidos, precisa variar mais seu jogo, dependente de lances de velocidade, com espaços.

Espaços que até existiram no Engenhão. Mas individualmente os melhores jogadores tricolores não estavam bem contra o rival inferior tecnicamente e mais ligado, empenhado, incrivelmente superior nos 90 minutos. O São Paulo jogou mal como contra o Coritiba, cinco rodadas antes.

Nesse cenário do nosso futebol, por razões diferentes, em momentos nada parecidos dos dois times, as vitórias de Atlético e Flamengo tiveram um leve sabor de título.


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Jogadores do Fla comemoram gol contra o São Paulo: como um pequeno título
Jogadores do Flamengo comemoram gol contra o São Paulo: como um pequeno título