Getty
Islândia: uma das grandes histórias das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014
Islândia: uma das grandes histórias das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014
A classificação da Islândia para a repescagem é uma das grandes histórias das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Com cerca de 325 mil habitantes, o país se tornará o menos populoso a disputar um Mundial caso se classifique em novembro. Para se ter uma ideia, até hoje a distinção cade a Trinidad & Tobago, que jogou em 2006 com população estimada em 1,3 milhão.
Além do fato de nunca ter se classificado para um grande torneio, o que chama a atenção na campanha islandesa é a evolução em relação às últimas participações em eliminatórias. No qualificatório para a Euro 2012, a equipe perdeu seis das oito partidas disputadas e também venceu apenas uma. Campanha semelhante à das eliminatórias da Copa de 2010, quando somou cinco pontos de 24 possíveis - 16,7% de aproveitamento.
Com 17 pontos em dez jogos no grupo (56,7%), a Islândia registrou a segunda maior evolução das seleções europeias em relação a quatro anos atrás, ficando atrás apenas da Bélgica, que saltou de 53,3% para 86,7%. Os maus resultados colocaram a equipe no último pote do sorteio dos grupos, o que torna a classificação ainda mais impressionante.
A chegada do técnico Lars Lagerback pode ajudar a explicar o sucesso islandês. Experiente, foi a dois Mundiais e três Eurocopas com a Suécia e ainda dirigiu a Nigéria na última Copa.
Os "Strakamir Okkar" ("Nossos garotos", na língua local) também são fruto de investimento nas estruturas de formação de atletas no país. Desde o início do século, foram criados novos campos artificiais ou cobertos, algo fundamental pelo clima do país, e parcerias com escolas, para facilitar o início da formação de jovens jogadores. A federação local também direcionou investimentos para a formação de treinadores.
Pouco tempo atrás era raro ver um jogador islandês com destaque internacional. Eidur Gudjohnsen jogou por clubes como Chelsea e Barcelona e hoje, aos 35 anos, ainda faz parte do grupo da seleção. Mas é coadjuvante para nomes como Sigurdsson (Tottenham), Gunnarsson (Cardiff), Sigthorsson (Ajax) e Finnbogason (Heerenveen). Um "desfalque" importante é o do atacante Aron Johannsson, do AZ, que optou por representar os Estados Unidos, depois de passar pelas seleções de base islandesas.
Na categoria sub-21, a Islândia foi uma das oito seleções classificadas para a fase final do Europeu de 2011, e por pouco não se classificou para as semifinais. Entre os 23 convocados na ocasião, 15 já atuavam em clubes estrangeiros. Nas eliminatórias para a edição de 2015, a equipe tem quatro vitórias em cinco jogos. A única derrota foi vendida cara: 4 a 3 para a França.
A liga local ainda é uma das mais fracas da Europa, o que favorece o êxodo prematuro de jogadores para centros maiores. Ao mesmo tempo, isso faz com que atletas de 16 ou 17 anos já tenham espaço em equipes importantes do país.
Croácia, Grécia, Portugal ou Ucrânia, os cabeças-de-chave no sorteio da repescagem na próxima segunda-feira, podem até desejar a Islândia como adversária, já que França, Suécia e Romênia são os outros rivais possíveis. Mas podem se preparar para uma repescagem congelante em novembro, quando são comuns temperaturas abaixo de zero.
TRÊS CURIOSIDADES SOBRE A ISLÂNDIA
- Em 1996, em um amistoso contra a Estônia, em Tallinn, a Islândia se tornou a primeira seleção a usar pai e filho no mesmo jogo. Eidur Gudjohnsen, Arnor, substituiu seu pai no segundo tempo.
- Na Islândia não é costume adotar sobrenomes de família como conhecemos. Usam-se os patronímicos. Um hipotético Jón Einarsson significa "Jón filho de Einar", e seu filho não tem o sobrenome Einarsson, e sim "Jónsson". O caso de Gudjohnsen é uma rara exceção.
- O Stjarnan, da primeira divisão islandesa, ganhou notoriedade pelas comemorações criativas de seus jogadores.