Para chegar à decisão do Mundial de Clubes da Fifa, no Marrocos, o Atlético Mineiro terá de superar uma semifinal que costuma ser complicada para os clubes brasileiros.
Ano passado, o Corinthians sofreu para vencer os egípcios do Al Ahly por 1 a 0, e em 2010 houve a primeira eliminação de um campeão da Libertadores antes da decisão: a famosa derrota do Internacional para o Mazembe.
Um dos possíveis adversários do Galo é o Monterrey, do México, que disputará o confronto de quartas-de-final contra o vencedor da fase preliminar entre o Raja Casablanca, campeão do país-sede, e o Auckland City, da Nova Zelândia, um veterano de Mundiais.
Para dissecar o Monterrey, o blog convidou o especialista em futebol mexicano Petrick Moreno (@petrickmoreno), que conta tudo o que o atleticano precisa saber sobre a equipe que pode cruzar o caminho alvinegro no Marrocos.
Afinal, quem é esse Monterrey?
por Petrick Moreno
Para responder a essa pergunta, devemos retroceder um pouco no tempo. Quando o Monterrey foi terceiro colocado no Mundial de Clubes ano passado e tricampeão da Concachampions em cima do também mexicano Santos Laguna em uma remontada épica dos Rayados, o técnico era Víctor Manuel Vucetich. Após conseguir apenas seis pontos em sete rodadas no Apertura 2013 e ter problemas de relacionamento com alguns atletas, chegava o fim da era "Rei Midas" no Monterrey.
Assumia então José Guadalupe Cruz, debaixo de muita desconfiança e olhares de dúvida por parte da ‘hinchada'. ‘Profe' Cruz dirigiu a equipe na liga local em 10 partidas, obtendo quatro vitórias, duas empates e quatro derrotas. Duas destas derrotas foram para Pumas e Atlante, as equipes que jogaram o pior futebol do Apertura 2013 da Liga Bancomer MX (último e penúltimo, respectivamente). O Monterrey terminou em 11° lugar na liga mexicana e não conseguiu se classificar para a Liguilla (playoffs). Em resumo, foi um fiasco.
O Monterrey tem alguns destaques individuais que merecem um olhar especial. No setor ofensivo, Humberto ‘Chupete' Suazo. O atacante chileno somou 1.146 minutos jogados no Apertura 2013 e marcou 10 gols. Sem dúvida é o melhor jogador da equipe. Atua como um segundo atacante ou como "falso 9", dependendo da formação tática. "Chelito" Delgado e Neri Cardozo são outros que merecem atenção: ambos usam muito as alas, são meias velozes e com características ofensivas.
Madrigal e Marlon de Jesús são os centroavantes da equipe, jogadores com boa presença de área e poder de finalização, mas não atuam juntos.
No meio-campo, destaque para o brasileiro naturalizado mexicano Lucas Silva, que atuou 1.238 minutos na liga. Por ele passam e nascem todas as jogadas ofensivas da equipe. Ainda no setor, Zavala é um volante de qualidade: jogou 1.205 minutos, fez dois gols.
No setor defensivo, o goleiro Jonathan Orozco foi o destaque da fraca campanha do Monterrey no campeonato mexicano. Com atuações memoráveis, evitou até algumas goleadas. O excelente zagueiro Hiram Mier é sem dúvida o principal desfalque (lesão no joelho), portanto o defensor argentino Basanta é o encarregado da missão inglória de comandar uma defesa instável e nada confiável.
Muitos comentam que aquele Monterrey do Mundial de Clubes anterior chegou muito melhor que o atual para a competição, uma vez que a preparação dessa equipe inexistiu.
Venderam Tecatito Corona, Dorlan Pabón, Aldo de Nigris e despediram Vucetich para contratar outro treinador sem identificação, nem o mesmo gabarito. Tiveram apresentações pífias em uma das piores ligas mexicanas dos últimos tempos, pelo nível das equipes.
O Monterrey pode surpreender, mas caso isso aconteça, será muito mais pela qualidade individual de seus atletas do que pelas qualidades da equipe coletivamente falando e do treinador que ainda busca implantar sua filosofia na equipe.
Em resumo, esse Monterrey é uma verdadeira incógnita. Pode surpreender e alçar voos inimagináveis. Pode dificultar o jogo para os adversários e ainda assim ficar pelo caminho. Ou pode ser uma vergonha. Apenas o tempo irá dizer.
Funções de Suazo
O flagrante mostra o chileno praticamente articulando o time, saindo da zona de ataque e recuando, praticamente como um meia. Isso acontece quando De Jesús ou Madrigal estão na referência, mas também em alguns momentos quando joga sozinho, sendo um "falso nove".
Reprodução TV
Suazo volta para buscar jogo
Suazo volta para buscar jogo
Nesse outro, ele aparece como um atacante de referência. Isso vai depender da formação tática, se com dois atacantes ou apenas ele.
Reprodução TV
Suazo posicionado na referência
Suazo posicionado na referência
(Imagens retiradas da vitória por 2 a 1 sobre o Chivas, pela 17ª rodada da Liga Bancomer MX)
Em outros flagrantes fica claro a variação que ‘Profe' Cruz faz: ora tem a primeira linha com cinco, ora com quatro.
Aqui a linha defensiva com cinco jogadores (Jogo pelas quartas-de-final Copa MX, empate por 2 a 2 e vitória do Monterrey nas penalidades).
Reprodução TV
Monterrey se defendendo com linha de cinco
Monterrey se defendendo com linha de cinco
Nesse jogo o Monterrey (de branco) venceu o Veracruz por 3 a 0 em partida válida pela 16° rodada da liga mexicana:
Reprodução TV
Flagrante da linha de cinco do Monterrey
Flagrante da linha de cinco do Monterrey
Em outros flagrantes percebe-se claramente o Monterrey atuando com sua primeira linha com quatro jogadores:
Reprodução TV
Variação com linha de quatro na defesa
Variação com linha de quatro na defesa
Nesse mapa de calor, vemos Lucas Silva na partida contra o Chivas. Vemos que dele nascem as jogadas da equipe.
Divulgação
Lucas Silva contra o Chivas: em verde os passes certos, em vermelho os errados
Lucas Silva contra o Chivas: em verde os passes certos, em vermelho os errados
Suazo em partida contra o Veracruz.
Divulgação
Suazo contra o Veracruz: bolinhas são os gols, em amarelo as chances
Suazo contra o Veracruz: bolinhas são os gols, em amarelo as chances
Suazo contra o Chivas.
Divulgação
Suazo contra o Chivas
Suazo contra o Chivas
Percebe-se que na maioria do tempo o chileno não fica na área, sempre saindo para buscar tabelas e infiltrações.