domingo, 8 de setembro de 2013

Semana da Pátria

Felipão lamenta não poder fazer o que o Brasil inteiro pretendia: jogar mais vezes em casa.
Por culpa do contrato de exploração da imagem mundo afora, a seleção despediu-se de sua torcida ontem e só volta depois da convocação final para a Copa, em maio.
O plano de Felipão também fracassou em outro aspecto. Jogar em Brasília no 7 de setembro parecia a senha para reviver a intimidade com a arquibancada da Copa das Confederações. Não foi igual. Apesar do canto do hino nacional, havia menos torcedores, menos gritos, até menos manifestações nas ruas do que três meses atrás.
A comparação com o 7 de setembro de 2012 é mais feliz. O Morumbi recebeu 51 mil torcedores há um ano para um insosso Brasil 1 x 0 África do Sul, gol sofrido de Hulk aos 29 do segundo tempo. A torcida vaiou desde os 5 do primeiro tempo e só comemorou 74 minutos depois.
Ontem, os 40 mil presentes só precisaram esperar sete minutos para gritar gol. O sistema 4-3-3, alternativa para os segundos tempos da Copa das Confederações, foi usado desde o primeiro minuto em Brasília, por causa da ausência de Oscar.
Quando escala três volantes, muitas vezes, Felipão faz dois deles serem meias. Paulinho e Ramires fizeram esse papel com sabedoria.
Paulinho iniciou o contra-ataque do segundo gol de Jô. Ramires fez o passe perfeito para o terceiro, de Neymar. No ataque, Bernard, impecável, participou de três gols.
Antes da Austrália, a seleção tinha marcado 29 vezes sob o comando de Felipão. Só três em contra-ataques. Fez mais dois assim no estádio Mané Garrincha.
O primeiro gol de ontem foi o quarto de Felipão com bola roubada no campo de ataque. Dos 35 gols da era Felipão, 21 (60%) nasceram com a posse de bola contra defesas fechadas.
A seleção tem repertório, mas o parâmetro não pode ser o frágil adversário de ontem.
Holger Osieck, técnico da Austrália, assinava a súmula para Franz Beckenbauer, na campanha vitoriosa da Alemanha na Copa de 90, porque o Kaiser não tinha licença para ser treinador. A Austrália está classificada. Mas Felipão tem muito mais certeza do que Osieck de que assinará as súmulas em 2014.
CRUZ OU ESPADA
O Cruzeiro gastou mais do que pode para montar o time campeão do primeiro turno. Júlio Baptista e Ceará ganham mais de R$ 500 mil, Tinga, Ceará e Dagoberto estão perto dos R$ 300 mil. O preço pode ser caro no futuro. Mas qual o preço de não investir num ano em que o Atlético foi campeão da Libertadores?


Também seria caro o preço do futebol brasileiro, que há nove campeonatos assiste ao revezamento de títulos nacionais de cariocas e paulistas. É o maior período de hegemonia Rio-SP da história dos torneios de clubes no Brasil.