- Dilma Rousseff não é apaixonada por futebol, e cartolas têm maior dificuldade em negociações
Dilma não é apaixonada por futebol. Seus olhos não brilham quando ganha de presente a camisa de um time. Assim, ficou muito mais difícil para os dirigentes terem acesso à presidência. Na era Lula eles se acostumaram a ter seus pedidos atendidos usando argumentos simplistas como “o futebol é a paixão nacional”.
O projeto mais afetado é a Copa do Mundo. Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, por exemplo, se acostumou a “desatar nós” com a ajuda do ex-presidente Lula, com quem mantém uma relação de amizade e convivência. Considerado até no meio político um amigo do ex-presidente, ele tinha seus pedidos atendidos com relativa facilidade. A mais célebre ação do petista a favor de seu time de coração foi dizer aos executivos da Odebrecht que investir no estádio do clube seria um bom negócio.
Lula chegou até a assinar uma medida provisória para que o Corinthians fosse incluído na Timemania, após perder o prazo de inscrição. Ações semelhantes ainda não aconteceram no governo atual.
Os cartolas contam que já sentiram a diferença de tratamento, principalmente aqueles que estão envolvidos com a Copa do Mundo. O tom agora é mais de cobrança do que de ajuda incondicional.
SAIBA MAIS BASTIDORES DE BRASÍLIA
- Palmeiras já recebeu R$ 150 mil por jogo em Brasília e terá de negociar com a FPF
O Palmeiras acertou a mudança de seu jogo de estreia no Campeonato Brasileiro para Brasília sem consultar a Federação Paulista de Futebol (FPF) e ganhou um pepino para resolver. Antes de ouvir o veto da entidade ao jogo contra o Botafogo no Bezerrão, o clube já havia recebido o adiantamento de 50% da verba que seria paga pela BWA, e agora terá de convencer Marco Polo del Nero e companhia para não ter de devolver o dinheiro à empresa.
Sob a influência da presidente, o Ministério do Esporte está em processo de criação de escritórios avançados em cada uma das 12 sedes, em parceria com a FGV. No início desta semana, Dilma reuniu-se com ministros ligados à organização da Copa para conversar sobre o andamento dos processos, e deixou crlaro que vai replicar a cobrança a governadores e prefeitos.
Nas próximas semanas, a presidente vai iniciar uma rodada de reuniões com membros de cada uma das 12 cidades-sede, que deverão levar a Brasília relatórios completos de suas cidades.
O cenário mostra que não são só os cartolas e pessoas do esporte que sofrem com a nova dinâmica. Um senador, que não quis se identificar, conversou com a reportagem do UOL Esporte e revelou que diversos políticos que atuam em outras áreas também notaram a dificuldade de comunicação com a presidente, cujo perfil gerencial e técnico destoaria da eloquência política de Lula.
A esperança dos cartolas antes da mudança de governo, era a de que Lula servisse como um elo entre eles e a presidente depois que deixasse o cargo. Até agora, no entanto, isso não aconteceu.