segunda-feira, 21 de março de 2011

O país dos interinos

LEVIR CULPI e Abel Braga confirmaram convites de Santos e Fluminense. Responderam que não podem aceitar os convites agora. O Flu apresentou a Abel uma solução. Contrataria Josué Teixeira, ex-assistente de Abel, até o titular chegar.
É provável que o clube desista da ideia, criticada até mesmo pelo treinador: "Para mim, seria ótimo! Para o clube, ruim", disse Abel.
O êxodo dos craques chegou aos treinadores e faz do Brasil o país dos interinos. Abel, Levir, Nelsinho Baptista, Paulo Autuori e Oswaldo de Oliveira estão no exterior, fora do mercado.
Como eles são caros, e o interino é barato, basta cair um medalhão para alguém cogitar o assistente. Aconteceu no Santos, pós-Adilson. Duas derrotas depois, Martelotte não serve mais.
Ele, diga-se, tem chance de ficar. Suas entrevistas transmitem a segurança de quem sabe o que faz. Seus resultados, não. O Santos tentará encurtar as férias de Muricy. Se não puder, dirá que Martelotte representa os velhos técnicos santistas, ex-jogadores na Vila -foi reserva de Zetti em 1998.
Não basta. O culto ao interino surge do equívoco de que qualquer um pode ser treinador. A profissão exige planejamento e liderança, conhecimento das funções do médico, do preparador físico e do mercado de atletas. É preciso também se mostrar numa embalagem que convença torcida e imprensa de que ele é o cara.
Dizem que os técnicos são sempre os mesmos. Há uma lista dos que tiveram chance e não ficaram: Sérgio Baresi, Jorginho, Gallo, Vinícius Eutrópio, Gaúcho, Marcelo Rospide, Roberto Rojas.
Andrade foi campeão brasileiro e voltou seis casas na carreira. Duro é ser Mano Menezes. Há seis anos, ele saiu do Caxias para o Grêmio, após treinar os juniores do Inter. Naquele tempo, você lhe daria o emprego?

DECISÃO PERIGOSA
Adilson saiu do Santos por escalar Neymar por dentro, para jogar mais perto do gol. Guardiola, que saiu do Barcelona B, fez o mesmo com Messi e mostra que é possível a promessa dar certo. Mas é preciso tomar a decisão por conhecer o técnico, não para resolver um problema imediato. Nesse caso, a embalagem pode fazer menos diferença. Em outros, não. Muricy foi interino no São Paulo e só se firmou lá após ser efetivo.