sexta-feira, 5 de julho de 2013

Londres em dose dupl


Lisicki is wheeled off the court after falling on match point against Rodionova at the U.S. Open tennis tournament in New YorkOs duplistas mineiros são mesmo a grande alegria do tênis brasileiro. E não é de hoje. Mas o sucesso de Wimbledon tem um sabor muito especial. Marcelo Melo quebrou um jejum de 46 anos ao avançar à final de duplas de Wimbledon, o que havia deixado escapar seis anos atrás ao lado de André Sá.
Essa é a mesma grama sagrada que consagrou Maria Esther Bueno como uma das maiores tenistas de todos os tempos, até hoje reverenciada em Wimbledon. Será na mesmíssima Quadra Central onde Estherzinha levantou seus três troféus de simples – e provavelmente a maioria dos cinco de duplas – que ele pedirá ajuda do croata Ivan Dodig e dos céus para encarar no sábado os irmãos Bob e Mike Bryan.
Impossível ganhar? Tecnicamente falando, claro que os gêmeos são superiores. Mas na prática existe uma chance. Por dois motivos: em primeiro lugar, os Bryan perderam três da cinco finais que fizeram em Wimbledon. Depois, e mais importante, jogam por um feito único na história, que seria deter simultaneamente todos os troféus de Grand Slam e o ouro olímpico. Isso pode ser uma grande motivação ou um grande peso.
Melo e Dodig também já saltam para a faixa das oito parcerias mais bem classificadas na temporada – devem sair como a sexta melhor após Wimbledon – e estão também na briga pelo Finals de Londres. Claro que, se surpreenderam e levarem o título, a vaga é praticamente assegurada, porque estariam não apenas no terceiro lugar, imediatamente atrás de Bruno Soares/Alexander Peya, mas também poderão usar o regulamento que dá prioridade aos campeões de Slam de ficar com a oitava vaga. Os Bryan nem entram nessa história, porque são líderes e já garantidos lá.
Então, o Brasil pode não apenas ter um, mas dois representantes mineiros no Finals da mesma Londres, algo completamente inédito e espetacular. Aliás, Bruno está na semi de mistas, é o favorito ao título ao lado da excelente Lisa Raymond. Já imaginou decidirmos dois troféus de Slam num fim de semana só?
Feminino – A rodada desta quinta-feira colocou a alemã Sabine Lisicki e a francesa Marion Bartoli na final totalmente inesperada de Wimbledon. É um resultado merecido pela carreira tumultuada e pelo espírito de superação de ambas. Lisicki sofreu com lesões sérias, teve a carreira ameaçada quando machucou o tornozelo. Impossível não lembrar das cenas em que deixou a quadra de maca ou de cadeira de rodas (veja na foto no US Open de 2009). Está curtindo cada vitória. Eliminou a toda-poderosa Serena Williams e mostra um jogo perfeito para sucedê-la na grama.
Bartoli brigou contra tudo e contra todos, incluindo o pai problemático. Viveu incrível frustração um ano atrás, quando seu nome não foi incluído no torneio olímpico devido às desavenças com a Federação Francesa. Sua mecânica lembra Monica Seles (e Fabrice Santoro), mas ela não tem medo de volear e saca bem para seu 1,70m. Enfim, qualquer uma delas que erguer o troféu neste sábado terá todos os méritos, que não se resumem às seis vitórias até aqui. Daí entendermos o motivo das lágrimas que ambas derrubaram hoje.