domingo, 16 de junho de 2013

Copa das Confederações

16h00 México 1x2 Itália
19h00 Espanha 2x1 Uruguai

Argentino

14h15 Unión 1x1 Vélez Sarsfield
16h10 All Boys 0x1 Racing Club
16h10 Atlético Rafaela 0x3 Newells Old Boys
18h10 Boca Juniors 1x0 Arsenal Sarandí
21h30 Lanús 5x1 River Plate

Eliminatórias Africanas



09h00 Tanzânia 2x4 Costa do Marfim
10h00 Etiópia 2x1 África do Sul
10h00 Lesoto 0x2 Gana
10h00 Moçambique 0x1 Egito
10h30 Ruanda 0x1 Argélia
11h30 Congo RD 0x0 Camarões
13h00 Guiné Equatorial 1x1 Tunísia
13h00 Libéria 0x2 Senegal
14h00 Guiné 2x0 Zimbábue
15h00 Mali 2x2 Benin

Parte da família

A tarde de sexta-feira teve uma linda cena no centro do gramado do estádio Mané Garrincha, em Brasília. Felipão reuniu todos os jogadores na véspera da estreia contra o Japão e levou ao centro da roda o capitão do penta. Cafu falou algumas palavras. Antes e depois da curta palestra, foi aplaudido, ovacionado por todos os jogadores da seleção.
Semanas antes, foi a vez de Zagallo. Numa entrevista para a produtora Mowa, que faz trabalhos de vídeos para a CBF, o técnico do tri em 70 disse que gostaria de estar mais presente com a seleção brasileira. Ser lembrado.
A informação chegou ao coordenador da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira. E Parreira conversou com Felipão: "Eu estava pensando exatamente nisso", disse o técnico do penta ao treinador do tetra.
Na chegada da seleção ao Rio, na semana do amistoso contra a Inglaterra, Zagallo foi recebido na hora do jantar por toda a delegação. Entrou na sala onde acontecem as refeições e todo o grupo de jogadores se levantou.
Zagallo emocionou-se.
Não foi só ele. Os jogadores da campanha da Copa das Confederações também.
Há decisões na seleção brasileira que não têm por intenção reunir, motivar, formar família. A intenção fundamental é homenagear alguém que tem história, que participou do futebol brasileiro de maneira importante.
Caso de Zagallo, o primeiro campeão mundial como técnico e jogador. Ou de Cafu, o único na história das Copas do Mundo a disputar três finais --nem Pelé disputou, porque se machucou em 1962.
Mesmo sem ser estratégico, cenas como a de sexta-feira no gramado do Mané Garrincha ou do refeitório do hotel no Rio cativam os jogadores. Formam grupo.
É como se no quarto de hotel um atleta comum, como Fernando, Luiz Gustavo ou Dante, ou incomum, como Neymar, percebesse que fazer parte da história é legal.
E que para fazer parte dela é necessário desempenhar um trabalho bom agora, ser campeão da Copa das Confederações, ganhar a Copa do Mundo no ano que vem.
Várias das discussões sobre a atualização de Felipão hoje passam por ele ser um motivador. Muita gente acha que isso já não funciona mais.
De fato, se for só isso, o elenco duvida da competência, não compra o projeto.
Mas se isso completar o pacote, pode ter certeza que faz bem à saúde, ao cérebro e ao coração.


E que Felipão alcança dois objetivos: forma sua família e homenageia quem fez história no futebol brasileiro.

