quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bayern de Munique e Guardiola seguem afinando a sintonia com mudanças e concessões

Olho Tático
O 4-2-3-1 do Bayern de Guardiola com marcação pressão e movimentação na frente que envolveu as linhas de quatro do CSKA.
O 4-2-3-1 do Bayern de Guardiola com marcação pressão e movimentação na frente que envolveu as linhas de quatro do CSKA.
O gol de Alaba em cobrança de falta que Akinfeev aceitou aos dois minutos - primeiro da fase de grupos da Champions League 2013/14 - relativiza toda análise da estreia do Bayern de Munique na Allianz Arena.
Mas os 3 a 0 com massacre de 65% de posse de bola e 20 finalizações contra oito do CSKA permitem alguma observações sobre o nada simples processo de adaptação do campeão europeu a Pep Guardiola. E vice-versa.
A começar pela constante inversão de Muller com Robben, que parte do centro e ganha total liberdade da movimentação, não ficando restrito à sua típica jogada: corte para dentro e chute de canhota. Quando se aproxima de Ribéry, o perigo para a meta adversária aumenta exponencialmente. Com isso, Muller aparece aberto pela direita e perto da meta adversária, deixando a articulação para Kroos e Lahm, novamente improvisado no meio e abrindo espaço para Rafinha na lateral.
O desenho tático está mais para 4-2-3-1 que o 4-3-3. Nenhuma novidade para Guardiola, que na temporada 2009/10, para abrigar Ibrahimovic e Messi sem espetar o craque argentino à direita, armou o Barcelona com este esquema. Xavi recuado como volante, Pedro e Iniesta abertos, Messi atrás de Ibra.
A pressão no campo de ataque, porém, segue a mesma. Bola perdida, a busca pelo desarme é imediata e obsessiva. Prática que já era comum com Jupp Heynckes e apenas ganhou ênfase com o técnico catalão.

Depois de tentar impor sua filosofia, Guardiola vem mantendo o fluxo de passes priorizando os flancos. Se o Barça concentrava o toque de bola na região central e usava os jogadores mais abertos para dar amplitude, o Bayern aproveita o meio apenas como distribuição para laterais e ponteiros. Inclusive a saída de bola com zagueiros bem abertos e Kroos ou Lahm voltando para iniciar a jogada e projetar os laterais.
O CSKA tentou se defender com linhas de quatro compactas e Honda acionando Musa. Vitinho pouco criou pela esquerda nos 45 minutos em que ficou em campo. Ainda falta entrosamento e, pela dinâmica do adversário, o brasileiro correu mais atrás de Rafinha que arriscou seu repertório de dribles e arrancadas. A retaguarda alemã foi pouco acionada.
Getty
Robben abraça Guardiola: herói da última Champions começou bem
Robben abraça Guardiola: herói da última Champions começou bem
Mandzukic abre espaços e participa da movimentação na frente, mas continua trabalhando como a típica referência que não deixa brechas para experiências do treinador com "falso nove". Participou ativamente das ações ofensivas e foi às redes mais uma vez. Assistência de Robben em cobrança de falta lateral. O holandês ainda marcou o terceiro, completando bela assistência de Alaba. Na jogada, Ribéry estava aberto pela direita. Rotação constante.
Os movimentos não estão totalmente sincronizados e os alemães, naturalmente intensos, ainda vão se acostumando com as variações de ritmo da nova versão da equipe. O deslocamento de Lahm, um dos melhores laterais do mundo, deixando Schweinsteiger na reserva soa absurdo, mesmo com as lesões de Javi Martínez e Mario Gotze.
Ainda assim, os bávaros vão afinando a sintonia com Guardiola, que muda e também faz concessões para o time multicampeão seguir forte e competitivo.