domingo, 6 de outubro de 2013

Os motéis e o elefante branco

Dois pilotos resumiram bem o que é este GP da Coreia do Sul. “É longe demais de Seul”, disse Romain Grosjean. “Adoro a pista, é muito boa para pilotar, mas precisamos encontrar inspiração nas arquibancadas vazias”, completou Lewis Hamilton.
É justamente isso. Nenhuma outra corrida do calendário demanda um deslocamento tão longo para chegar  à pista.
Acompanhe comigo… depois de desembarcar em Seul é preciso enfrentar uma hora de ônibus para chegar à estação de trem mais próxima. De lá são mais de três horas no KTX, o trem-bala coreano, para percorrer os pouco mais de 400 km que separam a capital coreana de Mokpo, a cidade portuária onde a F-1 fica baseada durante o final de semana.
E ainda tem o táxi até chegar ao motel. Sim, porque aqui todos nós ficamos em motéis e não em hotéis. Na verdade só existem dois hotéis propriamente ditos: um do lado do circuito, em Yeongam, onde ficam os pilotos e alguns dirigentes sortudos, e outro em Mokpo, onde quem toma conta é a FIA e a FOM.
Desde 2010, quando a Coreia estreou no calendário, já ouvi as histórias mais bizarras. Desde a de um membro da Red Bull que teve de voltar ao motel no meio do dia e pegou um casal em seu quarto, às camas redondas e espelhos por todas as partes e máquinas de “acessórios” nos corredores.
Até hoje há quem traga lençóis ou até sacos de dormir de casa. Um exagero. Mas a verdade é que a F-1 é um pouco mimada neste sentido. O que mais incomoda neste GP coreano não é o fato de não haver hotéis para todos e sim o de não vermos público nas arquibancadas.
Segundo os organizadores, em 2012 foram 86.259 torcedores nos três dias de atividades de pista. Para servir de comparação, na estreia do GP dos EUA no calendário, no ano passado, foram 265.000.
Mas não é só. Desde a estreia, a organização só tem perdido dinheiro com a corrida. No ano passado o rombo foi de cerca de R$ 82 milhões. Pouco se comparado com os R$ 153 milhões no primeiro ano.
Muito possivelmente esta será a última vez que a F-1 vem para a Coreia. Não é por acaso que no pré-calendário do ano que vem, a FIA colocou Yeongam como “provisório”.
Uma pena. Além de a Coreia ser um país muito acolhedor e de ter construído um belo circuito _no meio do nada, é verdade_, ainda proporciona uma das raras oportunidades que temos de interagir com as equipes fora do paddock.