No meio da confusão



Eu estava no meio da manifestação no Mané Garrincha, aqui em Brasilia. A coisa estava pacifica até a pagina 2, com cara que ia dar merda.
Tudo calmo e com gritos de protesto. A manifestação era perfeita, legítima. O grito era contra os altos gastos com a Copa num país sem saúde, educação, moradia, dignidade muitas vezes.
A policia cercava os manifestantes e não permitia que eles chegassem a determinado ponto. De repente todos começaram a sair, devagar, parecia que nada ia acontecer. Só que os caras estavam afim de merda e foram correndo em direção aos torcedores que estavam nas entradas do estádio. Até ai ficaram só pulando e cantando contra a violência. Mas, de um segundo para o outro, a primeira bomba, as primeiras correrias....
Me protegi, fiquei de longe com a equipe, mandando material e olhando dos lados.
Parecia que tinha dispersado, acabado, mas não! Em 10 segundos vi uma multidão de caras correndo em minha direção, a cavalaria vinha junto, e as bombas também. Sai em disparada para a esquerda... Bombas batendo no pé e cavalos de todos os lados. Pensei: "preciso ir para longe dos manifestantes, algum lugar sem PM, choque, cavalos". 
Corri para o outro lado e não via o fim do cordão de isolamento da policia. É neste momento em que você se vê no meio da coisa e não acha saída. Tudo começa a passar pela cabeça, uma luz para sair dali. Acontece que é neste momento que o gás das bombas começam a fazer efeito, os olhos quase fecham, você não enxerga nada e a garganta começa a fechar.
Falta força nas pernas. A repetição de tosses atrapalha a respiração. Consegui sair do bolo.
O que me impressiona é a "cegueira" da polícia. Eles não se importam se quem está na frente é manifestante (legítimo), baderneiro, torcedor com família, jornalistas. Eles simplesmente atacam com objetivo de limpar a área, esteja quem estiver na frente. A sensação é terrível, uma selvageria.
Acho o protesto legitimo, o povo é tratado como babaca, é lesado de todas as formas. É violentado e feito como otário, enquanto rios de dinheiro correm, deságuam em lugares que não são para o beneficio dos donos verdadeiros deste dinheiro.
O brasileiro é - era - pacifico. Estas manifestações que estão comuns nestes dias mostram que algo pode estar mudando.
O único "senão" de tudo isso é que os manifestantes deveriam respeitar o cidadão comum, aquele que não quer saber de encrenca. Se é democrático o manifesto, é do direito de todos nao querer confusão. Andar na rua sem temer levar um tiro de bala de borracha, sem ser ofendido por um manifestante que acha que apenas a sua causa que importa.
Vivi cenas e momentos que jamais imaginei viver. Fugi, corri e fui ajudado por manifestantes profissionais, a postos com panos embebidos em vinagre e água pra lavar o olho em qualquer situação.
Da próxima vez, por precaução, vou de óculos de natação, nariz de palhaço no bolso e um pouco de vinagre na mochila. É melhor prevenir. 

