quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nosso 'professores' sabem pouco. Nossos cartolas, menos ainda

Dois comentários feitos por gente da casa - um em forma de pergunta e outro de constatação - me faz pensar que muito dos problemas do futebol brasleiro começam à beira do campo. Ou seja, naquela retângulo de onde os "professores" dirigem seus times. Ou mais para dentro, nos vestiários, onde eles armam ou mudam seus esquemas e passam suas conclusões aos jogadores. Ou ainda nos campos de treino, onde se formam os craques a partir do mais rudimentar fundamento, como um simples passe ao companheiro. Enfim, os técnicos, ou treinadores, ou coaches, ou que outro nome prefiram, são as causas de muito chute fora.
A pergunta foi feita por Lúcio de Castro: até onde "professors" como Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgou ou Dunga sabem o que fazer para dar ao futebol brasileiro uma cara mais moderna, mas atualizada, mais eficaz? Mais do que uma pergunta, a observação é quase a certeza de que o mau desempenho desses treinadores em suas experiências mais recentes evidencia que nenhum deles sabe o que anda fazendo. Claro, refiro-me ao Scolari dos dez a um (prefiro somar os números dos dois desastres). ao Luxemburgo do Fluminense a caminho do rabaixamento (pouco importa que este não tenha se confirmado) e ao Dunga da seleção de 2010 (mesmo que seu fracasso não tenha sido tão humilhante quando o do Mineiraço). Mas o que sabem ou podem os três à frente do Grêmio, do Flamengo e da "nova" seleção brasileira? A pergunta de Lúcio procede: pobre dos três times que dependem deles, de seus sistemas e de suas táticas.
A constatação é do Paulo Vinicius Coelho: dos 20 treinadores da série A do atual Campeonato Brasileiro, apenas um, Marcelo Oliveira, está no cargo há mais de um ano. Prova de que nossos clubes não investem em projetos a longo ou médio prazo, exigem resultados imediatos e usam a substituição de um treinador por outro como uma espécie de balde d'água para apagar incêndio. As coisas ficam pretas, o barco parece que vai afundar e eles, os clubes, ou melhor, os homens que os dirigem, usam essa solução para dar uma satisfação ao torcedor. Como se agora, com Scolari, o Grêmio vá ser campeão; com Luxemburgo, o Flamengo já não corre o risco de cair: e com Dunga, a seleção brasileira volte a praticar aquele futebol de sonhos de décadas atrás.
Marcelo Oliveira, o exemplo solitário, é o argumento que podemos e devemos usar para convencer nossos dirigentes (se for possível) de que um pouco de paciência, de confiança em projetos bem feitos, ainda que demorado, valem mais do que as soluções intempestivas como as que resultaram nas demissões de Jaime de Ameida e Enderson Moreira, assim como na volta de Dunga. Nenhuma delas leva a algum lugar. Não é por acaso que o Cruzeiro joga o melhor futebol no Brasil de hoje. Se Marcelo Oliveira tivesse sido mandado embora ao primeiro insucesso do seu time (por exemplo, aquela derrota de 1 a 0 para o Fluminense de Luxemburgo, ano passado, no Maracanã), o Cruzeiro tralvez não teria sido campeão brasileiro, nem seu time estaria caminhando firme na direção do bi.


Tudo isso é muito óbvio. A pergunta e a constatação são radiografias de um futebol brasileiro que, a partir de seus treinadores, teima em não se renovar. Não se trata de chorar a Copa do Mundo que voltamos a perder em nossas próprias barbas. Só não devemos nos surpreender se o Grêmio não se reerguer, se o Flamengo cair e se as próxima seleções brasileiras mergulharem fundo numa nova Era Dunga.