Passada a euforia pela grande noite do UFC Rio, e também pela quantidade de trabalhos que tivemos nas horas seguintes, vamos conversar um pouco mais sobre tudo que aconteceu na noite do dia 27 de agosto, na HSBC Arena.
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(Vem post longo por ai...)
O ponto alto, na opinião deste blogueiro, foi a vitória de Rodrigo Minotauro diante de Brendan Schaub. Não que o americano fosse um bicho papão, mas é fato que Minotauro vinha de três cirurgias, um ano e meio sem lutar, e quatro ou cinco meses antes do combate ainda andava de muletas. Seu adversário vinha com uma boa sequencia de vitórias, e sabia que um triunfo diante do brasileiro era o que ele precisava para subir degraus na divisão de pesados. Todos que torciam por Minota estavam apreensivos, porém torcendo por mais uma grande apresentação do lutador baiano.
Ainda longe de sua forma ideal, Minotauro “contrariou” a campanha feita pelo twitter, #finalizaMinotauro, e acabou nocauteando Schaub. O ginásio veio abaixo. Foi mais um capítulo de superação deste grande ídolo brasileiro.
A luta de Anderson Silva foi até chamada de marmelada por quem não acompanha o esporte, tamanha a superioridade do campeão dos médios. Okami pode não ter o nível de caras como Vitor Belfort e Chael Sonnen, mas mereceu a condição de desafiante ao cinturão, pois faz uma bela campanha no evento. Anderson usa táticas que somente um gênio como ele tem condições de utilizar durante uma luta: abaixa a guarda, aplica knocdown com apenas um jab, acua seu adversário, deixando-o totalmente desesperado e sem saber o que fazer. A vitória, da maneira que foi, não surpreendeu ninguém. Ele é gênio, e ponto.
O retorno de Shogun também foi um grande show. Em forma, o ex-campeão dos meio-pesados fez seu jogo de sempre, o que o torna um adversário perigoso para qualquer um. Agressivo, versátil e inteligente, Shogun não chegou ao topo por acaso, e eu acredito que ele é um dos caras para baterem Jon Jones.
A luta de Paulo Thiago foi um show a parte. Definitivamente, os brasileiros adotaram os soldados do BOPE como uma espécie de heróis. Claro que algumas condutas demonstradas nos filmes “Tropa de Elite” são reprováveis, mas a figura do Capitão Nascimento e seus comandados ganharam a simpatia de uma população que há tempos chega até a temer a polícia em algumas regiões do país. Dito isso, Paulo entrou com a trilha sonora do filme e o que aconteceu naquele ginásio foi incrível. Torcedores pulando e cantando a música na hora da entrada de um atleta nunca aconteceu antes. O ginásio tremia. Durante a luta, bordões do filme e até o refrão da música eram gritados. Paulo não fez uma apresentação de gala. Ele vinha de duas derrotas e parece ter sentido o gás, mas valeu o show.
As vitórias de Edson Jr, em excelente atuação; de Thiago Tavares, brilhante contra um atleta duríssimo; de Rousimar Toquinho, em uma luta excelente e atípica; além da estréia do promissor Erick Silva, foram combates dignos de nota.
No entanto, acho que faltou mais vontade de alguns lutadores, mais demonstrações de quererem agarrar uma chance de ficar no UFC. Isso pareceu claro para mim nas lutas de Raphael Assunção vs Johnny Eduardo e Yuri Marajó vs Felipe Sertanejo. Mas, se todos eles tiverem uma nova chance, acredito que possam render mais.
Coube a Luis Banha a única derrota brasileira na noite, mas ele é um atleta querido pelos organizadores e terá uma nova chance.
Dana White gostou do barulho da torcida, disse que foi a melhor que já viu em seus 10 anos de UFC. Disse ainda que gostou tanto que gostaria de vir aqui toda semana.
A torcida deve melhorar seu comportamento “apenas” na falta de educação, já que copos de cervejas e até revistas foram arremessadas em direção ao octagon. Não considero os gritos de “Uh, vai morrer!” como uma apologia ao crime, é apenas uma manifestação de torcedores mesmo.
A mistura de futebol com o MMA ainda deve ser amadurecida, pois chega a ser constrangedor um atleta brasileiro ser provocado por sua própria torcida, já que ela não torce pelo mesmo time de futebol. Acredito que o Brasil ainda não esteja pronto para esta mistura, será uma tarefa para os próprios atletas conscientizarem seus torcedores, como Anderson vem tentando fazer, de que o importante é a torcida pelo Brasil.
A transmissão do UFC Rio rendeu a liderança de audiência à tevê que o transmitiu em rede aberta durante a luta do Anderson, chegando a maior audiência de sua história.
Novos patrocinadores desembarcando no país e investindo no esporte mostram que o MMA é um nicho que deve ser bem explorado. E se brasileiro gosta apenas de esportes onde temos campeões, então vão torcer durante muito tempo para os nossos lutadores, já que somos uma verdadeira fábrica de talentos.
Aqueles que não gostam ou desdenham do MMA, que se sintam a vontade para continuar demonstrando isso, pois estamos em uma democracia, onde a liberdade de expressão é um de nossos direitos mais importantes. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo? Uma pena é que muitos pecam na falta de educação para criticarem. Sejam inteligentes, demonstrem sua aversão ao MMA, mas com inteligência e com argumentos. Um jornalista conhecido, que eu já admirava, ganhou ainda mais admiração de minha parte quando, há alguns meses, disse que não gostava, mas de uma forma totalmente respeitosa.
Tive a oportunidade de cobrir centenas de eventos nestes 10 anos que trabalho com o esporte, e jamais alguma cobertura mexeu tanto comigo quanto o UFC Rio. Amigos treinadores, jornalistas e lutadores disseram o mesmo. Foi uma noite especial.
Para terminar, gostaria que os fãs de esportes que estiveram na HSBC Arena comentassem o que presenciaram, contando histórias próprias, e aqueles que assistiram em casa, que continuassem suas análises, como fizeram no post anterior.
Aqui no blog e no meu twitter (http://twitter.com/gvenga)
Até a próxima!
P.S: Vale destacar a excelente cobertura feita pelo ESPN.com.br, que mandou uma equipe aqui para o RJ para cobrir o show. Ficaram a semana inteira e deram um verdadeiro show. Vale acompanhar na nossa página aqui no site, no ESPN.com.br/lutas
