quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Entre o bom senso e o silêncio

Mesmo que seja pisar em terreno que colegas já pisaram com mais argumentos, falo do Bom Senso Futebol Clube e de seu formidável movimento por um "futebol melhor para todos". Não só do movimento, mas, principalmente, do silêncio com que a CBF vem respondendo às suas justas reivindicações. Silêncio desrespeitoso. Silêncio de uma cartolagem arrogante que não acredita na eficiência do diálogo. Silêncio que diz tudo: definitivamente, a CBF é contra um futebol melhor.
Escrevo antes que se expire o prazo dado pelo Bom Senso para que a CBF se manifeste. É possível até que, pressionada pelo bom senso (aqui citado em minúsculas), a entidade que rege o futebol brasileiro acorde. Ou finja acordar. Afinal, nosso Juca Kfouri é um dos que acreditam que o Bom Senso (aqui citado com iniciais maiúsculas) possa até parar o Campeonato Brasileiro em sua reta final. Já imaginaram uma greve geral esvaziando nossos estádios?
Força para isso o movimento tem. Seus integrantes - à essa altura, a espetacular maioria dos profissionais de futebol no Brasil - está provando que uma união consciente, legítima, por uma boa causa, pode tornar viáveis as conquistas mais impensáveis neste país de resto tão acomodado. E não apenas no futebol. Desde as manifestações de junho, em torno da Copa das Confederações, mas não apenas por causa dela ou do futebol em geral, as coisas estão acontecendo por aqui. Black Blocs à parte, aqueles manifestações devolveram a muito brasileiro incrédulo parte da fé que ele tinha perdido.
O mesmo acontece agora com os craques do Bom Senso. Nós, amantes do futebol, cansados de ver a estrutura carcomida do esporte preservada pelos homens que dirigem a CBF desde que ela existe, também voltamos a acreditar. Não chega a ser crença cega, sem reparos, impulsionada por otimismos exagerados. Mas já é alguma coisa. Os craques estão fazendo o que os cartolas (e mesmo nós, dos jornais, das rádios, das TVs) deveríamos ter feito há muito mais tempo: lutar por um futebol melhor para todos.
Pelo que se vê, a CBF não tem muita coisa para enfrentar o movimento, atolada que está em sua inércia e incompetência. Silencia, simplesmente. Mesmo que venha a abrir a boca diante da pressão do Bom Senso, certamente o fará como tem feito até aqui: como embromações bem típicas de quem é inerte e incompetente. A atual diretoria da CBF é tão ruim quanto a anterior (há quem a ache ainda pior, se é que é possível) e, pelo que vem por aí, tão ruim (ou pior) do que a que vai ser eleita em abril, apoiada por federações estaduais igualmente inertes e incompetentes.
Como enfrentar tudo isso? Para começar, com inteligência, união e coragem, as armas dos craques do Bom Senso.