domingo, 7 de julho de 2013

O triunfo de Bartoli

“Eu não gosto de fazer o que as outras meninas fazem. Seria entediante”.
O comportamento de Marion Bartoli em quadra, que irrita muita gente (eu, sinceramente, comecei a simplesmente achar engraçado com o passar do tempo), foi fundamental na final deste sábado. Ter um ritual – como saltitar da cadeira até o fim da quadra, fazer golpes imaginários entre os pontos, molhar o cabelo, o toss estranho – tudo isso esconde momentos de instabilidade ou insegurança que ela possa estar sentindo.
Essa é uma característica dos jogadores de maior força mental do circuito. Rafael Nadal é assim. Não importa o placar, ele sempre faz as mesmas coisas nos intervalos. Maria Sharapova? Mesma coisa. Isso vai minando emocionalmente o adversário, que não vê um sinal de fraqueza do outro lado.
Sabine Lisicki tem um currículo extenso de choros em quadra, tanto quando levou viradas, quanto nos momentos em que teve uma contusão séria. A mesma emoção que produz seu sorriso é a que causa o choro e diz à oponente: “não sei mais o que fazer”. Lisicki ainda tem um ótimo jogo para grama e sua campanha em Wimbledon não veio do nada, como seus resultados anteriores em Londres mostram. Quem sabe ela não terá uma segunda chance?
Porém, neste dia, cabe apenas reconhecer que Bartoli é uma das atletas mais dedicadas da WTA. Todos que a conhecem dizem isso. Se não acreditar, veja esse vídeo engraçadíssimo:
Muita gente implica com a sua forma física. Eu também prefiro ver atletas com um corpo mais definido, como Samantha Stosur, Andrea Petkovic ou Serena Williams, mas não acho que isso seja um argumento justo para desmerecer Bartoli. Como sempre digo, esporte feminino não é desfile de miss. Quer babar em uma gostosona? Desligue a TV e compre uma Playboy.
Os incríveis Bryan
Infelizmente, a lógica prevaleceu nas duplas e os irmãos Bryan venceram Marcelo Melo e Ivan Dodig. O mineiro e o croata tiveram um ótimo começo e depois continuaram jogando bem, mas os norte-americanos ficaram muito firmes no saque a partir do segundo set e praticamente não deram chances. Os Bryan ficam melhores a cada ano.
Podemos dizer o mesmo de Marcelo, que agora tem esse incentivo para continuar com Dodig e um ranking melhor para ter chaves boas daqui para frente. Agora é a vez de Bruno Soares tentar seu título, com Lisa Raymond. As chances são maiores, mas Daniel Nestor e Kristina Mladenovic formam uma ótima dupla.
Djokovic ou Murray?
As semifinais masculinas foram sensacionais. Juan Martin del Potro se superou na grama, provavelmente bateu o recorde de velocidade de um forehand na história do tênis, lutou como sempre e transformou a grande batalha em sentimento positivo, curtindo o jogo e levando o público junto. Novak Djokovic teve um péssimo dia no backhand (e foi bem irônico que ele foi acertá-lo justamente no match-point), mas se segurou com o saque e boas subidas à rede.
Jerzy Janowicz mostrou que veio para ficar (e olha que eu sou bem desconfiada com jogadores jovens). Além de um saque fulminante, o polonês sabe devolver, tem uma ótima movimentação, conta com recursos para variar o jogo e possui atitude de sobra. Mesmo se não virar um top 5, certamente Janowicz será um concorrente de peso em Wimbledon nos próximos anos.
Sobre a final, a racionalidade me manda apontar Djokovic. O sérvio correu menos riscos durante a campanha e é um pouco mais agressivo do que Murray, algo que é decisivo na grama. O britânico venceu o único confronto nesse piso nas Olimpíadas, mas Murray fez um torneio absolutamente perfeito naquela ocasião e não acho que ele jogará tão bem. No entanto, meu sentimento é de que o Scot aproveitará sua chance na garra, na marra e no grito, como fez contra Fernando Verdasco e Janowicz. Se não acontecer, prepare o lenço, porque haverá muitas lágrimas.