segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Embaixador da Copa, Pelé dá show de alienação em discurso surreal

O contrato entre Internacional e construtora Andrade Gutierrez ainda não foi assinado. E a reforma do Beira-Rio está simplesmente parada. Qual será o estádio de Porto Alegre na Copa do Mundo de 2014? O do Colorado ou a nova Arena do Grêmio? Ninguém pode afirmar com absoluta segurança.

Na sexta-feira lá estiveram o ministro do Esporte, Orlando Silva, e Edson Arantes do Nascimento, cidadão que quando jogava futebol era o melhor de todos, conhecido mundialmente como Pelé. Ele é embaixador honorário da Fifa. A dupla visitou o Beira-Rio e Edson Pelé, também famoso por suas declarações entre polêmicas e estapafúrdias, mostrou que estava realmente inspirado.

Disse que a capital gaúcha está na frente no quesito preparação para o Mundial, ignorando o impasse entre Inter e construtora: "Está praticamente pronto". É mesmo, "Rei"? Mas e quanto às obras paradas? Que nada, para Edson Pelé, isso não passa de "pessimismo generalizado". "Estamos criando um volume de onda, de ideias, de que as coisas não vão sair. Não é verdade. Vai sair", disse o otimista real.

Mas a que custo, senhor "embaixador"? Estaria Edson Pelé ciente das cifras estratosféricas alcançadas pelas obras da Copa? Ou o tema, árido, não o agrada. Despreparo, alienação, pura falta de vontade ou de coragem para colocar o dedo na ferida? Edson Pelé pede otimismo em seu discurso surreal. Parece querer brasileiros e brasileiras como cordeirinhos, apenas torcendo para tudo acabar bem, mesmo diante dos zilhões que deixam os cofres públicos em nome da Copa numa escalada avassaladora e inexplicável.

Pouco para quem há quase 42 anos, quando fez seu milésimo gol, chorou pedindo que olhassem pelas criancinhas do Brasil. Nada para quem poderia usar da enorme repercussão de suas palavras para fazer algo de bom pela sociedade. Imaginem Pelé ao lado de Romário questionando as decisões de cartolas e políticos em torno do Mundial de 2014. Vozes que ecoariam pelo planeta e chamariam a atenção de todos para o que se faz aqui em nome de mais pão e circo.

Mas Edson Pelé prefere o conforto das palavras otimistas, que não criam embaraço e o mantêm à margem, sem a necessidade de arregaçar as mangas e ir à luta por mais seriedade e respeito ao nosso povo. Parece não se incomodar com o uso do futebol por essa gente. Em eventos como a visita ao Beira-Rio, o que ele diz é tão vazio quanto as palavras do Ministro do Esporte.

Quando jogava diziam que de tão genial ele era de outro planeta. Hoje vale perguntar em que mundo vive Edson Pelé...

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