sexta-feira, 29 de abril de 2011

Estilo Dilma contrasta com "boleiragem" de Lula e já vira obstáculo para cartolas

  • Dilma Rousseff não é apaixonada por futebol, e cartolas têm maior dificuldade em negociações Dilma Rousseff não é apaixonada por futebol, e cartolas têm maior dificuldade em negociações
A pose sisuda da presidente Dilma Rousseff em aparições públicas é replicada na vida profissional. Pelo menos é o que afirmam diversos cartolas brasileiros, que têm sofrido para defender seus interesses junto à petista, que imprimiu um novo ritmo de negociações nos bastidores do esporte.
Dilma não é apaixonada por futebol. Seus olhos não brilham quando ganha de presente a camisa de um time. Assim, ficou muito mais difícil para os dirigentes terem acesso à presidência. Na era Lula eles se acostumaram a ter seus pedidos atendidos usando argumentos simplistas como “o futebol é a paixão nacional”.
O projeto mais afetado é a Copa do Mundo. Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, por exemplo, se acostumou a “desatar nós” com a ajuda do ex-presidente Lula, com quem mantém uma relação de amizade e convivência. Considerado até no meio político um amigo do ex-presidente, ele tinha seus pedidos atendidos com relativa facilidade. A mais célebre ação do petista a favor de seu time de coração foi dizer aos executivos da Odebrecht que investir no estádio do clube seria um bom negócio.
Lula chegou até a assinar uma medida provisória para que o Corinthians fosse incluído na Timemania, após perder o prazo de inscrição. Ações semelhantes ainda não aconteceram no governo atual.
Os cartolas contam que já sentiram a diferença de tratamento, principalmente aqueles que estão envolvidos com a Copa do Mundo. O tom agora é mais de cobrança do que de ajuda incondicional.

SAIBA MAIS BASTIDORES DE BRASÍLIA

  • Alan Marques/Folhapress Palmeiras já recebeu R$ 150 mil por jogo em Brasília e terá de negociar com a FPF

    O Palmeiras acertou a mudança de seu jogo de estreia no Campeonato Brasileiro para Brasília sem consultar a Federação Paulista de Futebol (FPF) e ganhou um pepino para resolver. Antes de ouvir o veto da entidade ao jogo contra o Botafogo no Bezerrão, o clube já havia recebido o adiantamento de 50% da verba que seria paga pela BWA, e agora terá de convencer Marco Polo del Nero e companhia para não ter de devolver o dinheiro à empresa.
Secretários, prefeitos e membros de Comitês Organizadores das sedes em geral estão na lista de afetados. Dilma Rousseff já sinalizou que cobrará mais firmeza dos envolvidos na organização da Copa do Mundo de 2014.
Sob a influência da presidente, o Ministério do Esporte está em processo de criação de escritórios avançados em cada uma das 12 sedes, em parceria com a FGV. No início desta semana, Dilma reuniu-se com ministros ligados à organização da Copa para conversar sobre o andamento dos processos, e deixou crlaro que vai replicar a cobrança a governadores e prefeitos.
Nas próximas semanas, a presidente vai iniciar uma rodada de reuniões com membros de cada uma das 12 cidades-sede, que deverão levar a Brasília relatórios completos de suas cidades.
O cenário mostra que não são só os cartolas e pessoas do esporte que sofrem com a nova dinâmica. Um senador, que não quis se identificar, conversou com a reportagem do UOL Esporte e revelou que diversos políticos que atuam em outras áreas também notaram a dificuldade de comunicação com a presidente, cujo perfil gerencial e técnico destoaria da eloquência política de Lula.
A esperança dos cartolas antes da mudança de governo, era a de que Lula servisse como um elo entre eles e a presidente depois que deixasse o cargo. Até agora, no entanto, isso não aconteceu.