domingo, 17 de novembro de 2013

Felipão levou um ano para perceber o que Mano já sabia e Neymar se expõe como cai-cai

O adversário era fraco e até violento. Em geral, jogos como o amistoso diante de Honduras, na noite de sábado, em Miami, servem à seleção brasileira apenas para colocar seus jogadores, juntos, em clima de competição. Sim, pois as entradas mais fortes certamente cruzarão seus caminhos na Copa do Mundo. Mas a peleja vencida facilmente pela equipe cebeefiana serviu para mais do que isso.
Primeiro por Neymar, que se estranhou com os marcadores e os provocou de forma infantil em vários momentos. Na seleção ele parece mais "dono" do time do que no Barcelona. Não é por acaso. O time "canarinho" depende demais de seu extraordinário talento, que não combina com o estilo "cai-cai". Ele tanto apanha como se joga, tanto sofre faltas como simula. Uma coisa não invalida a outra.
Neymar precisa usar mais a cabeça. O discurso corrente de que ele deve responder às botinadas com dribles não mede as consequências. Se o melhor jogador brasileiro passa o pé gratuitamente sobre a bola para irritar o adversário, ele enerva o rival e amplia as possibilidade de tomar um pontapé. E um pontapé pode lesionar o ex-santista, algo a ser evitado meses antes do Mundial.
Ao se atirar em diversas situações, Neymar também provoca os seus marcadores. Nenhum zagueiro age com indiferença diante de um "cai-cai". A tendência é os animos se acirrarem e as jogadas realmente ficarem mais violentas. O camisa 10 tem muito mais a perder em situações assim e deveria evitá-las. Se alguém machucá-lo será visto como vilão, mas isso não aceleraria sua cura.
Evidentemente não estou sugerindo que Neymar deixe de driblar. Mas seria mais inteligente fazê-lo em jogadas próximas à área rival, sem ficar passando o pé sobre a bola para irritar o marcador que, repentinamente, pode lhe quebrar. Mais prudente e razoável, a tão pouco tempo da Copa e em sua primeira temporada na Europa, seria fazer jogadas individuais de forma mais objetiva e segura.
Mowa Press
Neymar em ação diante da seleção de Honduras na goleada do Brasil por 5 a 0, em Miami
Neymar em ação diante da seleção de Honduras na goleada do Brasil por 5 a 0, em Miami
Se Neymar compra algumas brigas desnecessárias com jogadores tecnicamente risíveis como os hondurenhos, Luiz Felipe Scolari segue colhendo frutos das experiências feitas por Mano Menezes. O ex-técnico da CBF foi quem realizou os muitos testes após a Copa 2010 e formou a base utlizado pelo seu sucessor. E além dos nomes, um conceito começa a ser aproveitado, o do "falso 9".
Mano já havia tentado montar o time com centroavante típico até perceber que não tem opções. Fred brilhou em alguns jogos da Copa das Confederações, mas não é confiável pelo aspecto físico. E os demais são tecnicamente inferiores, jogadores sem tamanho para vestir uma camisa de comandante de ataque titular da seleção brasileira. Daí a busca por alternativas.
A entrada de Robinho e a saída de Jô funcionou. Time leve, com muita movimentação e vários jogadores capazes de marcar os gols, que foram bem distribuídos nos 5 a 0 construídos no segundo tempo. Evidentemente essa formação encontrou a equipe de Honduras mais mexida, cansada e menos resistente em relação à etapa inicial. Mas funcionou e deve melhorar. Ponto para o treinador por recorrer a uma idéia que não é dele, mas pode ser boa.
ESPN TruMedia
Jô em ação no primeiro tempo e Robinho no segundo: maior participação na partida
Jô em ação no primeiro tempo e Robinho no segundo: maior participação na partida em Miami