As goleadas de Real Madrid e Paris Saint-Germain, a facilidade do Bayern e do Manchester United criaram uma impressão mais ou menos consensual de que o poder econômico cada dia mais forte no futebol mundial produz um massacre dos gigantes em relação aos nanicos. Foi a realidade do primeiro dia da Champions League. Mas as últimas edições têm mostrado que, apesar dos títulos dos grandes, as surpresas espalham-se pelas duas primeiras fases.
Não esqueçamos:
1. Ano passado, o Chelsea foi o primeiro campeão eliminado na fase de grupos. Caiu contra a Juventus e o Shakhtar Donetsky. Não eram naninos os rivais do time de Abramovich. Mas não se compara o investimento.
2. Há duas temporadas, o Manchester United, poderoso vice-campeão da temporada anterior, caiu na primeira fase contra Benfica, de Portugal, e Basel, da Suíça.
3. Também na temporada 2011/12, o Apoel do Chipre eliminou o Porto na fase de grupos e o Lyon nas oitavas-de-final. Foi presa fácil para o Real Madrid. Mas chegou às quartas-de-final.
4. Na temporada 2010/11, o Copenhague classificou-se em segundo lugar em seu grupo. Não eliminou nenhum bicho-papão, mas o mais endinheirado Rubin Kazan, da Rússia, e o Panathinaikos, da Grécia.
5. Ano passado, o Borussia Dortmund chegou à final eliminando o Real Madrid, com investimento dez vezes maior. O Borussia gastou em contratações apenas 25 milhões de euros para formar o time finalista.
Claro que o campeão da Champions League será um gigante. Mas determinar que as goleadas sejam um símbolo dos tempos atuais do principal torneio de clubes, excluir a chance de surpresas nas duas primeiras fases, parece precoce.
Há outros exemplos menos simbólicos do que os cinco citados acima. O Málaga foi às quartas-de-final do ano passado, o Bordeaux eliminou a Juventus em 2010, o Olympique de Marselha tirou o Borussia Dortmund em 2011, a Fiorentina e o Lyon eliminaram o Liverpool em 2010.
A Champions League é o torneio dos mais poderosos. Mas zebra nunca escolheu entre ricos e pobres.
