segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O grande passo

Quem observar os resultados da rodada, a antepenúltima do Brasileiro, numa folha de jornal, tela de computador ou souber deles por meio de programas esportivos do rádio e da TV, vai concluir que Corinthians e Vasco não fizeram mais do que a obrigação. Em casa, com os estádios tomados por suas torcidas, um venceu o time que tenta se livrar do rebaixamento; o outro, no sábado, bateu na pior equipe do campeonato.

Quem viu os jogos, no entanto, provavelmente percebeu neles muito mais do que a tal obrigação. Sobretudo no caso do Corinthians, ontem, contra o Atlético-MG, e menos no do Vasco, que passou pelo Avaí sem sobressaltos, embora a primeira etapa, com o placar em branco, e com o estreante goleiro do time catarinense pegando tudo, tenha causado certo desconforto na arquibancada.
Aqui na fria Milão, onde depois de amanhã acompanharei um Milan x Barcelona pela Copa dos Campeões que promete ser quentíssimo, pude, graças à tecnologia, assistir pela internet (com imagem excelente) aos jogos das duas equipes que restaram na briga pelo título brasileiro - as chances do Fluminense, agora, são mais concessão da matemática e dependem de alguns milagres combinados. E, após a do Pacaembu, enquanto me arrumava para sair em busca de uma pizza de última hora, veio-me uma, digamos, conclusão - se é que se pode concluir algo com antecedência em campeonato amalucado como este.
De todos os passos que o Corinthians deu até agora para alcançar o título, o de ontem foi o mais largo, o maior, o mais emocionante. Evidente que não dá para cravar que a taça já tem lugar reservado no memorial do Parque São Jorge. Mas não custa nada, a esta altura, o pessoal do cerimonial ao menos começar a estudar o melhor lugar para colocá-la.
A importância da vitória sobre o Atlético vai além da mera conquista de três pontos, mais do que fundamentais na reta final da disputa. A maneira como a virada foi obtida pode representar vantagem moral decisiva nos dois jogos que restam, contra Figueirense e Palmeiras.
Pode-se argumentar que o Corinthians está acostumado a grandes reviravoltas, à superação, com o toque decisivo de sua torcida. Correto. No entanto, toda vitória com pinceladas de dramaticidade, que assume contornos quase épicos, sofridos, tem algo de novo - e de bom - para ser aproveitado.
Desta vez, foi a estrela de Adriano, que voltou a brilhar. Mas o ainda parrudo atacante teve importância maior do que o gol da vitória. Em campo, foi preocupação real para os defensores adversários. Importante para um time que anda com tantos problemas no ataque, apesar do esforço de Liedson, Willian e Emerson.
O Corinthians esperou meses por Adriano. A demora na recuperação, alguns escorregões durante o tratamento, até mesmo a indolência na busca por uma forma física aceitável, estavam causando certa irritação entre a cartolagem. Mas eis que ele entra, tromba com a bola algumas vezes, mas, quando a teve do jeito que gosta, e sabe o que fazer dela, não perdoou: gol. E que gol!
Adriano poderá ser ajuda importante nas etapas que faltam. Mas também ajudará se Tite for um pouco mais ousado - sim, ousado, mesmo contra o argumento de que é hora de correr o menor risco possível. E também se os jogadores, e o treinador, conseguirem alternativas para fugir de armadilhas como a que Cuca montou ontem. O Atlético marcou com persistência e atenção e, durante boa parte do jogo, o Corinthians não soube como se desvencilhar. O susto serve de alerta.
E também é bom não esquecer que o Vasco está bem vivo. E que o Flu sonha (o que não custa nada).
Superclássico. Em Milão, só se fala agora em Milan x Barcelona, pela Copa dos Campeões. As duas equipes jogaram no sábado por seus campeonatos nacionais, com aproveitamento distinto. O Barça passeou diante do Zaragoza, aplicou mais uma goleada (foi 4 a 0), numa partida que a imprensa italiana definiu como treino de luxo para o confronto no San Siro. Messi e seus acólitos voltaram a mostrar o fino da bola. O Milan, por sua vez, ficou no 0 a 0 com a Fiorentina, num jogo em que as coisas boas foram raras. Uma delas, talvez a mais positiva, foi o retorno de Alexandre Pato, curado de outra de suas reincidentes contusões. Jogou pouco tempo, mas se saiu bem. Aspecto adicional para esquentar o duelo.