domingo, 14 de julho de 2013

São Paulo Autuori

Uma das primeiras frases ouvidas por Paulo Autuori ao chegar ao Centro de Treinamento do São Paulo, quinta-feira, foi: "Você vai apanhar pra cachorro!" A observação de um dirigente são-paulino dizia respeito ao clamor das arquibancadas por Muricy Ramalho e pela emergência de voltar a vencer.
São quatro derrotas seguidas no Morumbi, sequência inédita na história do estádio. Sete partidas sem vitória, a última em 29 de maio!
"No seu lugar, eu não teria assinado o contrato", brincou o dirigente. Autuori escutou com sabedoria, a ponto de dar a resposta em bom som durante a entrevista coletiva: "Não vim para ser amado. Vim para ser campeão!"
Autuori foi escolhido por seu curto período no clube, em 2005, e pelo que Muricy não fez em sua longa passagem entre 2006 e 2009.
Mais pelo que Muricy não fez: aproveitar a base.
Juvenal Juvêncio guarda na memória o volante Denílson triste, pedindo para ir embora, porque não entrava no ônibus do time principal. Guarda também ter dado o conselho de usar mais o meia Oscar e ter ouvido de Muricy que o garoto era franzino demais.
Denílson voltou, mas custou caro. Oscar rescindiu contrato, foi para o Inter e o Morumbi só recuperou parte do dinheiro depois de longa batalha judicial.
Autuori aparenta representar o trabalho a longo prazo e a integração com a base. A contradição é nunca ter feito um trabalho em clube grande do Brasil por mais de um ano. Num curto período, Autuori terá a missão de extrair o rendimento esperado de quatro jogadores fundamentais. O diagnóstico interno é que o São Paulo perde porque Lúcio falha, Luis Fabiano perde gols, Ganso desperdiça passes e Rogério não defende como antes.
Ou Autuori muda o desempenho deles ou muda a escalação. Porque o São Paulo dos últimos tempos muda o técnico --são sete desde a demissão de Muricy, em 2009.
No primeiro dia, Autuori disse confiar na recuperação dos quatro líderes, conversou com Ganso e elogiou Luis Fabiano. Entre os quatro, a maior distância está entre a grande área habitada por Rogério Ceni e a outra, onde mora Luis Fabiano.
Na quinta, Juvenal Juvêncio leu a lista dos 16 técnicos do Corinthians entre 2003 e 2013. Terminou com a constatação de Tite estar no comando corintiano pelo mesmo período de três anos que Muricy passou no São Paulo. Não por coincidência, o Corinthians ganha títulos hoje com a frequência são-paulina de antes. É inversamente proporcional a quantidade de treinadores.
Impossível dizer se o ovo nasceu antes da galinha.
O técnico é estável porque o time ganha ou o time ganha porque o técnico tem estabilidade?


Mais fácil sacramentar que o São Paulo vencia quando era estável e não vence na instabilidade.