O Campeonato Brasileiro já está sendo mais do que bem analisado pela turma da ESPN para que eu chova no molhado em artigo de segunda-feira. Primeiro, porque nada tenho a acrescentar ao que os experts da casa já disseram. Segundo, o fim de semana ficou para trás e já estamos na véspera de uma rodada importantíssima, com um Cruzeiro x Botafogo de tirar o fôlego, quase com jeito de decisão antecipada.
O que quero dizer aqui é que tenho uma velha mania de olhar quase obsessivamente para a parte de baixo do quadro de colocações. Alguém há de lembrar como, no ano passado, enquanto o Fluminense disparava rumo ao título, eu me preocupava com um Palmeiras que afundava inexoravelmente. Como ser insensível à via-crúcis de um clube com tanta tradição, tantos títulos e tanta torcida?
É claro que estou ligado no jogão que Cruzeiro e Botafogo prometem fazer no Mineirão, mas a parte de baixo volta e meia desvia minha atenção para Vasco, São Paulo, Flamengo, Fluminense e mesmo a Portuguesa de Desportos, cujo esquadrão encantou meus olhos de menino nos primeiros anos de Torneio Rio-São Paulo (saudades de Julinho Botelho, Djalma Santos, Brandãozinho, Nininho, Pinga, Simão...) É que estes cinco times, ou melhor, clubes, são daqueles que, ao meu juízo, não tem o direito de passar pela vergonha de um rebaixamento. Como o Palmeiras no ano passado.
Admito que clubes de tradição, com histórias de conquistas e grandes torcidas, não façam boas campanhas num Campeonato Brasileiro, que nem cheguem perto do G4, que briguem com outros pela aquela zona intermediária que os credencia a uma Copa Sul-Americana ou pouco mais. Mas cair para a segunda divisão é imperdoável.
Já sei que tal desgraça já aconteceu a grandes clubes como o Grêmio, o Atlético Mineiro, o mesmo Vasco, o Palmeiras, duas vezes, e o Fluminense, que até já foi parar na terceirona, Não culpo os jogadores pelo vexame, não peço a cabeça dos técnicos, nada disso. Só pergunto aos dirigentes desses clubes, todos eles, ao verem o Campeonato se aproximar, o que fizeram para que seus times tivessem desempenho ao menos digno? Pouco ou nada. A impressão que fica é de que esses dirigentes, confiando na sorte como camuflagem de sua incompetência, além de renunciarem à luta pelos primeiros lugares, devem achar muito emocionante a gangorra da parte de baixo.