sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Prefiro apanhar, levar um soco ou um tapa É desesperançoso ver quantas mulheres são agredidas física e moralmente todos os dias no nosso país

Seja no trabalho ou na vida, as mulheres jamais devem aceitar agressão física ou moral (Getty Images)
Prefiro um tapa, pode ser na cara ou mesmo um murro, do que o destrato e o escárnio. Contra isso já sou treinada. Ouço desde criança que homem não bate em mulher com flor ou sem e por isso, se acontecesse na minha vida, não titubearia, mandava o amor para o inferno!
Mas quando a agressão vem só (só?) com palavras e pedidos de desculpas... Não parece tão grave.
Pensei sobre isso ao ler casos de mulheres que apanham dos companheiros, sofrem estupros e começam a se impor com a ajuda da Lei Maria da Penha, de abrigos, psicólogos, assistentes sociais e da polícia.
De repente, na chamada da matéria do "O Globo" tinha um depoimento onde "B" dizia que a conta do chá foi quando o marido cortou seu cabelo.
Minha primeira reação foi pensar: "Algumas mulheres morrem pelas mãos dos maridos e essa ficou preocupada com o cabelo?" Me espantei com meu próprio espanto! Ninguém tem o direito de desrespeitar ninguém, seja homem ou mulher, seja marido ou pai, tio ou irmão. Mas, na minha cabeça, se ele não tinha batido, não era agressão.
Me surpreendi com minha primeira opinião. Quantas mulheres sofrem diariamente com xingamentos, menosprezo, perseguição e só por que a violência não é física, não percebem a gravidade e o absurdo da situação? A violência psicológica não é menor ou menos desprezível que a física. A violência diária e psicológica não deixa menos cicatrizes.
Seja no trabalho ou na escola, em casa ou na rua, saiba que desrespeito é um tapa, um soco, mas também uma palavra agressiva, e não permita que ninguém se imponha dessa forma. Emprego ou marido, ninguém é mais importante que a sua sanidade. Física e psíquica.