Chega esta época do ano e lá vêm eles, os matemáticos, a nos entupir a vida com números que pouco significam no surpreendente e movediço mundo do futebol. Prefiro olhar as coisas de outro ângulo, embora igualmente enganoso. Refiro-me ao ângulo que nos permite ver, entender, analisar e definir cada time a partir do que eles vêm jogando, independentemente dos resultados que obtiveram até aqui e dos dois adversários que cada um tem pela frente.
Como o meu assunto são os times cariocas, excluo aqui o Flamengo de Jayme de Almeida, livre da queda e sem chance de chegar ao G4. Merecidamente, o Flamengo só tem para pensar, neste final de ano, na Copa do Brasil. Já os outros três, há muita bola rolando para cada um deles.
O Botafogo ainda sonha com a Libertadores, mas se afastou dela rodadas atrás. Depende só de si, é verdade, mas, seguindo a regra de pensar menos nos pontos ganhos e nos próximos adversários do que no que o time vem jogando, qualquer palpite nos encaminhará para o óbvio. O Botafogo é tão irregular, oscila tanto entre boas atuações e atuações medíocres, que fica sendo um desafio para todo mundo, os matemáticos inclusive. Aonde chegará a estrela solitária?
Vasco e Fluminense são outros casos. Um e outro viajam turbulentamente com as asas do desespero. Ainda não conferi, mas acho que os matemáticos, considerando os números, vêem mais chances de o Fluminense se livrar do pior (apenas um ponto de vantagem sobre o Vasco). Ao aquilatarem a força dos respectivos adversários, é possível que eles cheguem à mesma conclusão. Aparentemente, o Vasco pega uma moleza em casa (Náutico) e uma dureza fora (Atlético Paranaense), e o Fluminense, tanto no Rio (Atlético Mineiro) como em Salvador (Bahia), não vai sofrer menos.
Já os palpiteiros de plantão, entre os quais me incluo, preferem pensar no que os dois, Vasco e Fluminense, vem jogando. Comecemos por esquecer essa leviandade que estão cometendo ao atribuir a vitória do Vasco sobre o Cruzeiro a uma possível armação. A frase de Júlio Batista me deu impressão diferente da defendida pelos que acreditam em malfeitos no futebol. Pior foi a de Cris, becanca de pouco futebol e nenhum juízo, a pedir que o adversário entregasse o jogo. Mas esse episódio não pode ir por cima de uma verdade: o Vasco vem jogando o melhor que pode e sabe, enquanto o Cruzeiro como todo campeão, acomodou-se em meio as justas comemorações do título. Enfim, tudo normal.
É nisso que vejo no Vasco uma pitada de possibilidade a mais que o Fluminense. O time ora dirigido por Adilson Batista (jogo com o Corinthians à parte) vem brigando com suas parcas forças para não cair. E o Fluminense, mesmo com sua vitória sobre o São Paulo, vai mal, obrigado. Na derrota para o Santos, um time mal escalado (como não é o do Vasco), desorganizado (como não é o do Vasco) e estranhamente apático (como também não é do Vasco) atuou como quem já começa a pensar em como se sairá em 2014... na série B.
Claro, palpiteiros são tão falíveis quanto os matemáticos. Já pensaram se, nas duas últimas rodadas, o Fluminense tem atuações como sua torcida ainda não viu este ano? E se, pelo contrário, o Vasco tiver uma recaída? Sem falar que o Coritiba (42 pontos como o Fluminense), o Criciúma (43), a Portuguesa (44) e o Bahia (45) não estão nem aí para esse imbróglio carioca. Daqui pra frente, é cada um por si.