quinta-feira, 24 de novembro de 2011

VÍDEOS: Time com alma contra time com grana. Vitória do futebol

O Manchester City não é um clube artificial, desses que pipocam por aí. Tem história, algumas glórias e torcida. Sim, os Citizens mantêm seguidores fiéis, que continuaram ao lado do time azul da cidade mesmo nos tempos de vacas magérrimas. O clube fundado em 1880 ganhou uma Recopa Europeia, dois títulos nacionais, sete da segunda divisão, cinco Copas da Inglaterra, duas Copas da Liga e três Supercopas inglesas. É mais do que alguns considerados grandes aqui no Brasil sonham acumular em décadas ou mais de um século de vida.

Quando fez 6 a 1 no rival United, em outubro, pela Premier League, o City do dinheiro árabe se inseriu entre os grandes na briga pelo campeonato inglês, que lidera com folga. Mas a campanha na Champions League é fraca desde a estreia. Em cinco jogos, um par de vitórias, ambas sobre o Villarreal, que perdeu todos os cotejos dos quais tomou parte, saco de pancadas do grupo liderado pelo Bayern Munique. Pouco para um time zilionário, capaz dar um bico no tal fair-play financeiro ao torrar libras como se fossem dólares do Zimbabue.

No video abaixo veja a entrada em campo


Diante do Napoli, no mítico estádio Sao Paolo, onde Diego Armando Maradona escreveu algumas das mais importantes páginas de sua belíssima história no futebol, o Manchester City foi um time frio. Técnico, rico, estelar e frio. Gelado. Que sucumbiu ante o vigor e a dedicação da valente squadra do sul da Itália, formada por jogadores sem a mesma fama, sem os mesmos salários, mordomias e badalações. Mas com o apoio daquela massa de apaixonados "tifosi" capaz de levar uma equipe de futebol a um estágio além de suas próprias limitações.

No vídeo abaixo, a festa após o apíto final



A vitória do Napoli sobre o milionário Manchester City praticamente empurrou o líder da Premier League para uma melancólica participação na Liga Europa, destino idêntico ao que terá Bate Borisov ou Viktoria Pílsen, clubes obscuros e paupérrimos. Pífio para quem enterra tanto dinheiro num time de futebol. Vergonhoso pela maneira como se desenha a eliminação precoce dos Citizens da Liga dos Campeões. Algo que, caso se concretize, só poderá ser minimizado com a conquista do título inglês.

Quem acompanhou Napoli 2 x 1 Manchester City e não entendia a diferença entre estádio e arena, torcida e platéia, não tem desculpas para insistir em dizer que não vê distinção. Se o City of Manchester, rebatizado como Etihad Stadium, é moderna e confortável arena, seus caros ingressos atraem uma plateia elitizada e muitas vezes gelada. O formato, organizado e elogiável da Premier League, há tempos revela sua fragilidade ao segregar fãs apaixonados e capazes de verdadeiras loucuras pelo time de fé. Sai a torcida, entra a plateia.

Mas futebol não é teatro, nem em sonho. E no velho Sao Paolo não há tanta sofisticação, tampouco naming rights, com alguma grande empresa emprestando seu nome ao estádio por milhões de euros. Mas lá o povo apaixonado comparece, tem acesso, agita bandeiras, monta mosaicos, acende sinalizadores, faz a festa. Vaia, irrita o adversário, apoia o Napoli, sofre com o time de Maradona. É uma relação visceral, há conexão entre campo e arquibancada. E isso não está disponível em prateleira alguma. Uma verdadeira torcida dinheiro nenhum jamais comprará.

O Napoli se superou com a força, o apoio de sua gente, arrancou uma vitória histórica sobre o milionário Manchester City e mostrou porque que o futebol é tão marvilhoso. Assim, na antiga cancha napolitana vimos um time com alma contra um time com grana. E a belíssima demonstração de que o nosso esporte não é só "money", mas paixão e coração. Forza Napoli. Aprenda essa lição Sheikh Mansour bin Zayed bin Sultan Al Nahyan. E viva o futebol!



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