No Bate-Bola dominical da ESPN Brasil, o repórter Rubens Pozzi mostrou uma cena curiosa e que dependendo dos personagens envolvidos, pode chegar ao bizarro. Um carrinho daqueles de campo de golfe subindo lentamente a histórica (não, essa eles não demoliram) rampa de acesso ao último andar das arquibancadas do (New) Maracanã. Quem, como eu, tantas vezes escalou aquela pista com orgulho e peito estufado a caminho de mais um cotejo no que era a nossa velha casa, sabe bem que por mais que possa parecer cansativa, ela nunca nos exauria.

Era uma honra subir a rampa do velho "Maraca" para instantes depois reencontrar a fantástica visão daquele estádio monumental, imponente, intimidador e seu gramado verdíssimo iluminado pelo sol. Pozzi relatou que o veículo é disponibilizado para atender aos que, por diferentes razões, têm dificuldades para chegar lá em cima, ou mesmo não conseguem devido a alguma deficiência. Se for sempre assim, bacana, muito bom. Mas há sempre o risco de algum coxinha cansadinho, com preguiça, pegando carona no carrinho. Olho neles!

O contraponto a essa possível bizarrice? Os meninos colorados escalando o alambrado do Estádio Centenário de Caxias do Sul para comemorar o gol de D'Alessandro no sempre feroz duelo entre Grêmio e Internacional. E celebraram o tento em sintonia com o ídolo argentino, colocando pra fora toda a raiva. Sim, senhoras e senhores, enquando a bola rola num clássico GreNal muitos se alimentam do amor pelas cores do próprio clube mesclado ao ódio despertado pelo rival. E esses moleques certamente não vão pedir carrinho algum na subida das arquibancadas do Beira-Rio quando o estádio voltar a funcionar. A empolgante vibração dos jovens (e autênticos) torcedores renovam minhas esperanças na sobrevivência do verdadeiro futebol.

Esperanças renovadas também no Alto da Glória, onde Keirrison voltou a marcar após dois anos de jejum, lesões e cirurgias. E não foi um golzinho qualquer. O centroavante que um dia o Barcelona veio buscar derrubou o líder e virtual campeão, Cruzeiro, onde fracassou. Uma cabeçada certeira que fez o Coritiba se afastar da zona do rebaixamento. E chorou. Cena bonita de quem certamente passou por coisas que nenhum de nós conseguirá imaginar.

O medo de não jogar mais, o temor de não voltar a ser o mesmo. Não se sabe se Keirrison será o que foi no começo ou tão bom quando esperávamos vê-lo em algum tempo. Mas isso nem é tão importante quando o artilheiro volta a empurrar a bola para o barbante, comemora com seu povo e chora como que diz: "Eu estou vivo!" Ah, o futebol...
Gazeta Press
Após dois anos, Keirrison voltou a fazer um gol, e decisivo:n Coritiba vence o líder Cruzeiro
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