quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Apesar de impasse com W. Torre, Palmeiras tem melhor modelo de novo estádio do Brasil

A matéria sobre o impasse entre Palmeiras e W. Torre a respeito dos direitos de vendas de cadeiras no Allianz Parque, publicada na Folha desta quarta-feira, assinada por Bernardo Itri e por este colunista, não esconde que clube e construtora formataram o melhor modelo de negócio na comparação com qualquer outra arena do país. O negócio é bom para o Palmeiras.
Há uma falha na redação do contrato ao não especificar quantas cadeiras cada lado pode explorar. Mas o Palmeiras teve nos anos 90 a maior experiência em gerenciar uma relação com interesses difusos ao se relacionar com a Parmalat por oito anos. Todo mundo ganhou naquela relação. Com bom senso na relação, Palmeiras e W. Torre têm muito a conquistar na gestão do novo estádio.
Para entender que o negócio é bom para os dois lados é importante lembrar dois aspectos. Primeiro, que o clube não gastou nenhum centavo para levantar o estádio, diferente do Grêmio que paga o empréstimo de R$ 260 milhões do BNDES e mesmo do Corinthians que terá de devolver os R$ 400 milhões ao mesmo BNDES. É isso o que explica a W. Torre vender os direitos sobre o nome do estádio e dar "apenas" 5% ao Palmeiras nos primeiros cinco anos.
Sobre todas as receitas do estádio, o Palmeiras tem 5% nos primeiros cinco anos, 10% dos cinco aos dez anos, 20% dos dez aos quinze anos e assim sucessivamente até alcançar 100% no trigésimo ano do acordo. Os naming rights, os shows, a venda de cadeiras cativas, tudo isso dá 5% ao Palmeiras nos primeiros cinco anos -- 95% para a W. Torre.
Mas o clube tem 100% da bilheteria dos jogos de futebol. Quer dizer que mesmo vendendo as cadeiras, a W. Torre tem de pagar o ingresso por cada cadeira que comercialize. O acordo diz que a construtora deve remunerar o Palmeiras em todos os jogos pelas cadeiras que vendeu pelo preço do ingresso mais barato da temporada anterior. Se a arquibancada custa R$ 30, a W. Torre deve pagar essa quantia por cada uma das cadeiras em todos os jogos.
Em outras palavras, se a W. Torre vender as 45 mil cadeiras, terá de dar ao Palmeiras em todas as partidas R$ 1,350 milhão. A melhor renda do Palmeiras no ano foi contra o Libertad, na Libertadores (R$ 1,324 milhão). Na Série B, a melhor arrecadação foi de R$ 1,016 com 29 mil pagantes no jogo Palmeiras 2 x 1 Paraná, em 10 de agosto.
Importante também dizer que o imbróglio começa porque o Palmeiras julga ter aprovado no Conselho Deliberativo a minuta do contrato e que esta previa a divisão das cadeiras oferecendo 10 mil à construtora. A W. Torre tem outra versão. Diz jamais ter se levado a minuta do contrato para aprovação. O que havia, segundo os construtores, era um documento chamado "Expectativa de receita na nova Arena". Esse texto falava da divisão dos lucros a partir da venda de 10 mil cadeiras.
Pelo contrato, o estádio deveria ter no mínimo 42 mil lugares. Terá 45 mil assentos. Entre as 10 mil cadeiras que o Palmeiras pretende dar à W. Torre e as 22 mil desejadas pela construtora, é possível achar um meio termo entre 15 mil e 18 mil. Em vez de montar uma comissão de conselheiros para discutir com a construtora, o melhor que o Palmeiras tem a fazer é colocar José CArlos Brunoro na história. Quem fez Palmeiras e Parmalat terem tanto sucesso numa relação conflituosa, pode conseguir o mesmo êxito agora.