domingo, 8 de setembro de 2013

Desfalques variam sutilmente o desenho tático da seleção, mas não a estratégia jogando no Brasil

Jogadores brasileiros comemoram um dos seis gols no massacre contra a Austrália
Brasileiros comemoram um dos seis gols na goleada sobre a Austrália.
A derrota da seleção brasileira para a Suíça em agosto pode ser descartada como avaliação. Na prática, o valor de um amistoso com a grande maioria voltando de férias é risível. Não conta.
Em Brasília, os 6 a 0 sobre a Austrália, repetindo placar da final da Copa das Confederações 1997, valeram como observação. Mesmo sem Daniel Alves, Oscar e Hulk. Nem tanto pelo placar, já que o abismo técnico e tático deve ser relativizado. Muito mais pela confirmação da estratégia de Luiz Felipe Scolari atuando no Brasil.
Assim como na conquista recente, a pressão sufocante nos primeiros minutos intimidaram o adversário e trouxeram a torcida junto, mesmo com estádio vazio para a volta ao país depois do título. E novamente fizeram o time abrir o placar nos primeiros minutos. Também pela transição rápida forçando o jogo pelos flancos.
À direita, velocidade de Bernard e força de Maicon. Pela esquerda, técnica e habilidade de Marcelo e Neymar. Sempre com o apoio dos volantes-meias para as tabelas e ultrapassagens.
Sem o meia central do 4-2-3-1, Felipão recorreu ao desenho tático alternativo do time canarinho: 4-3-3/4-1-4-1, com Ramires, de volta à seleção, repetindo Hernanes no posicionamento alinhado a Paulinho e atrás de Luiz Gustavo. Nenhuma surpresa, pelas peças disponíveis.
O gol aos sete minutos de Jô, completando rebote do chute de Bernard na trave após jogada de Neymar pela esquerda, encaminhou a goleada. Construída com outro do centroavante atleticano em jogada de Bernard pela direita e um gol à la Romário de Neymar. Infiltração pela esquerda em diagonal e toquinho no contrapé do goleiro. O Baixinho era o camisa dez no Barcelona e 11 na seleção. O inverso no caso do grande craque brasileiro da atualidade. Ambos letais à frente dos goleiros.
Olho Tático
Sem Oscar e com Ramires, Felipão recorreu ao 4-3-3/4-1-4-1 que funcionou na Copa das Confederações para envolver as linhas de quatro da Austrália.
Sem Oscar e com Ramires, Felipão recorreu ao 4-3-3/4-1-4-1 que funcionou na Copa das Confederações para envolver as linhas de quatro da Austrália.
Mantendo média de 70% de posse de bola e repetindo a pressão, o quarto gol saiu naturalmente no início da segunda etapa. Centro de Maxwell, substituto do lesionado Marcelo, gol de cabeça de Ramires. A confirmação de que o volante do Chelsea é muito útil e deve seguir no grupo.
Com as substituições, a disputa se descaracterizou. A Austrália seguiu com as imutáveis duas linhas de quatro e tropeçando nas próprias limitações. Com Marcos Rocha, Dante, Hernanes, Lucas e Pato,o Brasil manteve o desenho tático e o interesse até marcar mais dois: Pato, que circulou mais que Jô na frente e concluiu bela jogada de Neymar e Hernanes.
Luiz Gustavo fechou a goleada com chute forte no ângulo de Schwarzer. Rara descida do volante mais fixo de Scolari que auxilia Thiago Silva e David Luiz liberando laterais e meias.
Olho Tático
Com as substituições, equipes com os mesmos esquemas e mais dois gols brasileiros em ritmo de treino. Até de Luiz Gustavo, que não costuma avançar.
Com as substituições, equipes com os mesmos esquemas e mais dois gols brasileiros em ritmo de treino. Até de Luiz Gustavo, que não costuma avançar.
Saldo final: 73% de posse, 16 finalizações contra apenas quatro, 24 desarmes a 14 (Footstats). Muitos no campo australiano. É a solução brasileira para fazer a seleção jogar mais tempo nos contragolpes, cenário confortável para o time que é melhor na transição intensa que no controle e na troca paciente de passes.
Estratégia e esquemas definidos. Para quem tinha pouco tempo, Felipão avançou muito e rápido, embora não tenha o time pronto. Nem deve ter. Agora é testar variações e opções, como o reserva de Oscar, estimular a concorrência e se concentrar nos detalhes. O "polimento" até 2014.