sábado, 19 de abril de 2014

Justiça determina, e Portuguesa abandona jogo aos 17min do primeiro tempo

  • Carlos Junior/Folhapress
    Jogadores da Portuguesa voltam ao vestiário em Joinville após saírem de campo em razão de ordem judicial
    Jogadores da Portuguesa voltam ao vestiário em Joinville após saírem de campo em razão de ordem judicial

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A Portuguesa ignorou liminar judicial e entrou em campo na primeira rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. No entanto, isso não foi suficiente para que o jogo contra o Joinville acontecesse. A decisão dos tribunais chegou às mãos do quarto árbitro, e o jogo desta sexta-feira foi interrompido aos 17min do primeiro tempo.
"Fomos ameaçados pela Justiça. Fui obrigado a retirar o time de campo, mesmo contra a minha vontade. Enquanto a liminar não cair, o time não pode entrar em campo. Acatamos o que a Justiça determinou. Temos medo de um WO, mas não temos o que fazer", disse Ilídio Lico, presidente da Portuguesa, em conversa por telefone com o UOL Esporte.
Com a situação, o árbitro Marcos André Gomes da Penha encerrou o confronto após mais de 30 minutos de paralisação. O juiz entregou a súmula em branco e afirmou que a CBF será responsável por decidir se a partida será disputada novamente ou se a Lusa perderá o jogo por WO.
A postura da Portuguesa já havia causado uma cisão interna no clube. Orlando Cordeiro de Barros, que ocupava a vice-presidência jurídica, não concordou com a decisão de entrar em campo e entregou o cargo nesta sexta-feira. Ele não estava sequer assistindo à estreia da equipe na Série B.
"Eu não estou acompanhando o que aconteceu. Estou sem televisão, mas eu sabia que seria assim. Avisei isso ontem [quinta-feira]. Eu falei que isso ia acontecer porque decisão judicial você cumpre, não desafia. O delegado que mandou a partida parar deve estar só cumprindo a ordem que passaram para ele. Isso é óbvio. Se a liminar não foi cassada, como você entra em campo", questionou Cordeiro de Barros ao UOL Esporte.
A liminar foi concedida no dia 10 de abril pela juíza Adaísa Bernardi Isaac Halpern, da 3ª Vara Cível do Foro Regional da Penha, em São Paulo. A decisão é fruto de uma ação movida pelo torcedor Renato de Britto Azevedo, que contesta punição que a Portuguesa recebeu no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
"Em face do exposto, concedo a antecipação de tutela e o faço para suspender os efeitos da decisão proferida pelo STJD em relação à Associação Portuguesa de Desportos, com o restabelecimento dos quatro pontos que lhe foram retirados", escreveu a juíza na decisão.
Blogueiros opinam sobre situação da Lusa
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) chegou a pedir reconsideração, mas a juíza negou. Por causa disso, a Portuguesa enviou à entidade nacional na quinta-feira um pedido para adiar o jogo contra o Joinville.
Até o início do duelo, a CBF não havia respondido (em parte, o silêncio deve-se ao recesso do feriado da Páscoa). Portanto, para evitar uma punição no âmbito esportivo, a Portuguesa decidiu ir a campo.
Durante o jogo contra o Joinville, a decisão judicial chegou ao delegado responsável pela partida. Por causa disso, o confronto foi interrompido aos 17min do primeiro tempo. A Portuguesa retirou o time de campo, e todos os atletas foram para o vestiário.
"Se essa liminar for cassada na terça-feira, automaticamente a Portuguesa perderá os pontos. A Portuguesa devia jogar e depois verificar a legalidade", disse Nereu Martinelli, presidente do Joinville, em entrevista ao "Sportv".
O pedido de interromper o jogo foi entregue ao delegado da partida por um oficial de Justiça. O quarto árbitro chegou a pedir que o confronto fosse retomado, mas a Portuguesa se recusou a voltar para o gramado e alegou que não podia descumprir a liminar.
"A orientação é para mantermos atletas em aquecimento. Estamos fazendo a nossa parte, que é esportiva. Existe um problema da Portuguesa no tribunal, e nós não temos nada a ver com isso", ponderou César Sampaio, superintendente de futebol do Joinville.
Procurado pelo UOL Esporte, o diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, estava em uma reunião na noite desta sexta-feira e não pôde conversar com a reportagem. O motivo do encontro, contudo, não foi esclarecido - não se sabe sequer se há ligação com o caso.
"Não faço ideia do que pode acontecer. A Portuguesa tentou ajudar, entrando em campo por decisão da diretoria, mesmo contra a orientação do departamento jurídico do clube. A CBF tem ciência da liminar desde o dia 10 de abril. Por causa disso, não creio em uma punição para a Portuguesa", relatou Daniel Neves, advogado da equipe paulista.
Às 20h22, o jogo foi oficialmente encerrado. "Eu sou funcionário do clube, sou treinador, e é uma decisão do presidente. Não fui eu que pediu para sair do campo, mas eu tenho de acatar. Sou funcionário e me resguardo de fazer qualquer outro comentário", disse Argel Fucks, técnico da Portuguesa, depois da decisão ter sido anunciada.
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