Esta comédia - quase tragédia - de erros em que se transformou o Campeonato Brasileiro de 2013 pode ter um fim ainda pior do que se imagina. Quase tragédia porque uma de suas possíveis consequências é a CBF ser obrigada a desistir de um sistema de disputa que parecia ideal e definitivo: o dos pontos corridos. Os erros realmente se sucedem e já não há como saber onde vão parar. Começaram com a trapalhada (involuntária) da Portuguesa e agora vão atravessando etapas e etapas desta Justiça Comum em geral lenta e muitas vezes falha. Já não adianta defender, como defendi, que a Portuguesa não perdesse aqueles quatro pontos (bastava o STJD ter sensibilidade para diferenciar o voluntário do involuntário). O que conta, agora, é saber como será o Brasileiro de 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil.
Acredito que, sendo o que é, a CBF possa apelar para sua própria virada de mesa. No caso, decidindo que Portuguesa e Fluminense não caiam. Mas e o Vasco? E a Ponte Preta? E por que não o Náutico? E se a CBF, para não esquentar muito, achar por bem que, no ano de Copa no Brasil, o Campeonato Brasileiro inche e acabe se transformando num obsoleto mata-mata. Se for assim, quem cairá para 2015? Ninguém? E quem subirá? Teremos um mata-mata entre 28? Tragédia à vista.
Sei de muita gente boa que defende o velho sistema de disputa. Um dos motivos, a meu ver tolo, é que, com pontos corridos, raramente temos uma "grande final" na última rodada. E daí? No mata-mata, não há garantia de que o campeão vá ser o melhor competição. Nos pontos pedidos, há justiça. Aí está o Cruzeiro deste ano. E o Fluminense, o Corinthians, o Flamengo, nas edições mais recentes.
O mata-mata só se justifica - e é o que vinga nas segundas fases da Copa do Mundo, da Liga dos Campeões e da Libertadores - por não haver datas para que tantos participantes se enfrentem, um contra todos, em busca de pontos. É o que faz a gente recear um possível desfecho desta quase tragédia: o Campeonato Brasileiro de 2014 corrido, só na primeira fase (condenando um punhado de clubes, os não classificados à segunda fase, a uma longa e perversa inatividade), enquanto os sobreviventes vão se matando até que dois deles se enfrentem na tal... "grande final". Quem ganha com isso?