segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fernando Torres, o anti-heroi que serve e finaliza no Chelsea

Getty
Fernando Torres perdeu um gol incrível, mas deu uma assistência e fez o gol da vitória contra o City
Fernando Torres perdeu gol incrível, mas foi decisivo na vitória do Chelsea.
Vinte e nove minutos do primeiro tempo no Stamford Bridge. Disputa equilibrada com o Manchester City até Ramires servir Fernando Torres e o controverso camisa nove perder chance cristalina à frente do goleiro Hart. Depois de ir duas vezes às redes contra o Schalke pela Liga dos Campeões, parecia que seria mais um fim de semana infeliz na liga inglesa do contestado atacante de 58 milhões de euros.
Mas Torres não é o típico centroavante que só é notado quando faz gols. Dentro do 4-2-3-1 do Chelsea, é útil também na dinâmica do quarteto ofensivo. Móvel, abre espaços e procura as diagonais para servir ou finalizar. Quatro minutos depois do gol perdido, entrou pela direita e serviu Schurrle, que abriu o placar. Mais quatro minutos e uma bomba no travessão, infiltrando pela esquerda. Setor onde apareceu mais em toda a partida.
Trumedia
Movimentação de Fernando Torres: circulação por todo o ataque e presença efetiva pelos flancos, especialmente à esquerda.
Movimentação de Fernando Torres: circulação por todo o ataque e presença efetiva pelos flancos, especialmente à esquerda.
O time de Mourinho era vertical. Alternando Schurrle e Hazard pelos lados e Oscar também circulando, contando com bons passes de Ramires na distribuição. Mas a defesa, com Cahill deixando David Luiz no banco, tinha problemas.
Porque o City também apostou em leveza, movimentação e qualidade no quarteto ofensivo do mesmo 4-2-3-1. Yaya Touré avançado e centralizado, Aguero se mexendo na frente, Nasri e, principalmente, Silva circulando por todo o setor ofensivo para articular. O meia espanhol comandou o toque de bola que fez os Citizens terminarem a primeira etapa com 58% de posse. Mas apenas seis finalizações contra sete do rival. Nenhum gol.
Olho Tático
Chelsea e City no 4-2-3-1 com Fernando Torres abrindo espaços no ataque dos Blues e Silva girando a partir da esquerda para armar o time de Manchester
Chelsea e City no 4-2-3-1 com Fernando Torres abrindo espaços no ataque dos Blues e Silva girando a partir da esquerda para armar o time de Manchester
A bola só foi às redes de Petr Cech no início do segundo tempo. Sem comparações, Aguero lembra Romário pela baixa estatura, boa técnica e refinamento no toque final. Mas desta vez recebeu passe em profundidade no limite da linha de zaga adversária, arrancou e soltou uma bomba de esquerda no ângulo que lembrou os melhores momentos de outro fantástico atacante brasileiro: Ronaldo Fenômeno.
Os Blues perderam volume e Mourinho resolveu agir: trocou Lampard, que permitia a movimentação de Silva às suas costas, e Schurrle por Mikel e Willian. Manuel Pellegrini respondeu com Jesus Navas no lugar de Nasri. O time de Manchester seguiu superior em posse e finalizações, no ritmo de Silva e com bom desempenho de Fernandinho nos passes. No final, o treinador espanhol trocou Javi García por Kolarov recuando Touré e centralizando Silva. Depois Aguero por Negredo. Mourinho tirou Hazard e colocou Eto'o. Mas não mudou o posicionamento de Torres, que seguiu mais avançado.
Olho Tático
No final, Eto'o entrou pela esquerda e Torres seguiu à frente para decidir. Duro golpe no City que foi superior em boa parte do tempo.
No final, Eto'o entrou pela esquerda e Torres seguiu à frente para decidir. Duro golpe no City que foi superior em boa parte do tempo.
Não se arrependeu. Sempre participativo, "El Niño" acreditou em lance praticamente perdido no último minuto e acossou Nastasic. A expectativa durante todo o jogo era pela falha de Demichelis, zagueiro argentino veterano, lento e desentrosado em sua estreia no City. Mas o erro grosseiro foi mesmo do sérvio, que vacilou no recuo de cabeça. Hart saiu do gol de forma atabalhoada e a bola sobrou para o anti-heroi do time londrino.
O gol de Torres fez Mourinho celebrar nos braços da torcida. Também alçou o Chelsea à segunda colocação da Premier League, apenas dois pontos atrás do líder Arsenal. O atacante ridicularizado que erra muito, mas foi fundamental contra o Barcelona na semifinal da Champions League 2011/12 e na decisão da Liga Europa diante do Benfica na última temporada. Na partida em Londres, finalizou cinco vezes. Uma nas redes, outra no travessão, duas na direção da meta e aquela primeira, nas nuvens, em chute bisonho.
Se não justifica a fortuna desembolsada por Roman Abramovich, Torres compensa com trabalho coletivo, velocidade, passes e gols importantes. Não é pouco.