Diário das Confederações - BR, de Brasil



É uma rodovia federal. BR 101. BR de Brasil.
É uma rodovia federal como várias outras. Não sei - e a conexão de internet não me permite grandes devaneios googleísticos - se há uma BR 001, outra 002 ou 003.
Falemos da BR 101. Liga Recife a João Pessoa, segundo Praxedes, o taxista com quem eu e um colega passamos a tarde. Falemos da BR 101, que liga algum ponto de Recife ao CT do Sport, onde o Uruguai treinou pela primeira vez desde que chegou ao Brasil.
Recife tem muitos carros. Não sou engenheiro de tráfego, não sei quantos são, quantos por pessoa, quais são os modelos mais comuns. Mas sei, em duas tardes quase perdidas no trânsito da cidade, que o problema de Recife, ou pelo menos o maior problema, não está no número de carros.
Getty
Seleção uruguaia teve trabalho para conseguir chegar no CT do Sport
Uruguai teve trabalho para conseguir chegar ao CT do Sport
Está nos buracos.
Calma, respira, olha o calendário e leia de novo. Junho de 2013. Buracos.
Recife, uma das cidades mais importantes do Brasil, uma das cidades com o povo mais cativante deste país, a cidade de um estádio de R$ 600 milhões, é refém de buracos no asfalto.
A prefeitura tenta tapar às pressas, mas não consegue porque - há cerca de 400 anos, segundo relatos dos moradores mais antigos - chove em Recife no mês de junho.
E aí, acontece o que acontece. Os buracos emanam, em grupos, em bandos, aos montes, os carros param, a cidade estaciona. "Isso aqui é tudo feito de última hora, uma vergonha", disse um trabalhador da operação tapa-buracos a um colega de uma rede de TV. A declaração dele não irá ao ar.
No domingo, a BR 101 continuará esburacada enquanto os torcedores estiverem a caminho de Espanha x Uruguai. O caminho é outro, por outra BR, a 408, também mal cuidada. A previsão é de 2 horas para fazer um deslocamento de 25 km, entre o centro e o estádio.
As BRs são apenas um exemplo do descaso, mas nem de perto o único. Os hospitais de Recife não vão bem, a educação também tem seus problemas, a mobilidade urbana nas regiões centrais é complicada.
São buracos, buracos, buracos.
Para a capital pernambucana, a Copa das Confederações é um teste e tanto. Um teste para se reprovar e repetir de ano. (A que custo? Com quanto de dinheiro público?)
2014 é ano de Copa. É ano de eleição, e o governador quer ser presidente.
Aí, o buraco é mais embaixo.
Se você foi ao cinema na sessão das 16 horas e ao voltar para casa se deparou com o placar da peleja em Brasília, Brasil 3 x 0 Japão, pode imaginar que foi uma exibição de gala. Não foi. O time cebeefiano está muito distante disso. E pode ser que fique mais competitivo, até deverá ficar com o passar do tempo e dos treinos. Mas com o comando de Luiz Felipe Scolari, segue marcado pelo velho pragmatismo e repertório pobre, previsível, óbvio.
Vipcomm
Neymar ouve instruções de Felipão ao lado do camisa 10 japonês, Kagawa: pela esquerda
Neymar ouve instruções de Felipão ao lado do japonês Kagawa: craque do Brasil ficou mais pela esquerda
O Brasil teve 59% de posse de bola, 63% na primeira etapa. E o que fez com tamanho tempo com a pelota nos pés? Trocou passes entre os homens de defesa e o primeiro volante, Luiz Gustavo. Não havia quem coordenasse a saída de bola com qualidade para fazê-la chegar bem aos homens de frente. E contra seleções mais poderosas, que marquem melhor, não será tão simples chegar ao gol diante de tamanha limitação para fazer as jogadas nascerem.
TrueMedia
Neymar jogou mais pelo lado esquerdo, embora Felipão o escala pela faixa central
Neymar jogou mais pelo lado esquerdo, embora Felipão o escala pela faixa central: vocação natural
Assim, quando o Japão voltou para marcar atrás foram várias trocas de passes estéreis no campo de defesa verde-e-amarelo. A ponto de Daniel Alves (89) e Thiago Silva (74) terem sido, longe, os que mais tocaram na bola, seguidos por Luiz Gustavo (56), David Luiz (54) e Marcelo (53). Paulinho (46 passes) se posicionava muito à frente, na segunda metade da cancha, e não dava opção para os defensores e ao volante do Bayern Munique.
Com isso a saída de bola era fraca, presumível, resultando em esticadas longas após toques laterais, a maioria nos pés adversários. Ou seja, bolas rifadas, especialmente com Thiago Silva. O zagueiro do PSG fez sete dos 42 lançamentos (60% errados) do time brasileiro, seis deles antes do intervalo, quando os asiáticos marcavam minimamente, mesmo que em seu próprio campo.
TrueMedia
Paulinho apareceu tanto no ataque quando lá atrás e pouco ajudou na saída de bola
Paulinho apareceu tanto no ataque quando lá atrás e pouco ajudou na saída de bola: não basta aparecer na área
Depois que Paulinho ampliou, em falha da Kawashima, no começo da segunda parte, os nipônicos afrouxaram ainda bastante o jogo. E foram cansando... Aí ficou mais fácil sair jogando. Os japoneses não marcaram forte nem com um técnico italiano (Alberto Zaccheroni). Foram 17 desarmes certos contra 31 do Brasil, mesmo ficando quase dois terços do tempo sem a bola. O time de Felipão também foi mais faltoso, 16 a 14.
Oscar até que teve a bola (48 passes) e fez seis dos 21 cruzamentos brasileiros, mas apenas um certo. E deu uma assistência para Jô, é claro. Fred também deu ótimo passe para gol, o de Neymar, ajeitando a bola erguida por Marcelo. Ainda chutou com perigo para defesa de Kawashima em sua única finalização certa. Mas tocou apenas 11 vezes na bola. O camisa 9 precisa participar mais. Não importa se ele pode ser decisivo, pois adversários superiores virão e em jogos mais duros e, se não se mexer, ela talvez nem chegue.
TrueMedia
Fred participou pouco do jogo e raramente caiu pelos lados: rara movimentação
Fred participou pouco do jogo e raramente caiu pelos lados: rara movimentação do centroavante brasileiro
Há uma diferença entre o que um time é na teoria e mostra na prática. Com 14 dos 23 convocados jogando em times internacionais e apenas nove na J-League, o Japão se apresenta, hoje, como uma seleção mais respeitável do que no passado. Isso é evidente. Mas no gramado do "Elefante Branco" de Brasília foi uma equipe frágil demais. Em parte devido à desgastante viagem até lá.
TrueMedia
Hulk atuou mais pelo lado direito e foi bem acionado: uma boa presença ofensiva
Hulk atuou mais pelo lado direito e foi bem acionado: uma boa presença ofensiva do questionado jogador do Zenit
O Brasil pragmático de Luiz Felipe Scolari é isso e provavelmente sempre será. Um time sem criatividade, dependente de cruzamentos, de bolas longas, pouco trabalhadas, e do talento individual. Eventualmente também de uma defesa sólida, que não foi testada diante dos nipônicos. Trocar passes, envolver o adversário, alternar marcação à frente com mais recuada para contra-atacar... Ver isso tudo junto é improvável.
TrueMedia
Oscar foi quem se movimentou mais pelos dois lados e na faixa central do gramado
Oscar foi quem se movimentou mais pelos dois lados e na faixa central do gramado: mal nos cruzamentos
O placar do jogo estimula a muitos ignorar a fragilidade do adversário, que pode, é evidente, jogar mais em outras oportunidades, talvez nessa Copa das Confederações mesmo. Sim, estamos analisando neste post o Japão deste sábado. E foi frágil demais. O time brasileiro tem treinado muito com o novo-velho técnico, mas não está melhor hoje do que nos últimos jogos sob a batuta de Mano Menezes. Como há 242 dias, quando fez 4 a 0... no Japão.

