terça-feira, 27 de agosto de 2013

A dura transição do Real Madrid de Ancelotti enquanto espera por Gareth Bale

Getty
Ronaldo lamenta durante vitória do Real: atuação ruim teve furada e 'canelada'
Ronaldo lamenta durante vitória do Real: atuação ruim teve furada e 'canelada'
Buscando um reforço de peso para voltar a ser protagonista no mercado e dar resposta à contratação de Neymar, o Real Madrid não mede esforços e muito menos dinheiro para tirar Gareth Bale do Tottenham. Mesmo que os valores anunciados superestimem o talento do galês e uma análise do elenco sugira reforços em outras posições, como a lateral direita e o comando de ataque.
Enquanto aguarda o fim, ou espera o melhor momento de anunciar a negociação de forte apelo midiático, o time merengue passa por uma silenciosa e dura transição. José Mourinho moldou uma equipe intensa, vertical e objetiva no quase imutável 4-2-3-1. Xabi Alonso organizava de trás, Khedira se juntava ao quarteto ofensivo com transições em alta velocidade e Marcelo ou Coentrão descendo mais pela esquerda que Arbeloa.
Ancelotti chegou com o claro propósito de avançar as linhas, valorizar mais a posse de bola, variar o desenho tático e liberar os laterais para o apoio. Apesar dos bons valores e das duas vitórias no início do Campeonato Espanhol, não está sendo fácil.
No 1 a 0 sobre o Granada fora de casa, o Real atacou no primeiro tempo com Modric substituindo Alonso como o volante responsável por saída de bola e inversões. Isco foi inicialmente o volante de saída, espécie de "quinto elemento" ou quarto meia se juntando a Ozil, Di María, Benzema e Cristiano Ronaldo. Os quatro mais avançados se mexiam e abriam espaços para as descidas muito mais constantes de Arbeloa e Marcelo.
Proposta ousada e interessante. O problema é sincronizar os novos movimentos. O gol de Benzema em jogada de Di María e assistência de Cristiano Ronaldo logo aos nove minutos deixou a impressão de que a primeira goleada do Real na liga viria com tranquilidade.
As duas linhas de quatro do Granada nem eram tão compactas e bem coordenadas sem a bola. Faltava, porém, a naturalidade na execução das jogadas. Em alguns momentos, Isco ocupava o espaço de Ozil na articulação e empurrava o alemão como atacante, obrigando Di María a voltar. Em outros, o toque era fácil no meio, mas os cruzamentos dos laterais, especialmente do limitado Arbeloa, morriam na defesa adversária.
Olho Tático
O 4-2-3-1 do Real de Ancelotti com Isco e os laterais se juntando ao quarteto ofensivo, mas com dificuldade na execução do plano de jogo.
O 4-2-3-1 do Real de Ancelotti com Isco e os laterais se juntando ao quarteto ofensivo, mas com dificuldade na execução do plano de jogo.
No segundo tempo, Ancelotti trocou Ozil por Casemiro e repaginou a equipe em um 4-4-2. O brasileiro se alinhou a Modric e liberou Isco pela esquerda. Cristiano Ronaldo foi para o ataque fazer companhia a Benzema, mas a inspiração do português passou longe do estádio Nuevo Los Carmenes. Três cobranças de faltas na barreira, furada, canelada e outros erros que não são comuns para o fantástico atacante.
A atuação burocrática encorajou o Granada, que atacou com Riki, Rico e Buonanotte e deu trabalho a Diego López. Ancelotti ainda trocou Marcelo por Nacho Fernandez -o técnico italiano espera pelo brasileiro Guilherme Siqueira, que não foi escalado pelo Granada exatamente por negociar com o Real - e Di Maria por Carvajal. Mas as duas linhas de quatro serviram mais para defender a própria meta nos minutos finais.
Olho Tático
Com duas linhas de quatro o Cristiano Ronaldo no ataque, time merengue teve problemas com o Granada mais ofensivo.
Com duas linhas de quatro o Cristiano Ronaldo no ataque, time merengue teve problemas com o Granada mais ofensivo.
Se Bale for mesmo confirmado como a mais nova contratação mais cara do mundo do Real Madrid, é bem possível que Ancelotti encaixe o típico "winger" britânico como um "interior" à direita na vaga de Di María. Por ali, o canhoto pode cortar para dentro e finalizar, ou abrir o corredor para Arbeloa. Para a ideia do treinador, seria melhor efetivar Carvajal ou ir ao mercado.
Enquanto a teoria não funciona na prática, o Real vai sofrendo mais que o esperado.