O São Paulo perdia a bola, e os dois atacantes voltavam pelos lados do
campo. Lucas Evangelista vigiava as subidas do lateral Edílson, do
Botafogo. Osvaldo voltava pela direita e marcava Júlio César. Só Ganso
não tinha responsabilidade, em boa parte das investidas do Botafogo ao
ataque. O desenho era de um 4-2-3-1, com Ganso postado como se fosse o
centroavante. Um falso centroavante.
Ganso não tinha de fazer quase nada. Não marcava ninguém --nem precisava
marcar gols. O camisa 8 do São Paulo não passou a partida inteira solto
na frente, sem marcar nem finalizar. Houve momentos em que voltou até a
intermediária, deu combate, desarmou. Autuori fez o time trabalhar para
ele. Ganso trabalhou pouco para o time.
Dependendo das características dos jogadores, é melhor não ter
centroavante. O São Paulo de Telê Santana não tinha. Cafu atacava pela
direita, Muller pela esquerda. Ontem, Osvaldo deu o passe para Lucas
Evangelista numa das chances mais claras de gol, aos 6 minutos do
segundo tempo.
Quando o ataque acontece pela direita, o atacante da esquerda vira
centroavante. E vice-versa. O sistema do Maracanã não é ruim. O problema
é que não resistirá ao próximo jogo, com a volta de suspensão de Luis
Fabiano.
Como falso centroavante quando o São Paulo não tinha a bola, a melhor
oportunidade construída por Ganso foi para o Botafogo. Voltou até a
intermediária e bateu mal na bola, para trás. O zagueiro Rodrigo Caio
errou e Seedorf chutou na trave.
Como meia, aos 15 min do segundo tempo, Ganso tocou de letra e armou o
contra-ataque puxado por Reinaldo, concluído com um cruzamento de
Jádson. Não havia centroavante para concluir.
O São Paulo equilibrou o jogo contra um dos líderes do Brasileirão.
Sinal de que as duas semanas de trabalho deram resultado e isso é bom.
Mas o jogo contra o Botafogo teve um desenho impossível com o retorno de
Luis Fabiano --impossível abrir mão dele. Ganso terá de trabalhar mais
taticamente. Nesta semana, há uma maratona com três jogos em cinco dias.
Derrotas podem significar briga contra o rebaixamento até o fim do ano.
GANSO CORINTIANO
O Ganso do Corinthians não é Pato. É Douglas. Com ele em campo, o time
marca um pouco menos --e ele tem se esforçado! O custo-benefício precisa
se dar com o desempenho ofensivo. Nem sempre Douglas devolvia com
passes e gols. Anda devolvendo.
Na quarta-feira, foi o melhor em campo na vitória inconvincente sobre o Luverdense.
Ontem, contra o Flamengo, participou dos dois gols. Pato os marcou, mas
Douglas construiu. O sentido de justiça de Tite é hoje difícil de se
cumprir. Alguém não merece e joga. Ou Pato, ou Émerson ou Romarinho.
Douglas merece jogar.
A GRIFE
Vanderlei Luxemburgo é um nome de peso. Protege dirigentes, inclusive.
Na contratação, sempre se dá um voto de confiança, pela sua carreira
extremamente vitoriosa. Desde seu retorno do Real Madrid não é assim.
São dez jogos pelo Fluminense, três vitórias apenas --quatro derrotas.
PÁTRIA
Felipão está em outro estágio. Anda ganhando títulos como fazia nos
tempos em que duelava com Luxemburgo. No fim de semana, vestiu a camisa
retrô do Caxias. É a mesma pessoa dos anos 90 --sua prioridade é o
futebol. Usará a semana da pátria como arma na relação entre torcida e
seleção.