Sinais de vida e de evolução na seleção brasileira de Felipão, Oscar, Thiago Silva e... Neymar!



Neymar mostrou estar a fim de acabar com seu jejum de gols aos 2 minutos, quando partiu para roubar bola de Uchida, do lado direito e finalizou da entrada da área. A bola bateu na zaga. E deu prova de que pode jogar em alto nível pela seleção ao marcar uma pintura de gol, seu 21o com a camisa da seleção brasileira.
Tentou dribles, arrancou, deixou Fred na cara do gol, foi aplaudido. Saiu de campo com o prêmio de melhor em campo. Não foi um jogo nota 8, mas você verá abaixo que recebeu deste blog a melhor nota do jogo: 7,5.
O Brasil mostrou progressos. Time que tem treinado bem, jogou bem. Paciente quando era preciso, trocando passes entre os zagueiros. Aí, um defeito a corrigir. Quando o Japão sobe a marcação com Kiyotake de um lado e Kagawa do outro, os laterais têm dificuldade de fazer a saída de bola. Os volantes, ainda distantes dos três meias, não têm opção de passe e a bola volta para os zagueiros. Razão pela qual a bola saiu com passes longos de Thiago Silva e David Luiz mais vezes do que é conveniente.
É um time em obras. Daí ser natural haver erros.
Mas houve acertos. Enquanto se discute se Neymar deve jogar por dentro ou pela ponta,melhor será sempre se os três que atuam atrás de Fred se deslocarem com frequência. isso aconteceu na vitória por 3 x 0 sobre o Japão.
Felipão terminou o jogo num 4-3-3, como tem trabalhado sempre na segunda metade dos treinos. Nesse sistema, nasceu o terceiro gol,com o contra-ataque puxado por Oscar e finalizado por Jô.
Em campo, a Copa das Confederações começou bem.

AS NOTAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA
GRUPO A
BRASIL 2 x 0 JAPÃO
Local: Mané Garrincha (Brasília); Juiz: Pedro Proença (Portugal); Bertino Miranda, José Trigo; Público: 67.847; Gols: Neymar 3 do 1º; Paulinho 2; Jô 48 do 2º; Cartão amarelo: Hasebe (46')
BRASIL (4-2-3-1): 12. Júlio César (5,5), 2. Daniel Alves (6,5), 3. Thiago Silva (7,5), 4. David Luiz (6) e 6. Marcelo (6); 17. Luiz Gustavo (6) e 18. Paulinho (7); 11. Oscar (7), 10. Neymar (7,5) (7. Lucas 28 do 2º (5,5)) e 19. Hulk (6,5) (8. Hernanes 30 do 2º (6)); 9. Fred (6,5) (21. Jô 35 do 2º (6,5)). Técnico: Luiz Felipe
JAPÃO (4-2-3-1): 1. Kawashima (5), 6. Uchida (4,5), 22. Yoshida (5,5), 15.Konno (6) e 5. Nagatomo (6,5); 7. Endo (6) (13. Hosogai 33 do 2º (sem nota)) e 17. Hasebe (5,5); 8. Kyiotake (5) (18. Maeda 5 do 2º (5,5)), 10. Kagawa (4,5) e 4. Honda (5) (19. Inui 43 do 2º (sem nota)); 9. Okazaki (4,5). Técnico: Alberto Zaccheroni