segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

VÍDEO: Tite volta com 'pepinos', vence desconfiança inicial e leva o Brasileiro na 10ª participação

Adenor Leonardo Bachi voltou ao Corinthians depois de quase seis anos para deixar escapar o Campeonato Brasileiro de 2010 nas rodadas finais e ser eliminado para o modesto Deportes Tolima logo no primeiro confronto válido pela Copa Libertadores da América deste ano. Cenário perfeito para a demissão, certo? Errado. O presidente Andrés Sanchez contrariou a óbvia pressão da torcida e os questionamentos da imprensa e bancou a sequência do treinador, que se recuperou num bom Campeonato Paulista e na conquista do pentacampeonato brasileiro de ponta a ponta, liderando 27 das 38 rodadas disputadas na liga nacional.

"O presidente chegou para mim e falou 'vamos nessa, vamos trabalhar'. E a gente seguiu", lembrou Tite na última semana, em referência aos dias depois da queda na competição internacional, título jamais conquitado pelo clube. Mas, apesar de toda a cobrança gerada pelo cargo num dos maiores clubes do país, o gaúcho de 50 anos admite que a primeira dificuldade surgiu logo ao analisar a tabela que tinha pela frente na volta ao time paulista, restando oito jogos para o fim do Brasileiro do ano passado. "Da outra vez eu peguei um pepino para descascar. O time está sete jogos sem ganhar, você vem lá dos Emirados Árabes e enfrenta Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Cruzeiro...".

No decorrer da campanha, porém, Tite ganhou o grupo. Num momento complicado, tirou o zagueiro e capitão Chicão do time titular; fez o mesmo com o jovem goleiro Renan, contratado como uma das boas revelações do futebol brasileiro e que acabou falhando quando teve oportunidade de jogar; administrou o peso de ter um jogador como Adriano no banco de reservas, sob olhares de todos. E deixou como maior mérito do time o próprio time.



Reveja trajetória do campeão Corinthians na visão de Tite!
"A equipe é muito equilibrada. Tem posição e função muito definida. Os atletas têm entrosamento e a gente mescla a experiência com uma molecada que não tem ainda o grande título e tem o tesão de conquistar. A mentalidade é muito forte. A alma", define o comandante, em meio de frases que sempre valorizam o grupo, o coletivo, o elenco, a união.

Característica que, segundo quem foi companheiro de Tite dentro de campo, eram fáceis de serem notadas ainda nos tempos em que o técnico corintiano era um bom segundo volante. Evair, atacante do Guarani da segunda metade dos anos 1980, é quem recorda. "É difícil te dizer se naquela época ele já tinha o perfil de técnico, mas eu lembro de um cara de grupo, um cara muito interessado nas coisas que o grupo quer fazer, do que o grupo precisa. Já demonstrava personaliade de líder e nunca causou nenhuma situação desagradável", contou em entrevista ao ESPN.com.br uma das referências do time que foi vice-campeão brasileiro de 1986, da Copa União de 1987 e do Paulista de 1988.

O centroavante, campeão nacional por Palmeiras e Vasco, lembra ainda o perfil de Tite dentro de campo. "Era um jogador técnico, que jogava de cabeça erguida, com boa qualidade técnica. Taticamente ele era muito bom jogador, sabia bem como se comportar", finaliza.

Outro que faz elogios ao conhecimento do treinador é Mauro Galvão, zagueiro do Grêmio que em 2001 venceu a Copa do Brasil sobre o próprio Corinthians. Para o ex-zagueiro, Tite sempre consegue montar times competitivos e bem motivados. "Ele é muito equilibrado e muito profissional. Procura tirar o máximo dos atletas e por isso gostei muito de trabalhar com ele. Esse time mantém a característica de ser muito ligado, atento e num esquema que conta com a participação de todos. Um time muito participativo, todos na armação e todos na marcação", analisa.

Fato é que, de acordo com o que o próprio técnico assumiu nos dias que antecederam a conquista, faltava uma taça no Estado em que já havia trabalhado por três vezes e nunca conseguido realizar projetos completos. No seu 10º Campeonato Brasileiro como treinador, Tite então supera a semifinal com o Grêmio em 2002, o quatro lugar com o São Caetano em 2003, a arrancada com o Corinthians, as demissões em Atlético-MG, Palmeiras e Internacional e a amarga invencibilidade inútil do ano passado. Tite é, finalmente, campeão brasileiro de futebol.

CarreiraTite rodou pelo Rio Grande do Sul em clubes como Guarany de Garibaldi, Veranópolis e Ypiranga de Erechim, tendo destaque ao vencer o Campeonato Gaúcho pelo Caxias, em 2000. De lá, foi para o Grêmio, depois São Caetano e chegou à primeira passagem pelo Corinthians em 2004. Treinou ainda Atlético-MG, Palmeiras e foi para o Al Ain, nos Emirados Árabes. Retornou ao Brasil para o Internacional, voltou para os Emirados, desta vez no Al-Wahda, e aceitou o convite de treinar o Corinthians novamente no ano passado.