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Cristiano Ronaldo ganhou a Bola de Ouro: um dia antes, mesmo sem nada dar certo, multiplicou-se em campo
Cristiano Ronaldo ganhou a Bola de Ouro: um dia antes, mesmo sem nada dar certo, multiplicou-se em campo
Deveria ter acontecido antes, mas foi só no domingo que consegui ver Cristiano Ronaldo jogando, no estádio, pela primeira vez.
Foi no duelo entre Real Madrid e Espanyol, pela 19a rodada da Liga. Poderia ter sido na Copa do Mundo de 2010, mas dos 16 jogos que vi na África do Sul, nenhum era do português; ou no Real Madrid x Barcelona, em outubro, mas o excesso de procura pelo jogo acabou me tirando da lista de credenciados.
Valeu a pena esperar.
Vi Ronaldo um dia antes de ele ganhar sua segunda Bola de Ouro e chorar, aliviado. Vi Ronaldo em um jogo que não foi de seus melhores, mas que mostra muito do que é o português.
A impressão que se tem vendo o camisa 7 em campo é que não há apenas um dele. Há dois, três, cinco.
Mesmo em jogo no qual nada está dando certo - na verdade, ainda mais em um jogo em que nada está dando certo - ele parece buscar a bola sempre. Pela esquerda, pela direita, pelo meio.
Foi assim contra o Espanyol, quando ele chutou a gol 11 vezes e não marcou nenhuma, igualando seu pior desempenho na temporada.
Fui a Cornella para ver um Cristiano Ronaldo, mas vi vários.
E me surpreendi ao perceber coisas que ficam mais claras quando se está no estádio: Ronaldo corre quase o tempo todo, pede desculpas por quase todos os passes ou jogadas que erra, cria opções para os companheiros ininterruptamente.
Na zona mista, a área de entrevistas após o jogo, ele passou sorrindo, como se tivesse marcado todos os gols que não fez. Não conversou com a imprensa, mas atendeu a todos os fãs que lhe pediam uma foto.
Cristiano Ronaldo, de perto, é muito diferente da imagem que alguns de seus detratores querem construir.
Ronaldo não passa o jogo inteiro olhando para o telão do estádio, nem passando a mão no cabelo para ajeitar o topete.
Mas, sendo tantos ao mesmo tempo, ele poderia fazê-lo se quisesse.
E ainda teria tempo para fazer todo o resto.