quinta-feira, 7 de agosto de 2014

É lixo, mas pode chamar de calendário

O calendário divulgado pela CBF para 2015 revela uma indestrutível paixão pelo trabalho mal feito. A goleada imposta pela Alemanha à seleção brasileira completa nesta sexta-feira um mês. É como se nada tivesse acontecido.
Os cartolas, lamentavelmente, manejam os 7 a 1 com a tranquilidade de quem massacrou os alemães e perdeu o jogo fruto de um gol irregular. Como se a tragédia de Belo Horizonte fosse apenas um acidente. O calendário anunciado é apenas uma extensão do lixo praticado até agora. Lixo porque não soube aproveitar a oportunidade para mudar.
A percepção do futebol pelo torcedor não se dá pela seleção, ela acontece pelo clube. E ele está morrendo, obra de seus irresponsáveis cartolas. E pela absoluta falta de regulação do futebol pela CBF.
A irresponsabilidade dessa turma não tem limite! A seguir, a resposta do Bom Senso F.C. ao que a CBF chamou de calendário.
Marin e Del Nero 7 x 1 Futebol BrasileiroO Calendário de 2015 também tomou de 7 a 1, e ainda tem gente comemorando o gol de honra
Aos 7:
1 - O calendário não foi reestruturado, foi apenas espremido. Com os campeonatos iniciando em 1º de fevereiro e terminando em 6 de dezembro, os clubes jogarão praticamente as mesmas datas em menos dias.

2 - Qualquer reestruturação significativa do calendário trataria de resolver a sua maior deficiência: a escassez de jogos dos clubes do interior. A maior parte dos clubes pequenos continua jogando menos de 20 partidas oficiais por ano, ao longo de pouco mais de três meses - o que significa desemprego para cerca de 12 mil jogadores de futebol.

3 - O formato de nenhuma das competições significativas foi alterado. Assim, um grande clube pode continuar fazendo inacreditáveis 84 partidas oficiais por ano, 43% a mais que qualquer clube alemão. Vale lembrar que o campeonato alemão tem média de público nos estádios três vezes maior que a nossa.

4 - Nas datas FIFA não há jogos de clubes, mas os há na véspera destas datas. Assim, a Seleção joga partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo em terças-feiras e há jogos de clubes no Campeonato Brasileiro às quartas-feiras, por exemplo. Então basta torcermos para que nossos clubes não tenham jogadores de alto nível para não serem convocados, certo? Ou, em caso de tê-los, vemos o nosso campeonato enfraquecido sem a presença dos principais atletas em datas importantes. Ainda não entendemos como os patrocinadores e os próprios clubes admitem isso.

5 - O horário dos jogos continua fora da pauta. Vemos o metrô mudar os seus horários, mas não vemos a CBF zelar pelo bem daqueles que de fato sustentam o futebol, os torcedores. Conforme a audiência diminui, em breve veremos nossos campeonatos na sessão Coruja.

6 - Estabelece-se um limite de 65 jogos anuais por atleta em competições organizadas pela CBF e Federações. Esta é a famosa medida "me engana que eu gosto". De onde veio este número 65, CBF? Quantos atletas disputaram mais que 65 jogos no ano passado? Já falamos algumas vezes: não se trata de limitar o número de jogos dos atletas; é preciso organizar o calendário em torno dos clubes. Deixar um atleta impedido de jogar não oferece tempo de treinamento para o aperfeiçoamento técnico e tático da equipe.

7 - Grande parte das rodadas do Campeonato Brasileiro continuam sendo em meios de semanas, quando seria mais interessante que todos elas, ou pelo menos a grande maioria, fossem em fins de semanas.
Ao 1:


1 - O quase mês de pré-temporada não foi inserido pensando na modernização do futebol brasileiro, qualificando-o tecnicamente, mas sim pensando no próprio umbigo, uma vez que a audiência do futebol no mês de janeiro tem caído vertiginosamente.