domingo, 14 de julho de 2013

Após acordo do Flamengo com o "New Maracanan", a "Nação" merece uma bela explicação

O Flamengo, enfim, fechou com o consórcio do "New Maracanan" e jogará no estádio de R$ 1,2 bilhão já a partir de 28 de julho, quando ocorrerá o clássico com o Botafogo. O acordo foi antecipado peloESPN.com.br em reportagem de Gabriela Moreira e Pedro Henrique Torre no início da manhã de sexta-feira — clique aqui e leia. Mas as coisas não foram apresentadas como deveriam.
Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças do clube, falou à reportagem dos canais ESPN depois da confirmação do que já sabíamos — confira no vídeo abaixo as palavras do dirigente. Para os homens do consórcio pode ser conveniente e estratégico tornar segredo os percentuais da renda em cada setor pertences às partes envolvidas. Para o (torcedor do) Flamengo não faz sentido.
Aliás, interessante essa "cláusula de confidencialidade" envolvendo um estádio reconstruído internamente com o dinheiro do imposto que VOCÊ paga, não? Há quem ache normal, quem prefira fechar os olhos para simplesmente acreditar que o acordo do Flamengo é melhor do que o do Fluminense mesmo sem conhecê-lo. Pode até ser, acredito que seja mesmo, mas como ter certeza disso em meio a tamanho mistério?
Flamengo faz 'contrato-piloto' e jogará no Maracanã nos próximos seis meses; assista à matéria!
O Flamengo é a torcida. Até aquele rubro-negro que não é sócio e não tem dinheiro para comprar um ingresso tem peso no faturamento do clube. É a existência de milhões com tal perfil que motiva empresas a anunciarem no uniforme vermelho e preto, por exemplo. E a audiência que eles geram justifica o que a TV paga para mostrar os jogos do time, mesmo em má fase.
Só isso seria o bastante para tornar sem nexo a tal cláusula de confidencialidade. E a situação se agrava quando lembramos que os atuais dirigentes pedem (em alguns casos convocam, cobram, exigem) maior participação da "Nação Rubro-Negra" se associando ao clube. Ora, se querem o povo ao lado deles, abram o jogo. Quem comprar o ingresso no "New Maracanan" tem o direito de saber quanto do seu dinheiro em cada setor vai para o Flamengo ou para o consórcio.
Como se não bastasse, segundo o diário Lance! a estratégia do Flamengo era "garantir exclusividade à Rede Globo sobre o anúncio do acerto com o consórcio Complexo Maracanã Entretenimento" — cliqueaqui e leia. A TV paga bem ao clube pelo direito de mostrar seus jogos. Informações de interesse geral devem ser veiculadas com igualdade para toda a imprensa.
Se um jornalista for competente para apurar a informação e divulgá-la antes, com o risco de estar errado e pagar por isso, a responsabilidade não é do clube, mas do veículo, que pode perder ou ganhar credibilidade. Mas acertar com apenas um o anúncio aguardado por milhões é estabelecer privilégios que vão contra os interesses dos "donos" do Flamengo, os seus torcedores.
O flamenguista que vê a Band, SBT, Record, ESPN, Fox, ficaria esperando para ter a mesma notícia? A idéia seria forçá-lo a ver só a Globo? Também ficariam de lado os sites, rádios e jornais, que como as emissoras acima, entre outras, dedicam enorme espaço ao Flamengo? Lembrando que esse espaço voltado ao clube é o que faz Caixa Econômica Federal, Adidas, Peugeot e TIM pagaram para terem suas logomarcas no uniforme rubro-negro. O que justificaria tal privilégio oficial?
É óbvio que os atuais dirigentes têm feito um bom trabalho, começando a reerguer um clube gigantesco que vários antecessores afundaram após décadas de incompetência. Mas isso não os isenta de crítica. E criticar a postura dos homens que hoje comandam o Flamengo é mera obrigação de quem espera deles que sejam (muito) diferentes (e melhores) dos que por lá passaram antes. Presidente Eduardo Bandeira de Melo, a "Nação" merece uma bela explicação.
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Mauro Cezar: 'Consórcio Maracanã deve cuidar da administração, e não de como pessoas vão torcer'